Em audi�ncia p�blica que lotou o Centro de Conven��es de Mariana, na Regi�o Central, os ex-moradores de Bento Rodrigues e Paracatu decidiram pelo tombamento das localidades atingidas em 5 de novembro pelo rompimento da Barragem do Fund�o, da mineradora Samarco. Segundo a presidente do Conselho Municipal do Patrim�nio Cultural de Mariana (Compat), Ana Cristina de Souza Maia, a iniciativa vai garantir prote��o e impedir interven��es futuras que possam causar mais impactos. “O tombamento significa preservar os lugares onde as pessoas viveram, criaram a fam�lia e enterraram seus mortos”, afirmou a presidente do conselho. Com o tombamento municipal, a empresa estar� impedida, por exemplo, de construir uma barragem nas �reas atingidas, acrescentou.
Na semana que vem, possivelmente quinta-feira, os conselheiros participar�o de uma reuni�o extraordin�ria para dar in�cio ao processo de tombamento dos subdistritos de Bento Rodrigues e Paracatu, cujos moradores foram transferidos para moradias alugadas pela mineradora. Ana Cristina adiantou que j� est�o em andamento os tombamentos isolados da Igreja Matriz de Nossa Senhora das Merc�s, do s�culo 19, �nico monumento hist�rico que restou “no Bento”, como diz a popula��o local, e da Matriz de Santo Ant�nio, em Paracatu. “Na pr�tica, a partir do momento em que as comunidades forem tombadas, qualquer obra ou a��o vai requerer expressa anu�ncia do conselho de patrim�nio”, explicou Ana Cristina de Souza Maia.
Outra proposta discutida na audi�ncia p�blica, realizada na noite de ter�a-feira, � transformar as comunidades em Museu de Territ�rio ou na cria��o de um memorial. A preserva��o preocupa as autoridades, j� que, em 9 de abril, houve a tentativa de arrombamento da Igreja de Nossa Senhora das Merc�s, conforme foi constatado por uma equipe da Samarco. Ana Cristina destacou que mais dois pontos importantes foram discutidos, como o acesso dos moradores �s localidades hoje interditadas e a necessidade de projetos da Samarco para os dois locais passarem pelo crivo do Compat.
Durante tr�s horas, cerca de 300 pessoas, incluindo moradores das comunidades atingidas, lideran�as de movimentos sociais, o prefeito Duarte J�nior e representantes do Minist�rio P�blico de Minas Gerais (MPMG), da Samarco e outras autoridades participaram da audi�ncia. O coordenador da Promotoria de Justi�a de Defesa do Patrim�nio Hist�rico, Cultural e Tur�stico de Minas Gerais (CPPC), Marcos Paulo de Souza Miranda, gostou do resultado da reuni�o. “Ficamos satisfeitos e houve depoimentos muito emocionados dos antigos moradores. Muitas pessoas querem voltar a viver em Bento Rodrigues. Obviamente, quem tem que definir o destino a ser dado aos locais atingidos � o pr�prio cidad�o que l� residia”, ressaltou o promotor de Justi�a.
“Precisamos ter gest�o dessa �rea. Infelizmente temos 1.070 hectares degradados apenas no munic�pio de Mariana e uma verdadeira terra de ningu�m. Mais de cinco meses se passaram e isso � tempo suficiente para come�ar a colocar as coisas nos seus devidos lugares”, ressaltou Souza Miranda.
A restri��o do acesso �s localidades despertou debates acalorados. O prefeito de Mariana adiantou que vai se reunir com representantes do MPMG e a empresa Samarco, na pr�xima semana, e buscar uma solu��o. “O acesso estava sendo proibido, mas vamos tomar uma atitude em rela��o a isso”, disse Duarte J�nior.