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Estado de Minas

Mapa da viol�ncia coloca Betim e S�o Joaquim de Bicas em destaque no Brasil

Cidades da Grande BH aparecem com maiores taxas de homic�dios por arma de fogo do pa�s. Crime cresce em Minas, mas diminui em Belo Horizonte


postado em 26/08/2016 06:00 / atualizado em 26/08/2016 08:37

Dílson e Águida, moradores de São Joaquim de Bicas, perderam três filhos para o crime (foto: Juarez Rodrigues/EM/D.A PRESS)
D�lson e �guida, moradores de S�o Joaquim de Bicas, perderam tr�s filhos para o crime (foto: Juarez Rodrigues/EM/D.A PRESS)
Foram tr�s filhos assassinados. Dois deles perderam a vida h� dois anos, completados ontem, numa emboscada a poucos metros de onde moram, em S�o Joaquim de Bicas, na Regi�o Metropolitana de Belo Horizonte. O terceiro foi morto h� um ano, completado no in�cio do m�s, na porta de casa, aos p�s de sua m�e.

Para o pedreiro D�lson Nunes da Silva, de 44, e a dona de casa �guida Aparecida Borges, de 43, a dor nunca ter� fim. No m�s de anivers�rio dos acontecimentos que marcaram para sempre a vida da fam�lia, eles clamam por justi�a. E engrossam os dados do Mapa da Viol�ncia 2016 – Homic�dios por armas de fogo no Brasil, segundo os quais a cidade tem a maior taxa de Minas Gerais e uma das mais altas do pa�s.

De acordo com o levantamento, dois ter�os das cidades mais violentas do pa�s est�o no Nordeste. Dos 150 munic�pios com as maiores taxas de homic�dios por arma de fogo, 107 ficam na regi�o. Os dados se referem ao per�odo entre 2012 e 2014. Apenas duas cidades mineiras est�o na lista – ambas na Grande BH. S�o Joaquim de Bicas teve taxa m�dia de 70,8 mortes a cada 100 mil habitantes e aparece na 27ª posi��o no ranking nacional.

A outra � Betim, com 50 mortes por 100 mil habitantes, na 100ª coloca��o na lista geral. J� Belo Horizonte, em 10 anos, teve queda de quase 46% nos assassinatos por arma de fogo, enquanto Minas Gerais teve aumento de 2,5%. Publicado pela primeira vez em 2005, o estudo foi coordenado pelo soci�logo Julio Jacobo Waiselfisz, diretor de pesquisa da Faculdade Latino-Americana de Ci�ncias Sociais (Flacso).

De acordo com o coordenador do N�cleo de Estudos Sociopol�tico da PUC-Minas e integrante do F�rum Brasileiro de Seguran�a P�blica, Robson S�vio Reis, o aumento da criminalidade em S�o Joaquim de Bicas est� relacionado � cria��o do complexo prisional no munic�pio.

“No per�odo em que Minas Gerais teve o maior acr�scimo populacional do Brasil em 10 anos, o sistema prisional de Minas aumentou 500%, e agora est� superlotado de novo. Uma grande parte desses presos da regi�o metropolitana foi para S�o Joaquim de Bicas, onde foi criado um grande complexo prisional”, disse o especialista.

Segundo ele, v�rios estudos mostram que complexos prisionais causam repercuss�es muito negativas em cidades. “H� muita migra��o de pessoas, problemas relacionados ao controle da criminalidade e aumento do tr�fico de drogas. Bicas � um caso espec�fico, como aconteceu em Nova Contagem, quando aquela pris�o foi para l�, e depois foi controlado aos poucos”, disse.

� o que pensa o comerciante Paulo Ant�nio Rodrigues, de 40, morador da cidade, que afirma ainda que a seguran�a melhorou em alguns aspectos e piorou em outros. “Viaturas novas temos, mas n�o d� para contar com a pol�cia na hora do fato, demoram para aparecer. E muitas ocorr�ncias s�o por causa de tr�fico de drogas”, diz.

Em rela��o a Betim, o aumento da criminalidade, segundo Robson S�vio Reis, est� relacionado a um desarranjo da seguran�a p�blica local. “Mesmo durante o momento em que t�nhamos queda de homic�dios em BH, em Betim n�o estava ocorrendo nada. Temos problemas, inclusive de n�vel local, que fazem com que Betim seja um caso � parte”, afirmou S�vio Reis. A Secretaria de Estado de Defesa Social (Seds) informou que n�o comentaria a pesquisa e os problemas relacionados �s duas cidades.

TRAG�DIA Era 25 de agosto de 2014. Jagner e Ronivon Borges da Silva, de 21 e 22 anos, acabavam de chegar do trabalho com o pai quando resolveram ir � farm�cia comprar um rem�dio. Cansado, D�lson n�o quis lev�-los e pediu que chamassem Paulo, o taxista com quem estavam acostumados a sair. Logo depois de entrarem no carro, acompanhados de um amigo, foram surpreendidos na esquina de cima com os tiros. “O Jagner ainda conseguiu me ligar. Peguei meu filho vivo nos bra�os, fomos para o hospital, mas 40 minutos depois ele n�o resistiu”, conta o pai. Os outros tr�s ocupantes do ve�culo morreram na hora.

“Meus filhos tiveram anteriormente problemas com a Justi�a, acertaram tudo e, um dia, os bandidos vieram em casa nos amea�ar, pois queriam que eles vendessem drogas e os meninos se recusaram. A gente lutava para o bem deles e os vagabundos queriam lev�-los para o mundo do crime”, conta D�lson. Na �poca, os traficantes deram prazo de 15 dias para a fam�lia abandonar a casa que constru�ram com sacrif�cio, largar tudo e ir embora do Bairro Pedra Branca.

Em 6 de agosto do ano passado, outra trag�dia. �guida sa�a de casa para levar o ca�ula � escola, quando ouviu os tiros que acertaram David, de 25, o mais velho dos sete filhos, testemunha do outro caso, na porta de casa na Rua Itajub�. “Atirei pedra, pau, tudo o que tinha aqui para que os cinco homens parassem. Mas n�o adiantou”, conta a m�e.

Ontem, exatos dois anos depois da primeira trag�dia, o casal, que hoje luta pelos quatro filhos, sendo o mais novo de 5 anos e a mais velha de 16, n�o escondia a dor e a esperan�a. No dia 14 do m�s que vem, quatro dos acusados da chacina v�o a j�ri popular no f�rum da cidade vizinha de Igarap�. Um homem e uma mulher ainda est�o foragidos. “N�o espero mais nada. S� a justi�a”, afirma a dona de casa.

Eles se agarram �s boas lembran�as, como as 200 medalhas e trof�us que os tr�s filhos mais velhos ganharam em competi��es de futebol de sal�o e de campo. Jagner chegou a morar seis meses no Rio de Janeiro, treinando no Botafogo. “Vou lutar at� o fim por justi�a”, diz o pedreiro.


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