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Estado de Minas

Caso de crian�a entregue a moradores de rua em BH revela drama da depend�ncia qu�mica

Garota de dois anos foi entregue pela m�e, que � viciada em drogas, a moradores de rua no Centro da capital mineira. Situa��o mostra calv�rio da fam�lia de jovem de 24 anos, que luta para ficar livre do v�cio em crack e outras subst�ncias


postado em 01/04/2016 06:00 / atualizado em 01/04/2016 08:07

Criança foi entregue pela Polícia Militar aos cuidados do Conselho Tutelar e depois voltou para os braços do avô, com quem vive atualmente(foto: Edésio Ferreira/EM/D.A PRESS)
Crian�a foi entregue pela Pol�cia Militar aos cuidados do Conselho Tutelar e depois voltou para os bra�os do av�, com quem vive atualmente (foto: Ed�sio Ferreira/EM/D.A PRESS)
Uma rotina de prote��o no ambiente familiar trocada pela inseguran�a escondida nas amea�as da rua. Foi o que viveu a pequena I.V.P., de apenas 2 anos, retirada da escola fora do hor�rio e deixada pela pr�pria m�e com andarilhos, com quem ficou por horas. Acostumada ao aconchego da casa dos av�s maternos, que a criam desde que nasceu, a menina perambulou de m�o em m�o at� que o av�, o funcion�rio p�blico Mauro L�cio Paix�o, fosse identificado pelo Conselho Tutelar, que devolveu a crian�a ao lar. A hist�ria de abandono � a ponta do calv�rio da fam�lia da m�e de I., Marluz de Souza Paix�o, de 24, que luta para se livrar da depend�ncia em crack e outras drogas. “A menina � muito esperta, falante. Quando me viu j� me chamou de v�. De vez em quando me chama de pai”, disse Mauro, emocionado, na tarde de ontem, horas depois de ter buscado a neta na sede do conselho, no Centro de Belo Horizonte.


Segundo a Pol�cia Militar, a menina passou a madrugada de ontem com andarilhos na esquina das ruas Carij�s e Rio Grande do Sul, no Hipercentro de Belo Horizonte. Por volta das 8h, a corpora��o recebeu, via telefone 190, a den�ncia de que a m�e largara a garotinha, ainda de madrugada, para que cerca de 10 pessoas que vivem nas ruas tomassem conta. Quando os militares chegaram, encontraram a garota suja e com fome, embora n�o aparentasse nenhum sinal de maus-tratos ou viol�ncia. A primeira provid�ncia do sargento Pablo Muniz, respons�vel pelo atendimento, foi levar a pequena para fazer um lanche. A simpatia da menina conquistou lojistas da regi�o, que ajudaram a limp�-la e lhe deram sand�lias novas.

“Ela estava em um local bastante degradado, que n�o era adequado. Em contato com os moradores de rua, um deles disse que a mulher havia deixado a crian�a por volta das 2h da madrugada de quinta-feira, dizendo que voltaria. Ele acrescentou que j� tinha visto a mulher, mas n�o sabia o nome ou quem era”, contou o sargento. A equipe do Estado de Minas foi ao local, onde encontrou algumas pessoas consumindo bebidas alco�licas. Uma mulher, que n�o quis ser identificada, disse que a crian�a n�o foi abandonada, mas deixada aos cuidados do grupo que ali estava. “A gente cuidou como se fosse nossa filha”, afirmou, sem dar detalhe sobre a m�e da menina. A poucos metros dali, ainda na Rua dos Carij�s, um lavador de carros disse que na noite de quarta-feira chegou a levar a m�e e a crian�a para um ponto de �nibus, para que elas voltassem para casa, o que n�o aconteceu.

PISTAS Depois de resgatada e alimentada, a garotinha foi levada por policiais at� a sede da 6ª Companhia da PM, a dois quarteir�es, onde recebeu mais cuidados e o carinho de jornalistas que acompanhavam o desdobramento da ocorr�ncia. Sem saber o que estava acontecendo, a menina se distra�a com l�pis de cor. Dizia que a m�e tinha ido comprar cigarro.

Alegre e brincalhona, deu pistas � pol�cia ao falar de familiares. Informou o nome da m�e e do av�. A idade, apontou com os dedos. Nesse meio tempo, o av� entrou em contato com o Conselho Tutelar da Regional Centro-Sul. Mauro conta que recebeu o telefonema da pr�pria filha, informando que a pol�cia havia recolhido a menina. “Na quarta-feira, minha neta estava na Umei (Unidade Municipal de Educa��o Infantil), quando, por volta das 15h15, a liberaram para a m�e. N�o entendi, porque ela sai �s 17h e j� pedi v�rias vezes para que n�o a deixem ir com a m�e. Acho que eles t�m medo dela”, afirmou.

Para Mauro, a filha n�o faria mal � neta. “Quando usa droga, ela surta, mas � muito carinhosa com a menina.” O servidor p�blico conta que internou a filha 21 vezes e fez o que p�de para que ela deixasse o v�cio. “Comprei casa para ela em Sabar�. Coloquei pato, ganso, marreco. Ela cuidava das galinhas, mas conseguiu ficar s� tr�s meses e voltou a cair nas drogas. Tamb�m arrumei trabalho para o pai da menina, mas ele tamb�m � dependente”, disse.

O av� cuida da crian�a desde o nascimento e, h� um ano e seis meses, entrou com documenta��o na Justi�a para conseguir a guarda. “Ela � muito amada e bem tratada. Tenho plano de sa�de e quero inclu�-la, mas n�o consigo, porque n�o tenho a guarda.” Para ele, a filha deu uma vers�o diferente da apresentada pela pol�cia. Disse que n�o abandonou a menina, que a deixou por pouco tempo com os moradores de rua. �s 6h de ontem, viu quando a pol�cia recolheu a menina e ent�o fez contato.

Ao buscar a menina no Conselho Tutelar, o av� foi orientado a regularizar a situa��o e assinou um termo de entrega e responsabilidade, j� que � o cuidador, mas ainda n�o tem a guarda judicial. O �rg�o de prote��o � crian�a e adolescente deve encaminhar relat�rio ao Juizado da Inf�ncia e Juventude, aconselhando que a guarda fique com os av�s maternos. Na tarde de ontem, a menina voltou ao lar e n�o foi � Umei.

A ocorr�ncia de abandono de incapaz foi registrada no plant�o da Pol�cia Civil. A respons�vel pela investiga��o ser� a delegada Thais Degani, da Delegacia Especializada de Prote��o � Crian�a e ao Adolescente (Depca). “Fizemos o registro por abandono de incapaz. Como n�o encontramos a m�e, a Pol�cia Civil ficar� respons�vel por procur�-la”, acrescentou o sargento Muniz. A pena prevista para o crime � de deten��o de seis meses a tr�s anos, por�m, a puni��o pode aumentar em um ter�o caso o autor seja o pai ou a m�e da crian�a.

UMEI A Secretaria Municipal de Educa��o informou que, em 2014, os av�s da menina comunicaram a unidade que a m�e tinha problemas. Naquele ano, a dire��o ligava para os av�s todas as vezes em que a mulher parecia alterada. No entanto, em 2015, a m�e matriculou a filha e, desde ent�o, segundo a pasta, costuma lev�-la e busc�-la com regularidade. Ao pegar a menina na quinta, inclusive, teria apresentado a carteira da crian�a, exigida dos respons�veis.

Segundo caso

Em tr�s dias, foi o segundo caso de repercuss�o envolvendo crian�as na Grande BH. Na ter�a-feira, Abimael Moreira Caldeira Costa, de 24 anos, anunciou o filho rec�m-nascido em um site com os dizeres: “Vendo lindo beb� com 10 dias de vida, homem, com sa�de total e comprovada. �timo investimento. Valor a combinar”, dizia o an�ncio com fotos da crian�a, depois retirado do ar. Abimael foi preso em flagrante pela Pol�cia Civil, alegou tratar-se de “brincadeira”, mas pode pegar at� seis anos se condenado pelos crimes de prometer ou efetivar a entrega do filho mediante pagamento e submeter crian�a ou adolescente sob sua guarda a vexame ou constrangimento.


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