"Maldade humana". � como o delegado Emerson Morais, do Departamento de Homic�dios e Prote��o � Pessoa (DHPP), define o caso da morte de uma menina de apenas 9 meses, assassinada pela pr�pria m�e, J�ssica Nunes Mateus, de 24 anos. Aos policiais, a mulher confessou ter cometido o crime brutal por n�o aguentar o barulho do choro da filha. A mulher foi apresentada pela Pol�cia Civil na manh� desta ter�a-feira.

“O corpo passou pelo IML e os m�dicos detectaram a aus�ncia de leite nas vias a�reas. Mas viram pontos hemorr�gicos disseminados no cora��o e nos pulm�es da crian�a. Isso se chama 'manchas de tardieu', � um ep�nimo usado na doutrina m�dico-legal que � t�pico das asfixias”, explica Emerson Morais. “Ent�o, a crian�a foi asfixiada n�o pelo l�quido da mamadeira, mas constri��o do aparelho respirat�rio.
“Diante do laudo de necropsia, ela foi intimada novamente para falar na Delegacia de Homic�dios, ocasi�o em que acabou confessando que asfixiou a crian�a porque estava irritada com o choro constante”, diz o delegado. Segundo ele, Jessica contou que usou o polegar e o indicador para tapar o nariz de Sofia, enquanto cobria a boca da menina com a outra m�o. Ap�s alguns minutos, ela perdeu os sentidos.
Conforme o delegado, no primeiro momento em que foi ouvida na delegacia, Jessica n�o foi presa por causa da aus�ncia de requisitos necess�rios para pris�o em flagrante, bem como um mandado de pris�o. Ela foi ouvida e liberada. Aproveitando-se disso, e sabendo que as investiga��es estavam avan�ando, a mulher se separou do marido e fugiu para Duque de Caxias, no Rio de Janeiro.
Pris�o
Nem a Pol�cia Civil, nem o marido de J�ssica, sabiam qual era seu endere�o na Baixada Fluminense. Por meio do trabalho t�cnico da 4ª Delegacia de Homic�dios Leste, foram localizados endere�os de parentes de J�ssica, que estava na casa de um deles no Rio de Janeiro. Ela foi presa na ter�a-feira passada, 24 de maio, e trazida para Belo Horizonte antes do feriado prolongado de Corpus Christi.
Segundo o delegado Morais, J�ssica foi indiciada por homic�dio qualificado por motivo f�til, asfixia e uso de recurso que tornou imposs�vel a defesa da v�tima. A pena varia entre 12 a 30 anos de pris�o. Ainda segundo Morais, apresentada diante da imprensa hoje, a mulher n�o negou o crime, disse estar arrependida e alega sofrer de problemas psicol�gicos. Esta �ltima informa��o, no entanto, n�o procede, de acordo com o policial. “Ela n�o tem nenhuma desordem mental. Foi submetida a per�cia de sanidade mental no IML de Belo Horizonte. Uma junta de psic�logos, psiquiatras e legistas mostraram que ela � inteiramente capaz de entender o car�ter de sua a��o. Ou seja, � a crueldade mesmo”, refor�a. Ela foi levada para o Complexo Penitenci�rio Estev�o Pinto.

Hist�rico de agress�es
A pequena Sophia era v�tima da viol�ncia da m�e desde os primeiros dias de vida. De acordo com o delegado Emerson Morais, testemunhas relataram diversas agress�es de J�ssica contra a crian�a. A mulher chegava a dar banho na menina em um tanque de �gua fria.
Quando Sophia tinha pouco mais de uma semana, foi v�tima de uma les�o grave, que deixou sequelas. “Quando ela tinha 10 dias de vida, a sogra de J�ssica chamou a aten��o dela, falando que menina s� tinha 10 dias, n�o tinha idade para apanhar. J�ssica, com a raiva canalizada ap�s a discuss�o com a sogra, deu um soco na face da crian�a, que causou traumatismo craniano e a deixou cega de um olho”, conta o delegado.
Naquela data, explica o delegado, Sophia foi socorrida em um hospital, onde a Pol�cia Militar foi acionada. A ocorr�ncia foi registrada na Delegacia Especializada de Prote��o � Crian�a e ao Adolescente (Depca), que instaurou um inqu�rito, levando ao indiciamento da mulher por tentativa de homic�dio. A partir da�, o Conselho Tutelar estava acompanhando a situa��o. “� maldade humana, mais uma vez estampada a� e, lamentavelmente, vitimou a crian�a”, resume Emerson Morais.