
A luta dela e do filho para vencer no esporte � uma trajet�ria de muitas dificuldades e que come�ou com uma teimosia, j� perdoada pela dona Vit�ria. “Com 13 anos, Maicon entrou escondido para um projeto da prefeitura com os amigos e aprendeu tae kwon do l�. Ele disse que tinha medo de eu n�o deixar, por ser uma luta, mas sempre amei os esportes. Desde que ele era pequeno que assistimos juntos aos Jogos Ol�mpicos e Pan-americanos”, lembra. Dois meses depois, a mentira foi descoberta, porque o adolescente precisava de um quimono para participar da primeira competi��o. “Ele me pediu com tanta vontade que fiquei abalada. Da� veio o professor e conversou comigo e ent�o cedi”, conta.
No projeto social, Maicon continuou por muito tempo, mesmo com seus amigos abandonando as aulas. “Quando o projeto fechou por falta de apoio, ele procurou academias, mas n�o lhe deram uma oportunidade. Com isso, meu filho foi trabalhando de ajudante de pedreiro e de gar�om, quando tinha servi�o, para pagar pelas trocas de faixa”, conta Vit�ria. Para manter a forma, treinava na garagem de casa, onde amarrava sacos de laranja com travesseiros e enchimento no telhado para poder chutar. At� que o antigo treinador o chamou para competir em S�o Paulo. Como n�o vinha seguindo uma dieta balanceada, Maicon ficou triste ao ver que pesava 83 quilos, tr�s acima de sua categoria. “Mas ele n�o desistiu. Pegou meus sacos de lixo e vestiu sobre o corpo, depois saiu vestindo roupas em cima. A� ele sa�a correndo pelo bairro debaixo do sol para suar e conseguiu perder peso”, lembra a m�e do atleta.
Foi depois dessa competi��o que Maicon chamou a aten��o da equipe de tae kwon do da cidade paulista de S�o Caetano, que, por fim, o chamou para morar l� e treinar at� se classificar para os Jogos Ol�mpicos. “Tive de ensinar a ele como fazer comida, pelo telefone, porque Maicon s� ficava sozinho. Mas nesses quatro anos ele viajou para v�rias partes do mundo. Antes de competir, me disse que ia trazer uma medalha para colocar no meu peito. Achava que era sonho, mas como sempre o incentivei a sonhar, ia com ele nesse sonho. Quando ele ganhou, pulou para cima de mim e dos amigos na arquibancada, uma vit�ria que nunca vou esquecer”, afirma a dona Vit�ria.