
A �gua foi encontrada, em 12 de outubro de 2015, num lote na Regi�o Nordeste da capital. “Estava com o olho esquerdo furado e todas as costelas quebradas. Foi deixada l�, num dia de sol escaldante, para morrer mesmo. Um absurdo!”, indigna-se Silvana C�ser, vice-presidente da Bastadotar, organiza��o n�o governamental (ONG) especializada em gatos.
Apesar de cavalos n�o ser o foco da entidade, a ambientalista e outros colegas ficaram t�o comovidos com a situa��o da �gua que a retiraram de l� e deram a ela o nome de Hannah. Depois, a encaminharam � Escola de Veterin�ria da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). “Precisou de alimenta��o especial, pois estava subnutrida. Foi operada duas vezes, porque os ferimentos resultantes do ‘trabalho’ – carregamento de peso excessivo sem a m�nima prote��o – atingiram os ossos”, contou Silvana.
Hannah ficou sete meses sob os cuidados dos veterin�rios e alunos da UFMG. Recebeu alta e chegou ao seu novo lar h� duas semanas. O animal foi acolhido pelos donos do Taverninha, onde passar� o restante da vida. Para Cristiane, s�cia do local, e Silvana, a vice-presidente da ONG, “a �gua chegou ao para�so”.
A nova moradia fica depois do Bairro N�poles, numa regi�o de muito verde. H� �rvores frut�feras e p�s de cana, uma das del�cias saboreadas pela �gua. Agora, ela n�o sabe o mais o que � ferraduras, selas e carro�as. O equino tem a companhia de outros animais, como bodes e c�es.
“Ela chegou no dia 12 deste m�s. O animal n�o pode ser montado, pois h� microfraturas em todas as v�rtebras”, esclarece Cristiane, acrescentando que os machucados nos ossos s�o consequ�ncia do tempo em que Hannah puxou carro�as sem o equipamento de prote��o adequado. Desde que foi resgatada do terreno baldio em BH, ela engordou aproximadamente 40 quilos.
Hannah gosta de comer ma��, cenoura e rapadura. Capim e �gua fresca est�o sempre � disposi��o. O olho esquerdo furado, por�m, � uma marca que ela carregar� at� o fim da vida. Guilherme Santiago Sim�es, outro s�cio do hotel, tem uma tese para a perda de uma das vis�es do animal.
Tradicionalmente, explica, o ser humano monta um cavalo pelo lado esquerdo e, no caso de Hannah, provavelmente, ela tentava reagir � montaria do dono. Ele n�o descarta a possibilidade de o dono ter furado o olho da �gua propositalmente para que ela n�o percebesse o momento em que ele fosse mont�-la.
DO�URA Muitos cavalos usados em ve�culos com tra��o animal s�o v�timas dos pr�prios donos. “Segundo ativistas que lidam com equinos, cerca de 80% dos animais que puxam carro�as t�m o mesmo destino (de Hannah), ou seja, s�o usados at� o baga�o e ‘jogados fora’ para morrer em terrenos baldios, estradas...”, sustenta Silvana.
O hist�rico de trabalho for�ado do animal sensibiliza os visitantes do lugar. Desde quando a �gua chegou � nova moradia, ela demonstra carinho com quem est� por perto. “� uma li��o que ela nos ensina. Ao contr�rio de muita gente, que passa boa parte do tempo reclamando da vida, Hannah esbanja do�ura e carinho, muito embora tenha um passado de dor”, finaliza Cristiane.