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Estado de Minas

Cem casas desabitadas e capela na Serra do Carola testemunham a devo��o de fi�is

Uma vez por ano, 'vila fantasma' recebe peregrinos, no jubileu a Nossa Senhora das Dores


15/08/2016 06:00 - atualizado 15/08/2016 09:14
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Serro – Esta � uma hist�ria de devo��o a Nossa Senhora das Dores. De certa forma, � tamb�m a hist�ria de uma vila fantasma. A f� cat�lica deu origem a uma capela e a cerca de 100 casinhas desabitadas no topo de um pico a 18 quil�metros do Serro, cidade colonial fundada por bandeirantes em 1714. Por aquelas bandas, n�o h� quem desconhe�a gra�as alcan�adas na Serra do Carola, a montanha dos bem-aventurados.

Corria o in�cio do s�culo passado quando cat�licos come�aram a enfrentar uma �ngreme subida de tr�s quil�metros para suplicar prote��o e milagres a Nossa Senhora. � medida que as gra�as eram alcan�adas, crescia o universo de peregrinos. A not�cia se espalhou e atraiu forasteiros de longe. Foi ent�o que um dos devotos, Jos� Osvaldo de Gulim, ergueu um cruzeiro de madeira acima do plat� mais alto.

Pouco depois, ele e mais tr�s homens – Expedito, Jos� e Nicodemos – constru�ram uma capela numa �rea doada por Rom�o Eduardo dos Santos. Foi assim que surgiu o santu�rio de Nossa Senhora das Dores. H� 69 anos, a f� resultou no jubileu anual em sua homenagem.

O evento dura uma semana, sempre em julho. No in�cio, os fi�is subiam e desciam a serra todos os sete dias, numa caminhada danada de cansativa pela estrada empoeirada e com rochas. Para evitar os prolongados deslocamentos durante a festividade, devotos tiveram a ideia de erguer casinhas no entorno da capela. Dezenas surgiram em pouco tempo.

TEMPORADA

Fachada da capela dedicada a Nossa Senhora das Dores: desde o século passado, católicos peregrinam ao pico para suplicar por graças
Fachada da capela dedicada a Nossa Senhora das Dores: desde o s�culo passado, cat�licos peregrinam ao pico para suplicar por gra�as (foto: Beto Novaes EM DA Press)

As chamadas ed�culas ou casinholas s�o constru��es simples. A maioria com um c�modo. Afinal, servem de moradia apenas na semana do jubileu. Na regi�o, as casinhas tempor�rias foram apelidadas de barraquinhas. As primeiras eram de madeira, lona e sap�. Desprovidas de qualquer conforto. Num segundo momento, surgiram as edifica��es mais s�lidas, de adobe ou tijolo. Algumas constru��es de pau-a-pique resistem ao tempo.

Embora erguidas por fi�is, as ed�culas, oficialmente, pertencem � par�quia. “S�o habitadas somente durante o jubileu”, conta Pedro Farnesi, secret�rio de Turismo, Cultura e Patrim�nio do Munic�pio do Serro. Apenas uma moradia, erguida em frente � igreja e ao lado de uma �rvore cuja copa garante sombra necess�ria em dias calorentos, � resid�ncia fixa.

�NICA MORADORA

� nela que moram dona Maria do Amparo Silva Santos, de 63 anos, o marido, seu Dami�o e um dos oito filhos do casal, Iago, de 20. “Quem doou a terra para a constru��o da igreja foi meu sogro. Morar no alto da serra � uma beleza. Veja a vista. Os olhos enxergam ao longe. Tudo isso nos oferece uma sensa��o de paz”, ressalta a mulher, que planta feij�o e milho. Ela tamb�m cuida de poucas cabe�as de gado.

Para dona Maria e muitos fi�is, a Serra do Carola � um lugar sagrado. Por isso, os devotos dizem que o lugarejo “descombina” com o termo vila fantasma. Por outro lado, eles admitem que o apelido se espalhou al�m das fronteiras do Serro. A fama da vila, assim como a da santa, atrai gente de todo canto do Brasil. De olho nesse fil�o, empresas do setor de turismo da regi�o oferecem passeios � “vila fantasma”.

Quem chega ao lugarejo fora do jubileu encontra as casinholas, com exce��o da moradia de dona Maria, com portas e janelas trancadas. H� paredes de diversas cores e sem reboco. H� telhas de barro e coberturas de amianto. Em muitas, destacam-se enfeites em homenagem � santa. Na �rea externa, fog�es a lenha. Entre as ed�culas, becos de ch�o batido ou cobertos por gram�neas.

Bancos de madeira foram colocados em frente a algumas moradias. Neles, os fi�is contemplam a vista oferecida pelo pico. Chama aten��o uma passagem com degraus em ch�o batido. Para garantir a seguran�a de quem a sobe ou desce, corrim�os de bambus foram improvisados nos dois lados da escadaria. O visitante ainda se depara com �rvores frut�feras.

Toda a m�stica e a beleza do santu�rio atrai n�o somente cat�licos. H� duas semanas, no ch�o de um dos becos, havia uma medalhinha com a imagem de uma entidade chamada Preto Velho. Nela, a frase: “Adorei as almas!”.

Templo passa por restauro

A capela em homenagem a Nossa Senhora das Dores foi restaurada h� poucos meses, oferecendo aos devotos, no jubileu que ocorreu na segunda semana de julho, um templo com pintura, equipamentos e fia��o el�trica novos.

O recurso foi bancado pela prefeitura. “Estamos investindo, somente neste ano, quase R$ 500 mil no patrim�nio hist�rico do Serro”, garantiu o secret�rio de Turismo.

O santu�rio, que � tombado em n�vel municipal, dever� atrair, no pr�ximo jubileu, em julho de 2017, uma multid�o maior do que a registrada nos �ltimos anos. Afinal, a festa religiosa completar� 70 anos.

COMO CHEGAR

Quem deseja conhecer o santu�rio de Nossa Senhora das Dores na Serra do Carola dever� chegar ao trevo do Serro e pegar a MG-010 no sentido � cidade de Concei��o do Mato Dentro. O caminho � asfaltado, mas h� muitas curvas e a estrada n�o � duplicada.

A 15 quil�metros do trevo, no lado direito de quem segue para Concei��o do Mato Dentro, h� uma placa indicando a entrada para o distrito Deputado Augusto Clementino. O visitante deve entrar no distrito, passar em frente � capela do local e seguir por uma estrada de terra de tr�s quil�metros. O caminho oferece uma bela vista.


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