
Nesses locais, a exemplo de ruas e becos na Vila Parque S�o Jo�o, em Contagem, onde os res�duos dom�sticos s�o lan�ados diretamente no c�rrego Pica-Pau, ainda n�o h� infraestrutura para direcionar os detritos para tratamento. Finalizados os 13 quil�metros de obra, o que deve ocorrer em junho de 2017, a Copasa chegar� a 95% de capta��o do esgoto produzido na Bacia da Pampulha. Os 5% restantes continuam a ser um desafio para a despolui��o da lagoa, pois dependem de obras complexas, das duas prefeituras, que incluem urbaniza��o de vilas e favelas para que, depois, as redes coletoras possam ser constru�das.
Em janeiro, a Copasa afirmou ter alcan�ado a meta de captar 88% do esgoto que era lan�ado clandestinamente na rede pluvial e nos c�rregos que des�guam na Pampulha. Com obras em andamento previstas para ser conclu�das em dezembro de 2016, a companhia deve atingir a cota de 90% de coleta em resid�ncias de 170 bairros na chamada bacia contribuinte da Lagoa da Pampulha em Belo Horizonte e Contagem. Al�m de recolhidos, esses res�duos ser�o interceptados e tratados. Essas obras s�o realizadas na Vila Calif�rnia II, em Belo Horizonte, e na Vila Uni�o da Ressaca e Bairro Jardim Marrocos, em Contagem. Com os 13 quil�metros de redes coletoras que come�am a ser constru�das nos pr�ximos dias, a Copasa espera atingir o percentual de 95% dos esgotos interceptados.
Moradores de um dos pontos mais cr�ticos da lista de locais que v�o passar por obras aguardam ansiosos pelas interven��es, prometidas h� anos. Na Vila Parque S�o Jo�o, s�o nove os endere�os nos quais as casas n�o t�m liga��o com a rede de esgoto – os detritos s�o lan�ados diretamente no c�rrego Pica-Pau. O cen�rio no local � desolador. Al�m da �gua preta que corre em uma grande vala, h� lixo, mato e entulho de constru��o civil. Deste ponto, o curso d’�gua leva toda a sujeira para o c�rrego Sarandi, que des�gua na Lagoa da Pampulha. “Essa obra vem sendo prometida desde que eu tinha 8 anos. Muita gente das prefeituras de Contagem e Belo Horizonte e tamb�m da Copasa j� veio aqui, fez an�lises, an�ncios, mas nada saiu do papel”, reclama o desempregado Carlos Eduardo Rodrigues Santos, de 38 anos, que da janela de casa v� a �gua preta correr para uma manilha.
CHEIRO INSUPORT�VEL O pedreiro Genildo Rodrigues Dias, de 54, 30 deles vivendo na Vila Parque S�o Jo�o, tamb�m reclama de descaso. “J� teve muito an�ncio, mas nenhuma obra definitiva. Aqui, o cheiro � sempre insuport�vel, mas fica pior em dias quentes”, conta. “Quando chove forte, a enxurrada entope a manilha, a �gua fica represada e � imposs�vel passar de um lado para o outro da vila”, acrescenta. A estudante Vanessa Medina da Silva, de 15, tamb�m cobra a urbaniza��o da �rea. “O que mais incomoda � essa sujeira, esse cheiro de esgoto. A gente quer morar em um lugar limpo e arrumado. Quer ter uma rua na porta de casa.”
Outro desafio para o estado e para as prefeituras s�o os casos em que as redes de esgotos s�o implantadas, mas moradores n�o interligam seus im�veis. Segundo a Copasa, h� 10.700 resid�ncias nessa situa��o, das quais 3.266 em Belo Horizonte e 7.541 em Contagem. A Copasa afirma n�o ter instrumento legal para obrigar o cliente a interligar seu im�vel ao sistema de esgotamento sanit�rio, mas sustenta “que desenvolve a��es de educa��o ambiental junto �s comunidades locais, com o intuito de conscientizar a popular sobre os benef�cios da coleta e tratamento do esgoto.”
Uma das medidas avaliadas pela Prefeitura de Belo Horizonte para combater o problema � multar quem despeja esgoto nos c�rregos que des�guam na Bacia da Pampulha. O valor da multa pode chegar a R$ 2.718, na capital. Segundo o secret�rio da Regional Pampulha, Jos� Geraldo Prado, h� no momento um acordo entre a Copasa, o Conselho Estadual de Pol�tica Ambiental (Copam), a Secretaria de Estado de Meio Ambiente e a prefeitura para que a prioridade sejam a��es educativas. Ele, no entanto, admite adotar postura mais rigorosa. Na segunda-feira, o prefeito Marcio Lacerda anunciou disposi��o de aplicar multas. “Estamos atentos. � medida que as pessoas n�o responderem, a multa � um recurso que dever� ser aplicado”, diz. Em Contagem, onde a multa pode chegar a R$ 70 mil, a prefeitura afirma realizar um trabalho de conscientiza��o e prometeu refor�ar a fiscaliza��o.