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Estado de Minas

Ibama contesta Samarco e alerta para diques cheios; obra de conten��o � suspensa

Ibama informa que dois dos tr�s diques feitos pela Samarco para tentar conter lama que continua vazando em Mariana n�o cumprem mais a fun��o. Sozinha, terceira represa n�o � capaz de reter todo o material e projeto para a quarta estrutura teve de ser suspenso


postado em 05/04/2016 06:00 / atualizado em 05/04/2016 07:19

Segundo órgão ambiental, o chamado dique S3 é hoje o único operante, de um total de quatro barramentos projetados para tentar reter rejeitos que continuam a descer da represa rompida em 5 de novembro(foto: Leandro Couri/EM/DA Press)
Segundo �rg�o ambiental, o chamado dique S3 � hoje o �nico operante, de um total de quatro barramentos projetados para tentar reter rejeitos que continuam a descer da represa rompida em 5 de novembro (foto: Leandro Couri/EM/DA Press)
O sistema de diques projetado pela mineradora Samarco para tentar estancar o vazamento de lama e rejeitos que s�o despejados h� cinco meses pelas barragens do Fund�o (que se rompeu) e de Santar�m (atingida pelo rompimento) opera com excesso de sedimentos e duas das tr�s estruturas j� est�o saturadas. Com isso, continua a polui��o da Bacia Hidrogr�fica do Rio Doce. A informa��o sobre a sobrecarga da �ltima conten��o ainda operante e sobre o esgotamento das duas outras � do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renov�veis (Ibama), e contrasta com afirma��es que a empresa tem feito. Segundo a Samarco, mesmo depois de os diques S1, logo abaixo do represamento de Santar�m, e S2, que vem na sequ�ncia, terem sofrido os efeitos das cheias do per�odo chuvoso, as “estruturas t�m contribu�do para a melhoria dos aspectos de cor e turbidez dos rios afetados pelo acidente com a barragem”. O dique S2, com capacidade para reter 45 mil metros c�bicos de detritos e �gua, chegou a ruir com as chuvas, foi refeito e depois acabou soterrado por lama. A mineradora afirmou, h� uma semana, que “concluiu a constru��o dos diques S1, S2 e S3 em fevereiro”, mas, em novo levantamento do Ibama, o instituto atesta que atualmente os dois primeiros se encontram totalmente inoperantes.

Em novembro, m�s do rompimento da Barragem do Fund�o, que causou a morte de 19 pessoas e o maior desastre socioambiental do Brasil, ao encher de lama os rios Gualaxo do Norte, do Carmo, Doce e parte da costa do Esp�rito Santo, a Samarco planejou construir quatro diques, denominados S1, S2, S3 e S4 , como parte do primeiro acordo com o Minist�rio P�blico estadual e �rg�os ambientais para tentar estancar a degrada��o h�drica. De acordo com o Ibama, essas s�o “estruturas filtrantes e galg�veis, isto �, v�o retendo material mais grosso e deixando passar �gua com qualidade melhor”. Ao longo da vida �til desses reservat�rios, � previsto que sejam assoreados, at� que percam sua finalidade ap�s reter lama e rejeitos, que v�o decantando e sendo acumulados no fundo das represas.

Por�m, o Ibama constatou que o volume de �gua e de rejeitos que chegou a essas estruturas foi maior do que o dimensionado pela Samarco. “Isso (o assoreamento completo dos diques) ocorreu rapidamente, no per�odo de chuvas, com os diques S1 e S2. Logo, tais diques cumpriram sua fun��o no momento e hoje est�o inoperantes”, informa o instituto. O �nico dique em funcionamento � o S3, posicionado praticamente em cima de Bento Rodrigues, o subdistrito arrasado de Mariana. Mais abaixo, o outro dique previsto era o S4, que quando pronto praticamente transformaria Bento Rodrigues e todas as estruturas existentes na sua �rea em uma nova barragem de detritos, como mostrou o Estado de Minas na �ltima semana. Mas, segundo a empresa, o S4 n�o ser� mais constru�do no local inicialmente previsto, devido � descoberta de estruturas arqueol�gicas na regi�o. Com isso, a estrutura denominada S3, que tem um reservat�rio com capacidade para 1,3 milh�o de metros c�bicos, � a �nica em funcionamento para receber toda a lama calculada inicialmente para ser distribu�da em quatro conten��es.

As barragens n�o t�m funcionado a contento, de acordo com o Minist�rio P�blico, que j� anunciou a inten��o de propor medidas judiciais na tentativa de cessar os danos ambientais cont�nuos � Bacia do Rio Doce. O l�quido que continua a escorrer do dique S3 � barrento e deposita um p� cinzento e brilhante nos leitos e margens dos cursos d’�gua em que desemboca, como constatou a reportagem do EM. O c�rrego vermelho que continua a correr � apenas uma fra��o do rio que costumava passar por Bento Rodrigues, j� que um lago enorme se formou a partir do barramento e libera pouco volume. O reservat�rio criado para melhorar a qualidade da �gua acabou por inundar pastagens e bosques que estavam cobertos pelos rejeitos.
(foto: Arte EM)
(foto: Arte EM)

MEDIDAS A Samarco informou que tem adotado a��es para impedir o assoreamento com o carreamento de lama e rejeitos depositados nas margens dos rios. “Trabalhos nas margens dos rios (afluentes tribut�rios) est�o sendo realizados, tais como o enroncamento (coloca��o de pedras), plantio de grama e implanta��o de mantas de geot�xtil, itens que s�o parte do plano de recupera��o ambiental entregue ao Ibama”, informou, em nota. O instituto afirma ter “realizado reuni�es com a Samarco, nas quais s�o explicadas as estrat�gias utilizadas; e tem vistoriado os locais em que est� sendo feita a revegeta��o emergencial”. Sobre autua��es, foram feitas cinco, com multas individuais no valor de R$ 50 milh�es, aplicadas em cada processo. O pr�prio �rg�o federal reconhece que o valor � baixo diante do tamanho do estrago. Mas � o “m�ximo previsto na Lei de Crimes Ambientais, sem reajuste h� 18 anos”.

Samarco diz que quadro � normal

A Samarco informou ontem que era esperado que “ocorresse o assoreamento dos reservat�rios ao longo do tempo”. “� medida que os sedimentos se depositam em cada um dos reservat�rios, a �gua segue mais clarificada”, sustenta, afirmando que o sistema “continua com o funcionamento conforme esperado”, apesar de o Ibama e o Minist�rio p�blico terem avaliado que os diques S1 e S2 acabaram tornando-se inoperantes antes do programado.

A pr�pria empresa informou que o dique S3 est� sendo redimensionado para comportar mais rejeitos. A mineradora informou que vem tomando outras medidas. “Com o in�cio do per�odo seco, a Samarco trabalha na constru��o de uma nova estrutura de conten��o, em aterro compactado, na sa�da da Barragem do Fund�o”, informou, acrescentando que faz bombeamento da drenagem pluvial e outras a��es para reduzir o volume de �gua que chegam �s barragens e, consequentemente, o carreamento de sedimentos para os cursos d’�gua.

Em rela��o ao dique S4, a Samarco informa que o projeto foi dimensionado para n�o haver inunda��o de todo o subdistrito de Bento Rodrigues. Ainda assim, como foi identificada estrutura arqueol�gica na �rea de inunda��o prevista inicialmente, o projeto est� suspenso. Solu��es est�o sendo discutidas com os �rg�os competentes.

A��o para manter Bento na mem�ria

O temor de que Bento Rodrigues se torne uma barragem de rejeitos, soterrando a mem�ria do acidente e das v�timas, vem mobilizando movimentos sociais. O coletivo Um Minuto de Sirene, de Mariana, iniciou um movimento em que defende o tombamento da regi�o no mesmo modelo de �reas de cat�strofes e atrocidades, como o memorial do 11 de setembro de 2001, em Nova York, o campo de concentra��o de Auschwitz, na Pol�nia, e Il Grande Cretto, na It�lia. Nas redes sociais, ativistas lembram que muitos especialistas chegaram a estimar que em cinco meses o Rio Doce estaria limpo, fato que ainda n�o ocorreu.


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