
Buzzi, que j� havia cumprido por duas penas pelo mesmo crime, em pris�o domiciliar e em um manic�mio judici�rio, foi citado em lista no fim do filme norte-americano Spotlight – segredos revelados, vencedor do Oscar de Melhor Filme de 2016. A obra � um drama biogr�fico que revela como a Igreja Cat�lica acobertou abusos sexuais de crian�as e adolescentes praticados por seus sacerdotes.
A Secretaria de Estado de Defesa Social (Seds) confirmou o suic�dio. De acordo com o �rg�o, ele se enforcou na madrugada deste domingo, com uma corda artesanal feita de len��is, conhecida como “teresa” no meio carcer�rio. O corpo foi descoberto por volta das 7h, quando os agentes faziam a vistoria para dar in�cio �s visitas do domingo na unidade prisional. Ele foi encaminhado ao Instituto M�dico Legal para exames que v�o ajudar na apura��o das causas da morte.
Segundo a Seds, Buzzi estava sozinho na cela, resguardado no espa�o chamado de “seguro”, devido ao tipo de delito cometido, que costuma ser punido pelos pr�prios presos. Ele aguardava por uma triagem no sistema prisional e seria redirecionado a outra penitenci�ria. A secretaria acrescentou que ele n�o era vigiado durante a madrugada, pois n�o recebia tratamento especial em fun��o da repercuss�o de seus crimes.
O padre Bonif�cio Buzzi voltou a ser preso no fim da tarde da sexta-feira, em Barra Velha, em Santa Catarina, h� 35 quil�metros de Joinville. O delegado regional de Tr�s Cora��es, Pedro Paulo Marques, foi que comandou a opera��o e cumpriu o mandado de pris�o preventiva contra o acusado.
O delegado contou que, desde maio, Buzzi vinha sendo investigado pelas den�ncias de abusos sexuais de duas crian�as na cidade do sul mineiro. Junto com policiais catarinenses, o delegado Pedro Marques seguiu para a casa de praia de uma irm� do padre e se passou por comprador do im�vel. Quando Bonif�cio Buzzi chegou ao local para negociar, em uma bicicleta, recebeu ordem de pris�o.
Marques disse que o padre n�o tentou se esquivar ao ser informado de que seria preso, por ordem judicial, no fim da manh� da sexta-feira. “O tempo todo ele se manteve frio, tranquilo. Afirmou que n�o cometeu os crimes em Tr�s Cora��es. E justificou que sofre surto psic�tico e �s vezes n�o se lembra do que acontece”, relatou Pedro Marques, hora depois da pris�o de Buzzi.
A delegada Ana Paula Gontijo, de Tr�s Cora��es, � a respons�vel pelo inqu�rito que apura os dois casos de abuso na zona rural da cidade. De acordo com as investiga��es, o padre, depois de ser colocado em liberdade do Manic�mio Judici�rio Jorge Vaz, em Barbacena, na Regi�o Central, seguiu para o Sul do estado, com carta de recomenda��o, onde reiniciou o sacerd�cio na Comunidade Evangelizadora Magnificat (CEM), que fica no km 88 da MG-167, entre Tr�s Cora��es e Cambuquira.
Depois de conquistar a simpatia dos fi�is, maioria de pessoas humildes, sem informa��es sobre seu passado, Bonif�cio Buzzi teria recome�ado sua pr�tica de abusos sexuais. Dois meninos com idades de 9 e 13 anos, da comunidade, teriam sido os novos alvos dele, que em dias diferentes foram atra�dos pelo religioso, sob o pretexto de fazer uma pescaria.
No local, Buzzi teria usado o argumento de que havia carrapatos para que as crian�as tirassem suas roupas, e ent�o praticar os abusos. O delegado Pedro Marques garante que h� elementos concretos da pr�tica criminal, de tal forma que levou o juiz Tarc�sio Moreira de Souza, da comarca de Tr�s Cora��es, a expedir mandado de pris�o preventiva.
Bonif�cio Buzzi j� teve duas condena��es pelo mesmo crime: em 1995, ao ser flagrado abusando de dois meninos com 10 e 15 anos, em Santa B�rbara, Regi�o Central, ficou quatro anos em pris�o domiciliar; em 2001, manteve rela��o sexual com um menino de 9 anos, depois de celebrar missa em uma igreja do Distrito de Mainart, em Mariana, na mesma regi�o. Pelo crime, foi condenado a 20 anos, mas foi colocado em liberdade depois de cumprir parte da pena.
Quatro cidades brasileiras na lista do Spotlight
Em 2015, o nome de Bonif�cio Buzzi apareceu na lista internacional de sacerdotes da Igreja Cat�lica que abusaram sexualmente de crian�as e adolescentes exibida no fim do filme norte-americano Spotlight – segredos revelados, ganhador do Oscar de 2016, como “Melhor Filme”.
Spotlight, dirigido por Tom McCarthy e estrelado por Michael Keaton, Mark Ruffalo e Rachel McAdams, tamb�m eleito o melhor de 2015 pela National Society of Film Critics (Associa��o Nacional de Cr�ticos de Filme dos Estados Unidos), narra a hist�ria de como a Spotlight, a editoria de rep�rteres especiais do americano The Boston Globe, desvendou como a Igreja Cat�lica acobertou crimes de pedofilia cometidos por quase uma centena de padres em Boston.
A reportagem rendeu ao peri�dico o Pulitzer, o mais importante pr�mio de jornalismo do mundo. Ao fim do filme, enquanto o p�blico se prepara para ir embora, surge a lista da vergonha. Quatro cidades brasileiras figuram nela: Rio de Janeiro, Franca (SP), Arapiraca (AL) e Mariana.