

O baixo �ndice de elucida��o de casos como esse � alvo de cr�ticas das fam�lias que sofrem com o desaparecimento de um parente, mas tamb�m de especialistas. Para muitos, o problema � resultado da falta de tecnologia, infraestrutura e de profissionais qualificados e em quantidade suficiente para atender � demanda de todo o estado.
O especialista destaca outros agravantes e explica que crian�as e adolescente s�o fr�geis e vulner�veis diante desse tipo de crime. Ele alerta ainda para a exist�ncia de uma rede criminosa altamente organizada, motivada por interesses econ�micos no sequestro de menores. “S�o quadrilhas de tr�fico de pessoas para com�rcio de �rg�os e tecidos e tamb�m para explora��o sexual, que levam em considera��o a situa��o de fragilidade dos menores para essas duas modalidades de crime extremamente perversas”, adverte.
Apesar de j� considerar que as estat�sticas revelam um quadro cr�tico no que diz respeito � prote��o de crian�as e adolescentes, o especialista avalia que o cen�rio � ainda pior. “Para al�m dos casos notificados, existe um sub-registro expressivo, especialmente no interior e em n�cleos familiares em situa��o de vulnerabilidade social, em que as pessoas t�m pouca instru��o, o que colabora para que esses dados n�o apare�am”, diz. Robson S�vio refor�a que, enquanto n�o for criado um aparato de seguran�a p�blica que possa aumentar a elucida��o de casos – n�o s� de desaparecimento de menores, mas de pessoas de qualquer faixa et�ria –, essas redes criminosas v�o continuar tendo for�a. “Sem estrutura, a pol�cia age nos casos de maior repercuss�o e quando � motivada. Isso mostra claramente a incapacidade de elucidar os casos. Muitas vezes, � a fam�lia quem tem que ficar levando informa��es � pol�cia e n�o o contr�rio, como deveria ser”, afirma.
"NAS M�OS DA POL�CIA" Essa � a maior queixa da dom�stica Luciene Dias de Carvalho Lopes e do marido dela, Paulo Carlos Lopes, pais da adolescente Ana Paula, desaparecida em Nova Lima em 25 de junho. De acordo com a m�e, falta empenho da Pol�cia Civil para investigar o caso. “J� s�o 40 dias e ainda n�o h� nenhuma pista que possa levar � minha filha. At� mesmo um v�deo que mostra um carro parado no ponto de �nibus, no momento em que ela estava no local, foi meu marido que teve iniciativa de buscar na empresa que faz a linha”, reclama. O carro em quest�o foi flagrado por c�meras de seguran�a de um coletivo que passou pela marginal da BR-040, parado ao lado do ponto de �nibus onde Ana Paula foi vista pela �ltima vez.
Por�m, como as imagens n�o s�o de boa qualidade, n�o foi poss�vel descobrir a placa ou o modelo, mantendo o mist�rio sobre o caso que, segundo a Pol�cia Civil, envolve investigadores e delegados de tr�s delegacias da regi�o metropolitana: o Departamento Estadual de Opera��es Especiais (Deoesp), a Delegacia Regional de Nova Lima, al�m da Divis�o de Desaparecidos, na capital.
A m�e da adolescente diz ainda que “se tivesse como pagar, contrataria um investigador particular” e que, como n�o tem, “acaba ficando na m�o da pol�cia”. Apesar da ang�stia alimentada a cada dia diante da falta de informa��es, Luciene acredita no retorno da filha. “Meu cora��o diz que ela est� viva e est� bem. E cora��o de m�e n�o se enganha”, desabafa.
Para delegada, falta retorno de parentes
� frente da Divis�o de Refer�ncia da Pessoa Desaparecida, a delegada Elizabeth de Freitas Assis Rocha confirma que o desaparecimento de crian�as e adolescentes � desafiador para a pol�cia, mas diz que a estat�stica pode ser comprometida por epis�dios em que a fam�lia n�o informa � pol�cia quando o menor retorna para casa. “Muitas vezes, o jovem sai de casa voluntariamente e a fam�lia faz o registro de desaparecimento. Mas, quando ele volta ao conv�vio familiar, os pais n�o comunicam a localiza��o”, afirma a delegada.
Questionada se n�o deveria ser responsabilidade da pol�cia ter acesso a esse tipo de informa��o, j� que a corpora��o, em tese, est� investigando o desaparecimento, a delegada limitou-se a dizer que “os casos s�o muitos e muitas vezes a pol�cia trabalha com v�rios ao mesmo tempo”. “Evidentemente, existem as investiga��es, mas assim que o adolescente retorna, cabe � fam�lia fazer o comunicado para que a investiga��o seja encerrada”, disse.

Por meio de sua assessoria de imprensa, a Pol�cia Civil informou ainda que todas as delegacias de Minas est�o aptas a investigar ocorr�ncias de pessoas desaparecidas, que t�m apoio tamb�m da Divis�o de Refer�ncia da Pessoa Desaparecida de BH. De acordo com o �ltimo levantamento da institui��o, o estado conta com cerca de 12 mil policiais civis efetivos, mas o n�mero oscila em raz�o de afastamentos e aposentadorias. Segundo a corpora��o, a partir do pr�ximo m�s haver� refor�o de mil investigadores que est�o em fase final de forma��o. Esses agentes ser�o designados para delegacias, de acordo com a necessidade de cada uma.
Sobre suposta exist�ncia de uma rede de tr�fico de �rg�os, considerando os dados existentes desde a funda��o da Divis�o Especializada, a Pol�cia Civil sustenta que n�o h� registros capazes de sustentar essa afirma��o. Por�m, ocorr�ncias de explora��o sexual de crian�as e adolescentes ainda se manifestam como crime continuado em todo o pa�s, sendo combatidas pela Delegacia Especializada na Localiza��o de Crian�as e Adolescentes e pelas for�as de seguran�a p�blica como um todo.
Ainda segundo a nota, Minas Gerais conta com a Delegacia Virtual, que recebe registros de desaparecimento e de localiza��o via internet, al�m de sistema informatizado capaz de cruzar dados de registros de desaparecimentos com o banco de dados do Instituto M�dico-Legal (IML). O sistema armazena e compara caracter�sticas como idade, data do desaparecimento, cor dos olhos, da pele e tatuagens, entre outros.
