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Estado de Minas

"Nenhum pai vai mais sofrer o que estou sofrendo", diz pai de jovem morto em briga

Pai do rapaz morto durante briga em boate na Grande BH inicia peregrina��o para cobrar puni��o para assassinos do filho e diz que n�o desistir� enquanto n�o forem condenados


postado em 12/04/2016 06:00 / atualizado em 12/04/2016 07:32

"Se algu�m me perguntar, hoje, se eu perdoo os soldados, digo que n�o consigo. N�o sei se os perdoaria com o tempo. S� sei que s�o dois bandidos, que foram treinados para proteger a sociedade, n�o para matar os filhos que saem para se divertir" - �lvaro Ab�lio Nascimento Neto, de 57 anos, pai de Cristiano Guimar�es Nascimento, de 22, assassinado por espancamento (foto: Leandro Couri/EM/DA Press)
Na pasta de couro que carrega debaixo do bra�o em sua peregrina��o pela Ouvidoria Geral do Estado, Delegacia de Homic�dios e Comiss�o de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa (ALMG), o corretor de seguros �lvaro Ab�lio Nascimento Neto, de 57 anos, traz lembran�as de quem foi seu filho, que s�o combust�vel para que n�o deixe sua morte passar impune. Entre c�pias de ocorr�ncias e documentos que reuniu nesses �rg�os, leva o telefone celular, as carteiras de identidade e de trabalho e o passaporte rec�m-emitido para o ca�ula, Cristiano Guimar�es Nascimento, de 22. “� a luz dele, a sua mem�ria, que me d�o for�a para que essa morte n�o fique em branco. N�o vai ficar impune. Chega, nenhum pai vai mais sofrer o que estou sofrendo”, desabafa, enquanto atende a telefonemas de autoridades e amigos solid�rios. Cristiano foi espancado at� a morte em uma briga na madrugada de sexta-feira, em uma boate de Contagem, na Grande BH. A confus�o envolveu quatro colegas da v�tima, dois soldados do Batalh�o Rotam, da Pol�cia Militar, que est�o presos, e uma terceira pessoa, que pode ser um promoter da casa noturna, informa��o ainda n�o confirmada. Ontem, a Justi�a determinou a pris�o preventiva (sem prazo fixado para soltura) dos dois militares detidos em flagrante.

Esta n�o � a primeira luta que esse pai trava pela fam�lia. H� cinco anos, �lvaro e os parentes se uniram pela recupera��o da esposa, que batalhava contra um c�ncer, mas ela acabou morrendo e ele ficou com os dois filhos para criar. A busca agora � por justi�a e come�ou cedo, nesta segunda-feira, entre reuni�es com o ouvidor de pol�cia, Paulo Alkmin, e o delegado do caso, Alexandre Oliveira, em Contagem. O rosto abatido e a respira��o ofegante do corretor d�o a impress�o de que se trata de um homem cansado, mas sua determina��o ao atender telefonemas seguidos e se deslocar pela Grande BH para cobrar atitude das autoridades mostra sua obstina��o. O �nico momento em que o homem se permitiu emocionar foi quando entrou no quarto do filho, todo decorado com as cores azul e branca do Cruzeiro, o time do cora��o. “Ligaram para mim da boate, �s 4h45, dizendo que meu filho tinha se machucado num acidente e era para eu ir at� l�. Respondi que era melhor encaminh�-lo a um hospital, que eu o encontraria l�. Mas disseram que o Cristiano s� iria se fosse comigo”, lembra �lvaro. O corretor de seguros achou estranho. Quando chegou ao estabelecimento e viu os amigos do filho consternados ao lado da viatura do Instituto M�dico-Legal, soube que algo grav�ssimo tinha ocorrido. “Perguntei para eles se o Cristiano estava l� dentro do rabec�o e me disseram que sim”, conta.

Os dois militares presos em batalh�es da PM, Jonathas Elvis do Carmo, de 27, e Jonas Moreira Matias, de 28, foram reconhecidos por testemunhas e tamb�m pelo fato de um deles ter deixado que sua arma de fogo registrada na corpora��o ca�sse no ch�o durante a briga. Eles foram detidos na sexta-feira mesmo, enquanto faziam educa��o f�sica na sede do Batalh�o Rotam. Segundo apurou a reportagem, os dois s�o homens altos, fortes e tinham escoria��es nas m�os que podem ter sido resultado dos socos desferidos durante a briga. A reportagem apurou tamb�m que os dois grupos estavam em uma festa em que foi intenso o consumo de �lcool, e que a briga come�ou dentro do estabelecimento, com uma troca de empurr�es e tapas. Cristiano teria pedido ajuda a um seguran�a do estabelecimento, mas n�o recebeu nenhum aux�lio, segundo informa��es da pol�cia. A reportagem tentou entrar em contato com a casa noturna, mas ningu�m quis se pronunciar. O delegado que apura o caso, Alexandre Oliveira, analisa a filmagem dos circuitos interno e externo de seguran�a do estabelecimento, que teriam registrado todo o tumulto.

Álvaro Nascimento Neto (E) com o filho mais velho durante o funeral do caçula: 'Não vai ficar impune'(foto: Edésio Ferreira/EM/DA Press)
�lvaro Nascimento Neto (E) com o filho mais velho durante o funeral do ca�ula: 'N�o vai ficar impune' (foto: Ed�sio Ferreira/EM/DA Press)
JUSTI�A COMUM O pedido de pris�o preventiva dos suspeitos se estende at� que haja relaxamento da deten��o ou condena��o. � concedida quando h� ind�cios que liguem o suspeito ao delito e � pedida para proteger o inqu�rito, a ordem p�blica e a aplica��o da lei. O delegado preferiu n�o dar nenhuma declara��o sobre o curso da investiga��o, que � tamb�m acompanhada pela Corregedoria da Pol�cia Militar. A morte de Cristiano � tida como crime comum, uma vez que os militares n�o estavam em servi�o na hora da briga, e por isso ser� investigada pela Pol�cia Civil e julgada pela Justi�a comum. A reportagem apurou ainda que o soldado Jonathas responde por homic�dio ocorrido durante o cumprimento do dever.

O pai de Cristiano, �lvaro Nascimento, disse que s� vai sossegar quando os respons�veis forem julgados e condenados. “Se algu�m me perguntar, hoje, se eu perdoo os soldados, digo que n�o consigo. Somos humanos e o tempo nos afeta demais. Por isso, n�o sei se os perdoaria com o tempo. S� sei que s�o dois bandidos, que foram treinados para proteger a sociedade, n�o para matar os filhos que saem para se divertir e terminam mortos”, afirma.

A casa noturna Clube Havanna se limitou a informar que os dois soldados eram clientes e pagaram normalmente suas contas. Informou, ainda, que disponibilizou espontaneamente as imagens de seguran�a e todas as informa��es requisitadas pela pol�cia. (Com Jo�o Henrique do Vale)

 

 


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