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Estado de Minas

Espancamento de universit�rio em BH exp�e desafio para conter viol�ncia na sa�da de boates

Estudante de medicina � espancado por seis jovens na sa�da de casa de eventos no Barreiro. Caso � pelo menos o quarto de agress�o por motivos f�teis em baladas de BH este ano


postado em 10/09/2016 06:00 / atualizado em 10/09/2016 11:04

Fachada da Hangar 667: estudante deixava a casa após show quando foi agredido(foto: Rodrigo Clemente/EM/DA Press)
Fachada da Hangar 667: estudante deixava a casa ap�s show quando foi agredido (foto: Rodrigo Clemente/EM/DA Press)
O espancamento de um estudante de medicina ao sair de uma casa de eventos, por seis jovens, acende a luz de alerta sobre o clima de viol�ncia nas baladas da noite belo-horizontina e cidades da regi�o metropolitana. � o quarto caso de agress�o por motivos f�teis no fim da noitada este ano e exp�e os desafios para conter a viol�ncia na sa�da das noitadas. Em dois deles ocorreram mortes. A Pol�cia Civil j� est� investigando as circunst�ncias desse �ltimo ataque, que tem rendido dezenas de mensagens de solidariedade � v�tima nas redes sociais.


Na madrugada de quarta-feira, Dia da Independ�ncia, o estudante de medicina Henrique Figueiredo Papini de Moraes, de 22 anos, estava em companhia de um colega do Col�gio Loyola, onde estudou, e uma amiga de faculdade num show de funk na casa de evento Hangar 677, no Bairro Olhos D’�gua, Regi�o do Barreiro, em Belo Horizonte. Na sa�da, foi surpreendido pelo ex-namorado da jovem, que com outros cinco colegas dele espancou o estudante.

“Todos estavam do lado de fora. O rapaz que foi agredido seguia com um colega e uma jovem para um local para pegar um Uber, quando foi agredido. Ele foi espancado covardemente por seis caras, e mesmo ca�do, ainda foi chutado. Desacordado, foi levado para um hospital por uma equipe do Samu”, contou uma testemunha, que preferiu n�o se identificar.

A delegada S�nia Maria Miranda, da Delegacia do Barreiro, onde foi registrado o boletim de ocorr�ncia, iniciou as investiga��es no dia seguinte ao feriado. Ela fez contato com os respons�veis pela casa de evento em busca de informa��es e imagens de c�meras de seguran�a. Ontem, foi a vez de ela ouvir os dois jovens que acompanhavam o estudante no momento da agress�o. A delegada esteve tamb�m no hospital e ouviu Henrique e sua m�e.

De acordo com a assessoria da Pol�cia Civil, agora, o rapaz de 21 anos, apontado como quem iniciou a agress�o por ver sua ex-namorada em companhia do estudante, ser� ouvido na condi��o de investigado no inqu�rito que foi instaurado. No dia do ataque, depois que a m�e de Henrique chamou a Pol�cia Militar, o jovem chegou a ser conduzido ao plant�o da Delegacia do Barreiro, mas foi ouvido e liberado.

COMA Henrique Papini, segundo sua m�e, a dentista Andrea Moraes, de 54, foi internado em coma no Centro de Tratamento Intensivo (CTI) do Hospital Biocor, com traumatismos craniano e de face, al�m de sangramento no ouvido. “Hoje ele est� bem melhor, consciente, conversando. Mas est� muito abalado emocionalmente, sentindo medo. Certamente, ter� que passar por acompanhamento psicol�gico para superar esse trauma”, destacou. Andrea acrescentou que o carinho dos amigos de seu filho, com mensagens na rede social, tem sido importante para sua recupera��o.

Ontem, a dire��o da Faculdade de Medicina de Barbacena (Funjob) divulgou nota na rede social lamentando o epis�dio de viol�ncia contra o aluno. O texto � assinado pelo diretor da institui��o, Marco Aur�lio Bernardes de Carvalho. “Venho manifestar publicamente o meu rep�dio pelo lament�vel fato ocorrido com nosso querido aluno e esperando que as pessoas envolvidas sejam devidamente punidas por esse ato de viol�ncia imperdo�vel”.

Colegas de faculdade de Henrique divulgaram mensagens de apoio em rede social(foto: Facebook/Reprodução)
Colegas de faculdade de Henrique divulgaram mensagens de apoio em rede social (foto: Facebook/Reprodu��o)


POL�CIA APOSTA EM RONDAS E REDES O capit�o Fl�vio Santiago, chefe da Sala de Imprensa da Pol�cia Militar, afirma que rondas estrat�gicas t�m sido realizadas nas madrugadas nos chamados “pontos quentes”, que s�o locais onde ocorrem eventos, shows, festas ou em que est�o casas noturnas, visando inibir a viol�ncia entre o p�blico que sai. “� importante destacar que essas ocorr�ncias com viol�ncia desmedida est�o ligadas ao consumo de bebidas alco�licas de forma exagerada”, pontuou. Santiago destaca que em muitos estabelecimentos da noite, os donos e seus funcion�rios participam de redes de policiamento comunit�rio, o que facilita a r�pida interven��o da PM.

J� o diretor-executivo da Associa��o Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel) em Minas Gerais, Lucas P�go, afirma que as casas noturnas da Grande BH, em sua maioria, s�o bem preparadas e seguras. “Principalmente ap�s o epis�dio de Santa Maria (RS) – quando 242 pessoas morreram num inc�ndio na Boate Kiss, em 2013 – os estabelecimentos melhoraram acessos, sa�das de emerg�ncia e de p�nico, dispositivos como c�meras de seguran�a e seguran�as treinados”. Para ele, casos como o espancamento do estudante de medicina fomentam o debate dos empres�rios do ramo para melhorar o atendimento ao seu p�blico. “Mas, em comum, nesses casos, sempre s�o agress�es do lado de fora dos estabelecimentos, onde os seguran�as n�o podem intervir”, disse o dirigente.

Somente em abril deste ano houve tr�s casos de viol�ncia depois da balada na Grande BH. No dia 2, um jovem foi agredido quando estava no estacionamento de uma boate em Nova Lima. No dia 8, em Contagem, o universit�rio Cristiano Nascimento, de 22, foi espancado at� a morte por dois policiais militares de folga e um colega deles. Os PMs est�o presos respondendo a processo e o terceiro envolvido foragido.

No dia 29, mais uma morte, na porta da casa de shows Alambique, na Avenida Raja Gabaglia, no Bairro Estoril, Oeste da capital. Guilherme dos Santos Alves, de 33, foi morto com um tiro, depois de iniciada uma discuss�o, ainda dentro do estabelecimento, com Paulo Filipe da Silva Gon�alves, de 28, preso por militares quando fugia.

Entrevista

Andrea Renno de Figueiredo, de 54 anos, m�e do estudante Henrique Papini


“Esta corrente que est� sendo feita � porque ningu�m aguenta mais esta impunidade, esta viol�ncia”


Passado o susto, como voc� avalia as condi��es de seu filho?

Primeiro, agrade�o a Deus porque foi um milagre mesmo! O neurologista disse que nunca viu algu�m que tenha levado uma pancada t�o forte e sobrevivido. Chegou de uma forma e est� outro hoje, l�cido e respondendo. Para mim, foi um milagre.

Como se manter de p� para superar uma viol�ncia desmedida como a que seu filho sofreu?
O que sustenta a gente � a f�, a amizade, os amigos, a minha fam�lia. A minha consci�ncia de saber que meu filho � um ser bacana, querido, bem criado, com limites. Que, apesar de a gente n�o ter dinheiro, n�o ter jatinho, isso que eles t�m, a gente tenta construir valores que valem a pena. Hoje, os amigos da faculdade de Barbacena onde ele estuda est�o mobilizados, a dire��o divulgou nota de apoio na rede social, colegas do Loyola e de onde ele fez interc�mbio j� est�o sabendo, e assim vai, nossos amigos, colegas de trabalho, isso � maravilhoso.

Para voc�, o que motiva esse tipo de agress�es e como isso pode mudar?

Acho que realmente a gente tem que mostrar o que � certo e o que � errado. Isso n�o � de agora n�o. � pai e m�e que passam a m�o na cabe�a, que deixam, que acham bonito colocar fogo no �ndio, dar bebida para cachorro. Ent�o a coisa come�a a se banalizar, a vida humana est� banalizada, est� tudo muito f�cil, est�o matando para ver cair. Acho que a gente tenta tirar algo proveitoso sim, que isso pode ser evitado sim. Esta corrente que est� sendo feita � porque ningu�m aguenta mais esta impunidade, esta viol�ncia. � menino que sai de casa e a gente n�o sabe se vai voltar. A gente tem que tomar atitude como cidad�o.


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