
O aumento de 50% do m�ximo trat�vel se deu justamente num per�odo em que a ETE reduziu em 10% o volume de esgoto que foi realmente limpo, passando de 2.337 litros por segundo para 2.102. Especialistas avaliam que os n�meros indicam que os esgotos que deveriam chegar �s ETEs continuam ingressando nos rios, demonstrando um funcionamento em capacidade ociosa das instala��es e a pequena expans�o da coleta. A Copasa afirma que todos os rejeitos que chegam �s ETEs s�o tratados e que constr�i interceptores, mas que n�o pode for�ar moradores, ind�stria e com�rcio de 40 mil im�veis pass�veis de tratamento a utiliz�-los.
Polui��o Enquanto as redes de esgoto da capital mineira e de Contagem continuam subutilizadas, os cursos d’�gua que recebem a �gua tratada pelas instala��es sanit�rias da Copasa continuam polu�dos. “� at� um desperd�cio de dinheiro voc� tratar o esgoto que chega nas ETEs e que sai limpinho, para depois jogar tudo num ribeir�o extremamente polu�do como o Arrudas e o On�a”, destaca o bi�logo e doutor em saneamento Tales Heliodoro Viana. De acordo com o especialista, os rios recebem rejeitos clandestinos ao longo de seus cursos, e, por isso, o esgoto tratado que des�gua nesses mananciais n�o representa despolui��o.
Logo depois de passar pela ETE On�a, entre Belo Horizonte e Sabar�, o curso do Ribeir�o do On�a continua extremamente degradado. A �gua negra e malcheirosa pela forte concentra��o de sujeira ainda transporta vasilhames, sacolas e outros objetos de pl�stico que v�o flutuando at� que se agarram a ramos, ra�zes e pedras ao longo do leito. Depois da ponte f�rrea que fica a 2,6 quil�metros da ETE e a 250 metros da foz do On�a no Rio das Velhas, as quedas d’�gua fazem com que os detergentes dissolvidos no manancial se convertam em grandes flocos de espuma branca que v�o navegando em dire��o ao Velhas. No encontro das �guas, entre urubus e lixo dom�stico de toda esp�cie, a colora��o negra do On�a vai invadindo as �guas marrons do Velhas como se fosse uma l�ngua de polui��o que s� se dissolve muitos quil�metros adiante.
Res�duos O espet�culo degradante ocorre, na vis�o do doutor em saneamento, por falta de colabora��o da sociedade. “As ETEs trabalham com essa capacidade abaixo do que poderiam porque a popula��o acha mais interessante fazer liga��es diretas e ilegais com as drenagens de �gua das chuvas e que levam todo o esgoto para os c�rregos e rios”, destaca. “Era preciso fazer um trabalho de conscientiza��o com a popula��o ou ter algum dispositivo legal que obrigasse a disposi��o do esgoto na rede, porque a Copasa n�o tem poder de pol�cia. �s vezes sabe que tem algo errado, mas n�o pode fazer nada”, disse o especialista. De acordo com ele, n�o s�o apenas os aglomerados urbanos e habita��es em �reas informais da cidade que lan�am a polui��o nos recursos h�dricos. “H� condom�nios de edif�cios que fazem isso na Zona Sul de BH, oficinas mec�nicas que jogam lubrificantes, restos de produtos qu�micos das ind�strias. Qualquer coisa que chega � ETE e que � diferente de mat�ria org�nica causa um impacto violento no processo”, disse.
Entre 30% e 40% do esgoto produzido na Bacia do Ribeir�o Arrudas e de 50% a 40% dos res�duos da Bacia do On�a s�o lan�ados diretamente nesses mananciais sem serem captados, de acordo com levantamentos do Projeto Manuelz�o de defesa do Rio das Velhas. “O fato de ter o interceptor da Copasa para levar o esgoto at� a ETE n�o significa que as pessoas estejam fazendo as liga��es necess�rias. � um problema extremamente grave, porque tudo isso vai parar no Rio das Velhas”, destaca Marcus Vin�cius Polignano, coordenador-geral do Projeto Manuelz�o. De acordo com Polignano, a meta de despolui��o do Rio das Velhas ainda est� longe de ser atingida, pois ainda faltam dois pontos centrais: “O primeiro � justamente a capta��o e o tratamento de 100% dos esgotos que chegam ao Rio das Velhas; O segundo � a melhora do tratamento das ETEs, que n�o consegue eliminar coliformes e f�sforo, respons�veis pela prolifera��o de algas nocivas ao rio e sua ecologia”, afirma o ambientalista.
40 mil im�veis est�o fora da rede
Pelo menos 40 mil im�veis em Belo Horizonte poderiam conectar sua rede de esgoto ao saneamento da Copasa, mas n�o o fazem. “Para reduzir esse n�mero, a Copasa realiza um trabalho de mobiliza��o social junto �s comunidades, que inclui, entre outras a��es, visitas domiciliares com o intuito de sensibilizar sobre os benef�cios dos servi�os, repassar informa��o sobre tarifa social, al�m de promover cursos de capacita��o de agentes mirins e caminhada ecol�gica, j� que a empresa n�o tem instrumento legal para obrigar a interliga��o destes im�veis � rede coletora”, informou a concession�ria por meio de nota.
No texto, a Copasa afirma ainda que trata 100% do esgoto encaminhado �s Esta��es de Tratamento (ETEs) Arrudas e On�a. “O tratamento realizado pela Copasa atende plenamente aos par�metros exigidos na legisla��o vigente (Conama 357/2005 e Copam/CERH 01/2008). As duas ETE’s est�o preparadas para o crescimento populacional de Belo Horizonte e ades�o de fact�veis, tendo em vista que t�m capacidade de tratar muito mais esgoto do que s�o demandadas atualmente”.