
A pr�pria engenharia entre a cobertura do t�nel dos �nibus e o piso da parte superior, dos carros, criou os espa�os onde os moradores de rua costumam se abrigar, uma esp�cie de caixote de concreto. Eles usam t�buas de madeira para acessar os lugares. Todos eles ser�o fechados nessa interven��o.
Em dezembro de 2015, t�cnicos da prefeitura e outros �rg�os estiveram no t�nel realizando um mapeamento e a medi��o dos locais para a instala��o das barreiras nos v�os. “Em mar�o, foram instaladas algumas grades, mas o pessoal furtou. Tivemos que refazer o planejamento e mudar o estilo das grades para que n�o haja furto ou acesso a elas. Foi s� uma reengenharia, no tamanho, a forma de chumbar a estrutura no viaduto”, explica o coronel Alexandre Lucas Alves, coordenador da Defesa Civil de BH.
Os trabalhos, que come�aram ontem, devem durar cerca de 10 dias e ser�o realizados das 10h �s 16h (per�odo considerado de menor movimento), com o apoio da BHTrans. Segundo o coronel, as obras seriam perigosas � noite ou durante a madrugada.
O coordenador da Defesa Civil explica que a medida adotada pela prefeitura segue recomenda��es da Organiza��o das Na��es Unidas (ONU) para preven��o de riscos. “A a��o � de mitiga��o de risco, preven��o de desastre. Al�m da morte de um morador de rua, que j� seria lament�vel, imagine ele cair na frente de um �nibus, que bate em outro, com v�rios passageiros?”, diz.
Al�m da Defesa Civil, participam da a��o equipes da Superintend�ncia de Desenvolvimento da Capital (Sudecap), Regionais Leste e Nordeste, BHTrans, Guarda Municipal, Secretaria de Pol�ticas Sociais, Superintend�ncia de Limpeza Urbana (SLU) e Corpo de Bombeiros. Antes do in�cio da instala��o, a SLU realizou uma limpeza no local. Enquanto isso, a equipe de Pol�ticas Sociais conversava com as pessoas encontradas no t�nel. “Est� sendo oferecida a eles toda a pol�tica de acolhimento para moradores de rua, em aten��o e abordagem, inclusive de abrigamento”, disse o coronel Alexandre Lucas. No entanto, segundo ele, a maioria recolheu seus pertences e seguiu para outros locais.
V�deo gravado em dezembro mostra a situa��o no local. Assista:
“� importante ressaltar que � uma medida voltada para a prote��o dessas pessoas. N�o � higieniza��o social, � que elas est�o expostas a risco de vida e devemos proteg�-las”, diz Soraya Romina, coordenadora do Comit� de Pol�ticas pra a Popula��o de Rua de Belo Horizonte. Ela conta que o mapeamento feito pelo grupo identificou que as duas partes do viaduto abrigam entre 14 e 16 pessoas, sendo que h� quem v� ao local somente para dormir, ou permanecer durante o dia. “J� tem cerca de seis meses que estamos l� com a nossa equipe de abordagem social, com psic�logos e assistentes sociais, conversando com as pessoas, tentando sensibiliz�-las sobre o risco, oferecendo vagas no albergue, orientando que a situa��o ali � de alto risco de vida e fazendo os encaminhamentos poss�veis”, detalha. “Mas agora chegamos � necessidade de construir uma barreira de conten��o. Se acontecer um acidente, a prefeitura � respons�vel por isso. � a mesma coisa de uma �rea de risco de chuva: a prefeitura precisa intervir, sen�o a pessoa vai morrer e a responsabilidade � da prefeitura”, enfatiza.
Sobre a resist�ncia dos moradores em ir para abrigos, Soraya afirma que o trabalho e acolhimento � constante, mas a condi��o social delas � complexa. “� dif�cil, porque eles romperam com v�nculos familiares, sociais e na rua t�m uma falsa sensa��o de liberdade, bebem, comem quando � poss�vel, organizam regras pr�prias deles. Ir para o abrigo � fazer o caminho de volta a uma sociedade de regras, porque eles romperam com a l�gica de sociedade em que n�s vivemos”, comenta.
Procurada, a Defensoria P�blica de Minas Gerais informou que vai se pronunciar sobre o assunto apenas depois de conversar com os moradores de rua.