
A queda de uma �rvore de grande porte na manh� de ontem na Pra�a Hugo Werneck, em plena Regi�o Hospitalar de Belo Horizonte, chama a aten��o para o risco que a popula��o continua correndo na capital, cinco anos depois que um acidente semelhante matou uma pessoa no Parque Municipal, no Centro da cidade. Apesar de anos de promessas, a Prefeitura de BH ainda n�o disp�e de um levantamento mais profundo sobre a sa�de das 485 mil �rvores existentes em ruas e avenidas da cidade, e que se tornam uma amea�a ainda maior nesta esta��o de tempestades. A Regional Centro-Sul confirmou que a paineira centen�ria que caiu ontem estava comprometida, e que o problema somente foi detectado depois que o tronco foi ao ch�o, quase atingindo um dos carros que passavam pelo local. Segundo a administra��o municipal, o epis�dio ocorreu “em decorr�ncia da deteriora��o de duas grandes ra�zes de sustenta��o, danificadas por ataques de insetos e micro-organismos, comprometendo a capacidade de suportar o peso da copa”.
A chegada do per�odo chuvoso agrava o risco de incidentes semelhantes, j� que galhos e troncos ficam mais pesados e o solo, encharcado pelo ac�mulo de �gua. Em janeiro de 2011, tamb�m na esta��o das �guas, a secret�ria aposentada Maria de F�tima Ferreira, de 57 anos, morreu depois de ser atingida por uma �rvore de grande porte cuja raiz estava infestada de cupins no Parque Municipal, onde a v�tima caminhava. Um grupo percebeu que a �rvore estava caindo e avisou a mulher, que tentou correr, mas foi atingida pelo tronco de um jatob� de 20 metros de altura. Depois do acidente, a prefeitura come�ou a vistoriar as 3,7 mil esp�cies do parque e 236 doentes ou infectadas foram cortadas.
Durante anos, ambientalistas e moradores reivindicaram da Prefeitura de BH um invent�rio das �rvores urbanas. Em dezembro de 2009, foi assinado um conv�nio entre o munic�pio e a Cemig para elabora��o do levantamento, com conclus�o prevista para 2011, o que n�o ocorreu. Al�m de mapear os tipos de �rvores, o trabalho prometia informa��es sobre as condi��es, doen�as e outros problemas das plantas.
Em agosto de 2013, a PBH divulgou balan�o parcial do invent�rio. Na �poca, 170 mil esp�cimes j� haviam sido catalogadas e a murta (Murraya exotica L.) e sibipiruna (Caesalpina peltophoroides benth) predominavam em ruas e avenidas das regi�es Oeste, Leste e Noroeste da cidade. A prefeitura informou que o levantamento original catalogou 300 mil �rvores, em um conv�nio com a Cemig e a Universidade Federal de Lavras, mas apurou-se depois haver mais 185 mil que n�o foram alcan�adas pelo levantamento. Segundo o munic�pio, ser� feita nova licita��o para concluir o mapeamento. A nova promessa de conclus�o � para 2017.
Ainda de acordo com a PBH, o objetivo do invent�rio � planejar o manejo da arboriza��o urbana em logradouros p�blicos da capital, n�o incluindo �rvores de 75 parques e reservas ecol�gicas particulares. A an�lise do estado de sa�de dos esp�cimes � apenas visual, pois o munic�pio n�o disp�e de tecnologia para detectar problemas mais profundos, como na raiz, que foi o respons�vel pelo �ltimo acidente.
O gerente de Projetos Especiais da Secretaria Municipal de Meio Ambiente, J�lio De Marco, disse que a �rvore que caiu ontem estava aparentemente bem. Segundo ele, o invent�rio cadastrou 57 informa��es de cada esp�cime, mas a an�lise foi visual. “N�o h� como avaliar a raiz. O cadastro � uma ferramenta para manuten��o da �rvore e pode apontar, por alguma situa��o, a necessidade de uma investiga��o mais profunda da situa��o. Se h� algum problema, a �rvore � suprimida”, disse, acrescentando que a quantidade de quedas por causa da chuva se reduziu bastante nos �ltimos 10 anos.
A Cemig informou que somente faz poda preventiva de �rvores antes do per�odo chuvoso e poda emergencial quando h� risco de queda. O servi�o somente´e feito quando a vegeta��o est� “em conflito com a rede el�trica”.
PERIGO O local onde caiu a �rvore ontem � de grande movimenta��o de pessoas, devido � proximidade de v�rios hospitais. Por sorte, ningu�m se feriu. A fonoaudi�loga Patr�cia Marques, de 45 anos, passava com seu carro pelo local no momento. Folhagens e galhos menores chegaram a cair sobre o ve�culo. Ela conta que seguia pela Avenida Alfredo Balena quando, de repente, se deu conta de que algo havia atingido o ve�culo. “Foi muito r�pido. Eu estava prestando aten��o a uma ambul�ncia para ver se ela frearia ou n�o. Foi um risco imenso. A prefeitura tem que ter mais aten��o a essas �reas, por pouco n�o ocorreu uma trag�dia”, desabafou.