“Ainda estamos na primeira semana de espera, agora que o nome de Matheus est� na lista oficial”, calcula Gecilene, avisada pelos m�dicos de que deve deixar perto o telefone, que poder� tocar a qualquer momento, comunicando a chegada do �rg�o. “Toda vez que o m�dico liga, acho que � o transplante. Pode ser hoje, amanh� ou qualquer dia, que estou preparado, papai do c�u”, reza Matheus, sonhando com esse momento. Outro dia, acordou de madrugada pedindo � m�e para tirar o celular de debaixo do travesseiro: “Voc� est� muito cansada e � capaz de n�o ouvir tocar. P�e em cima da mesinha para a gente vigiar”.
Mais seguros do procedimento, agora que m�e e filho convivem com outras crian�as transplantadas no Jackson Memorial Medical, que seguem bem de sa�de, Gecilene conversou com a reportagem do Estado de Minas, contando detalhes sobre a nova rotina dos dois.“Sosseguei meu cora��o. Penso que, do mesmo jeito que estou feliz, esperando a melhor hora para Matheus, do outro lado tem uma m�e tentando aproveitar ao m�ximo a companhia do filho, prestes a partir para o c�u. Entrego essa decis�o nas m�os de Deus”, afirma, emocionada, por telefone.
Passada a fase de exames e de substitui��o de medicamentos na unidade hospitalar, pagando di�ria m�dia de US$ 1,5 mil, coberta pela Uni�o, Gecilene decidiu mudar com o filho para uma casa pr�xima ao Jackson Memorial, em sistema de homecare, apesar de estar sozinha, sem a ajuda de enfermeiras para cuidar da alimenta��o parenteral, sonda e hor�rios dos rem�dios. “O Matheus fica muito mais tranquilo fora do hospital. N�o tem compara��o”, afirma a m�e, que contou com a ajuda dos brasileiros de Miami, que fizeram uma surpresa e montaram todo o apartamento, inclusive com comida na geladeira. “Eu me senti abra�ada”, agradece Gecilene, instalada na resid�ncia desde 29 de julho.
“Acredita que o Matheus est� at� comendo? J� engordou 1,7 quilo com macarr�o, biscoitos de arroz. Aqui, eles trocaram os medicamentos para fazer o intestino funcionar melhor e separam a concentra��o de a��car da gordura que vai para o sangue. No Brasil, n�o existe essa tecnologia e qualquer coisa que Matheus ingeria fazia mal”, compara a m�e, que se esfor�a para repassar as dicas �s outras brasileiras, que padecem do mesmo problema com os filhos, � espera de um transplante pedi�trico de intestino, que ainda n�o � feito no pa�s. “Ficamos conhecendo um dos garotos transplantados, que j� est� de alta h� um ano, feliz da vida, mas n�o consegue voltar ao Brasil porque os m�dicos da� dizem que n�o t�m como dar continuidade ao caso dele”, completa.

Cruzeirense, Matheus ganhou notoriedade nacional em outubro de 2015, quando entrou em campo com os jogadores do clube na partida contra o Fluminense, pelo Campeonato Brasileiro. Com o Mineir�o lotado, ele teve o nome cantado pelos torcedores celestes. Desde ent�o, a causa do garoto foi abra�ada por jogadores, dirigentes, personalidades de diversas �reas e pessoas comuns, que fizeram doa��es para a campanha. Os recursos arrecadados, s�o utilizados exclusivamente para a melhoria da qualidade de vida do menino. A fam�lia precisa prestar contas de todos os saques � Justi�a.
Mem�ria
Processo tortuoso
O processo que garantiu os recursos para que o Matheus Teodoro de Oliveira seja operado nos Estados Unidos foi tortuoso. A a��o foi aberta pela m�e da crian�a, Gecilene Oliveira, em 16 de dezembro e, dois dias depois, saiu uma decis�o favor�vel � fam�lia. O governo federal, no entanto, recorreu, alegando que o transplante multivisceral poderia ser feito no Brasil, o que foi contestado por parecer do m�dico S�rgio Paiva Meira Filho, do Hospital Albert Einstein, de S�o Paulo, que afirmava n�o haver “equipe competente para a realiza��o desse procedimento na popula��o pedi�trica do Brasil”. Em 29 de abril, a Uni�o chegou a acatar a decis�o do juiz federal Daniel Carneiro Machado e se comprometeu a pagar o transplante, mas n�o fez o dep�sito, o que s� ocorreu em junho.
Processo tortuoso
O processo que garantiu os recursos para que o Matheus Teodoro de Oliveira seja operado nos Estados Unidos foi tortuoso. A a��o foi aberta pela m�e da crian�a, Gecilene Oliveira, em 16 de dezembro e, dois dias depois, saiu uma decis�o favor�vel � fam�lia. O governo federal, no entanto, recorreu, alegando que o transplante multivisceral poderia ser feito no Brasil, o que foi contestado por parecer do m�dico S�rgio Paiva Meira Filho, do Hospital Albert Einstein, de S�o Paulo, que afirmava n�o haver “equipe competente para a realiza��o desse procedimento na popula��o pedi�trica do Brasil”. Em 29 de abril, a Uni�o chegou a acatar a decis�o do juiz federal Daniel Carneiro Machado e se comprometeu a pagar o transplante, mas n�o fez o dep�sito, o que s� ocorreu em junho.