
Na opera��o de ontem, mandados de busca e apreens�o foram cumpridos nas casas de quatro envolvidos. Al�m das resid�ncias de Rafael e Thiago, a pol�cia esteve tamb�m nos endere�os de H�lio Alberto Bora, de 19, e Felipe Alvim Gaissler, de 18, que tamb�m estavam na boate no dia da confus�o, embora este �ltimo n�o tenha sido localizado, j� que est� viajando para o exterior. Durante a a��o policial, foram apreendidos celulares e roupas usadas pelos jovens no dia do crime. O material ser� periciado para encontrar vest�gios de sangue e apontar comunica��o entre os supostos autores.
Ao todo, foram cinco mandados de busca e apreens�o – tr�s no Bairro Belvedere e dois na regi�o do Lourdes – e tr�s condu��es coercitivas cumpridas na manh� de ontem por equipes do delegado Fl�vio Grossi, da 4ª Delegacia de Pol�cia Civil do Barreiro, que investiga o caso. O primeiro im�vel visitado foi a casa de H�lio, na Rua Celso Porf�rio Machado, no Bairro Belvedere, Regi�o Centro-Sul de Belo Horizonte. Por volta das 6h30, o delegado e dois agentes chegaram ao local. O jovem, que ainda n�o havia prestado depoimento, teve o celular recolhido pelos policiais e foi levado para a delegacia.
Depois, os policiais seguiram pela mesma rua e chegaram at� a casa de Bicalho. O jovem est� sendo monitorado por tornozeleira eletr�nica por causa de agress�es contra a ex-namorada, que teria sido tamb�m o piv� da agress�o contra Henrique Papini, na sa�da da Hangar. A garota n�o estava com Henrique na noite em que ele foi espancado, mas os dois estudam juntos em Barbacena e j� tiveram um relacionamento amoroso. Rafael n�o foi levado para a delegacia pelos policiais. Como foi apenas intimado, ele chegou ao local em um carro particular.
Outro alvo da pol�cia era Thiago, mas o cumprimento do mandado contra ele foi mais dif�cil. Segundo a Pol�cia Civil, os agentes estiveram em cinco endere�os do jovem. J� Felipe n�o foi encontrado. Familiares e um advogado afirmaram que ele est� viajando para a Fran�a.
O objetivo da a��o, que recebeu o nome da casa de shows pr�xima ao local do espancamento, foi colher novas provas. “A Opera��o Hangar ocorreu com intuito de recolher roupas usadas no dia do crime e aparelhos telef�nicos para identificar as comunica��es entre os suspeitos”, explicou o delegado. Segundo ele, Papini e os quatro suspeitos estavam na boate na noite do crime, mas s� se encontraram do lado de fora. Bicalho e seus amigos lanchavam na esquina pr�xima � casa de shows, quando o universit�rio passou perto deles. Houve uma discuss�o. Eles seguiram o rapaz por cerca de 200 ou 300 metros e, em seguida, come�aram as agress�es.
Depois de v�deo, envolvido muda vers�o sobre crime
Imagens das c�meras de seguran�a de uma empresa, divulgadas pela Pol�cia Civil, mostram quando Henrique Papini aparece correndo e � seguido pelos agressores. De camisa branca, um deles, identificado como Thiago Rodrigues, d� um chute no universit�rio, que cai. Em seguida, outro, apontado como Rafael Bicalho, tamb�m aparece agredindo a v�tima. Outro v�deo mostra o universit�rio ca�do na rua e sendo socorrido por amigos. Para o delegado, Thiago e Rafael Bicalho t�m participa��o direta na agress�o. “Foi um encontro ao acaso. Ele estava sendo amea�ado antes, mas n�o foi premeditado”, explica.
Ontem, os dois prestaram depoimento. Ao ser ouvido anteriormente pelo delegado, Bicalho afirmou que havia dado apenas um chute na v�tima. Por�m, ao ser questionado novamente, mudou a vers�o e confessou que deu socos e chutes no universit�rio. “Inicialmente, Rafael s� admitia ter dado um chute no Henrique Papini, o que n�o condiz com as falas de testemunhas. No laudo do IML (Instituto M�dico Legal) ficou claro que a v�tima teve v�rias les�es contusas na face, no cr�nio, no corpo, ou seja, indicativo claro de que n�o foi uma les�o s�”, disse o delegado.
Thiago negou ter agredido Henrique Papini. Por�m, a Pol�cia Civil conseguiu imagens dele no dia depois do espancamento em que aparece com uma bota ortop�dica. “Ele negou e falou que a les�o j� existia anteriormente”, explicou o delegado. Ele levou um t�nis que estaria usando no dia do crime para ser analisado.

Ao EM, Henrique Papini contou que sa�a da boate na companhia de um amigo e que se dirigia para pegar um t�xi de volta para casa quando foi surpreendido pelos agressores. “Eles me pegaram pelas costas. Fui derrubado a primeira vez. Consegui me levantar, mas me derrubaram de novo e come�aram a chutar minha cabe�a. Foi tudo muito r�pido e eu logo fiquei desacordado. Vi que ele (Rafael) estava com amigos. Mas n�o sei se eles eram quatro ou cinco, ao todo”, lembra o jovem.
O inqu�rito est� em sua fase final. Segundo o delegado, Rafael Bicalho e Thiago devem responder por tentativa de homic�dio. “At� o presente momento, h� indica��o de tentativa de homic�dio dos dois. O inqu�rito deve ser fechado em 10 a 20 dias, no m�ximo”, comenta Fl�vio Grossi, que completa: “Os outros est�o dentro da mec�nica no crime, mas a participa��o deles ainda tem que ser individualizada”.
Advogados dos suspeitos abordados pela reportagem do Estado de Minas no local informaram que n�o iriam se posicionar sobre o caso.

"Espero que a puni��o seja justa, de acordo com a gravidade do que fizeram"
Henrique Figueiredo Papini de Moraes, de 22 anos, v�tima de espancamento na sa�da da boate Hangar 677, em 7 de setembro, quando foi agredido por jovens
Como est� o seu processo de recupera��o?
A meningite que tive, em decorr�ncia do traumatismo craniano, j� est� curada. Mas estou com perda completa de audi��o no ouvido esquerdo por causa do sangue que est� coagulado l� dentro e terei que fazer um tratamento para isso, futuramente. Tamb�m estou com perda de movimento na metade do rosto em fun��o do espancamento.
E como fica o fator emocional?
Estou bem. Tento evitar pensar nisso e estamos deixando nas m�os da Justi�a. Estamos acompanhando os desdobramentos, claro. Isso � inevit�vel, porque as pessoas me marcam e tamb�m a meus familiares, no Facebook, mandam informa��es no WhatsApp. Mas tento evitar.
Voc� tem lembran�as do dia da agress�o?
At� o momento em que me agrediram, eu me lembro de tudo. Estava saindo com um amigo para pegar um t�xi, de volta para casa. Eles me pegaram pelas costas. Fui derrubado. Consegui me levantar. N�o vi ningu�m direito, porque foi tudo muito r�pido. Mas vi que era muita gente. O v�deo e as testemunhas mostram e contam. N�o sei se eles eram quatro ou cinco ao todo. Eles me derrubaram de novo e come�aram a chutar minha cabe�a. Foi tudo muito r�pido e eu fiquei desacordado.
A mo�a que teria motivado a agress�o estava com voc�?
N�o. Ela � ex-namorada do Rafael e n�s nos conhecemos em Barbacena, onde “ficamos”. Ele descobriu e ficou com ci�mes.
Qual � seu sentimento em rela��o aos agressores?
Acho que como h� um certo pensamento de impunidade de modo geral na sociedade, as pessoas acham que nada vai acontecer. No caso do Rafael, inclusive, porque ele j� fez outras vezes. Acha que n�o vai ter consequ�ncias.
O que voc� deseja que aconte�a daqui para a frente?
Espero que eles paguem o pre�o e que at� fiquem presos, se for o caso. Espero que a puni��o seja justa, de acordo com a gravidade do que fizeram.
Como sua fam�lia est� reagindo diante de toda essa hist�ria?
Agora, o clima melhorou um pouco na minha casa, mas no in�cio estava bem pesado.
Voc� j� retornou � sua vida normal?
Ainda n�o. Ainda estou sob observa��o m�dica. Vou voltar para Barbacena, para a universidade. Est� tendo aula e eu n�o tranquei o semestre, mas n�o sei ao certo que dia vou poder voltar.
CRONOLOGIA DO CASO
7 de setembro – Na madrugada do Dia da Independ�ncia, o estudante de medicina Henrique Figueiredo Papini de Moraes, de 22 anos, estava em companhia de um amigo na casa de eventos Hangar 677, no Bairro Olhos D’�gua, Regi�o do Barreiro, em Belo Horizonte. Na sa�da, foi surpreendido pelo ex-namorado de uma jovem com a qual teve um relacionamento amoroso e colegas do rapaz, que espancaram o estudante. Henrique sofre traumatismo craniano e de face e � internado em coma.
- Pol�cia Civil abre inqu�rito para apurar o caso. Rafael e amigos prestam depoimento ao longo da semana e pol�cia come�a trabalho para coleta de provas e an�lise de imagens.
10 de setembro – Henrique teve alta, mas voltou a ser internado seis dias depois por apresentar um quadro de meningite traum�tica, devido ao traumatismo craniano e outros ferimentos.
16 de setembro – Rafael Bicalho foi preso por viol�ncia dom�stica contra uma ex-namorada, que dispunha de medida protetiva contra ele e havia se relacionado com Henrique Papini
24 de setembro – Rafael foi solto depois de uma audi�ncia com sua defesa, mas com monitoramento por tornozeleira eletr�nica.
10 de outubro – Pol�cia Civil desencadeia Opera��o Hangar e cumpre tr�s mandados de condu��o coercitiva e cinco de busca e apreens�o contra envolvidos no espancamento. Durante a a��o policial, foram apreendidos celulares e roupas usadas pelos jovens no dia do crime.