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Estado de Minas

Boates de BH t�m no ano mais de 60 casos de brigas, agress�es e at� assassinato

Novo ataque em casa noturna exp�e viol�ncia dentro de boates em BH. Este ano, ao menos 67 ocorr�ncias foram registradas


postado em 04/11/2016 06:00 / atualizado em 04/11/2016 07:20

Desde setembro, houve duas agressões dentro ou no entorno da Hangar 677: para sócio, há muitos jovens bebendo
Desde setembro, houve duas agress�es dentro ou no entorno da Hangar 677: para s�cio, h� muitos jovens bebendo "sem limites" (foto: Alexandre Guzanshe/EM/DA Press - 15/9/16)
Baladas nas casas noturnas deixaram de ser garantia de divers�o em Belo Horizonte. Problemas nas noites em boates, pubs e casas de shows da capital t�m resultado em frequentes boletins de ocorr�ncia policial em situa��es marcadas por desentendimentos, altera��es de comportamento e brigas. O caso mais recente ocorreu na madrugada de quarta-feira na casa de eventos Hangar 677, no Bairro Olhos D’�gua, na Regi�o do Barreiro, quando o jovem Pedro Henrique de Oliveira Rocha, de 22 anos, foi agredido por um grupo de pessoas, quando passava entre duas mesas. Ele estava na companhia da namorada e de amigos quando foi abordado pelos agressores. Em setembro, do lado de fora da mesma boate, o estudante de medicina Henrique Papini, de 22, j� tinha sido v�tima de espancamento.

Levantamento da Pol�cia Militar feito a pedido do EM d� uma dimens�o do problema. De janeiro a 19 de outubro deste ano, foram registradas 66 ocorr�ncias policiais dentro das boates de BH – com o caso de quarta-feira, o n�mero j� chega a pelo menos 67. S�o agress�es, les�es corporais e at� tentativas de homic�dio, que mostram como a viol�ncia extrapola o entretenimento e exige dos empres�rios e do poder p�blico cada vez mais preparo para frear esses casos. Se levados em conta tamb�m os crimes contra o patrim�nio, s�o quase 300 ocorr�ncias policiais registradas nas casas noturnas em 2016. De acordo com o mesmo levantamento da PM, foram 210 furtos, 11 roubos e nove casos de danos ao patrim�nio, entre janeiro e 19 de outubro, o que soma 230 boletins. No entorno desses locais houve at� homic�dio: um homem foi morto a tiros na Avenida Raja Gabaglia ap�s discuss�o que come�ou dentro da boate Alambique, em abril.

A experi�ncia dos donos dos estabelecimentos e frequentadores revela, no dia a dia, que a maior parte das confus�es ocorre por motivos f�teis, como explica o diretor-executivo da Associa��o Brasileira de Bares e Restaurantes em Minas Gerais (Abrasel-MG), Lucas P�go. “N�o estamos falando de falta de respeito grave ou de cal�nia. S�o motivos f�teis e n�o justific�veis para uma agress�o. S�o discuss�es provocadas por ci�mes de uma namorada, porque a pessoa coloca um copo na mesa que o outro estava usando, porque algu�m passa na frente na fila ou esbarra e derrama cerveja e isso evolui para uma confus�o desnecess�ria”, afirma o presidente.

Para o coordenador do N�cleo de Estudos Sociopol�ticos da PUC Minas, Robson S�vio dos Reis, membro do F�rum Nacional de Seguran�a P�blica, falta vigil�ncia dentro das casas noturnas. “S�o espa�os monitorados pela seguran�a privada e, consequentemente, com baixo n�vel de controle. Esse tipo de vigil�ncia trabalha muito mais com a ideia de mediar conflito do que de controlar abusos de �lcool ou uso de drogas, at� porque n�o tem autoridade policial”, afirma.

O especialista diz ainda que parte dos jovens tem hoje uma propens�o a extrapolar regras de conv�vio social e, quando encontram ambientes de pouco controle, tendem a assumir comportamentos agressivos. “Essas confus�es ocorrem por uma combina��o de fatores e por excessos: de machismo, de consumo de bebida alco�lica, de confian�a de que nada vai acontecer se as regras n�o forem cumpridas”, afirma. Ele cobra de autoridades de seguran�a p�blica que tratem esses locais, com alta incid�ncia de ocorr�ncias criminais, como “zonas quentes”.

INVESTIMENTOS Do ponto de vista da infraestrutura, o diretor-executivo da Abrasel-MG, Lucas P�go, sustenta que os donos de casas noturnas t�m investido alto para evitar brigas e outros transtornos no interior desses locais, j� que o todos prezam pelo “nome da casa” e pela tranquilidade dos frequentadores. A lista de medidas inclui contrata��o de seguran�as particulares bem treinados e em quantidade adequada para o p�blico, instala��o de sistemas de videomonitoramento dentro e na fachada das casas, al�m de revista rigorosa. “Essas situa��es s�o lament�veis e nenhum empreendedor deseja que isso aconte�a dentro de sua casa, na qual ele fez um investimento alt�ssimo e para o qual se prepara todos os dias para oferecer divertimento com qualidade e seguran�a. � inadmiss�vel que um fato, uma pessoa ou um grupo de pessoas mal intencionadas destruam todo esse trabalho feito durante anos”, opina.

Um dos s�cios da casa de eventos Hangar 677 (onde houve dois casos de viol�ncia), o empres�rio Pedro Lobo avalia que n�o � mais poss�vel tra�ar um perfil do brig�o de festas, como em �pocas atr�s. Mas diz ter percebido que a faixa et�ria � fator preponderante para o envolvimento nas confus�es. “Geralmente s�o meninos com idades entre 21 e 25 anos, que bebem muito, sem muitos limites”, afirma. Para ele, a maior parte das brigas est� relacionada a ci�me de namoradas ou discuss�es banais. Ele alega manter equipe pr�pria de funcion�rios, desde seguran�as at� gar�os, como forma de padronizar e garantir tranquilidade ao p�blico. “A seguran�a � bem capacitada”, defende Lobo. A dire��o do Alambique, por sua vez, informou que a casa mant�m pol�tica de pacifica��o antes que os frequentadores deixem o local e que disp�e de seguran�as bem treinados e de sistema de c�meras.

O assessor de Planejamento Operacional do Comando de Policiamento da Capital, major Ricardo Martins de Almeida, sustenta que a corpora��o pouco pode fazer em rela��o ao que ocorre dentro das boates, j� que a seguran�a nesses ambientes � particular.  Ele critica, no entanto, o uso sem modera��o de bebida alco�lica e comportamentos de agressividade que acabam impactando nas estat�sticas de criminalidade. Do lado de fora, onde tamb�m h� v�rios casos de viol�ncia, ele alega que a PM tem mapeadas as boates onde h� mais problemas e estabelece opera��es para acompanhamento da movimenta��o nesses locais, onde podem ocorrer, al�m das brigas, acidentes, casos de perturba��o do sossego e de estacionamento irregular.

ENTREVISTA

Marta Aparecida de Oliveira, de 55 anos, m�e de Pedro Henrique, agredido na quarta-feira

‘Isso n�o pode ficar impune’

Como est� seu filho?

Ele est� bem, dentro do poss�vel. Do ponto de vista f�sico, h� o desconforto do ferimento no nariz e estamos aguardando a cirurgia na pr�xima semana. � claro que h� todo um preju�zo em sua rotina na faculdade, onde cursa o primeiro per�odo de direito, e tamb�m em seu trabalho.

Como fica a m�e ao ver seu filho sair para se divertir e voltar agredido?

Fico revoltada. � um espa�o de festa jovem, para 3,5 mil convidados, sem a seguran�a adequada. N�o h� uma sala de socorro. L� tem uma ambul�ncia, mas a m�dica disse que n�o era caso para hospital.

O que voc� espera das apura��es do caso?
Nesse primeiro momento estamos dando assist�ncia m�dica ao meu filho, mas vamos acompanhar o que ser� feito pela pol�cia. Queremos saber qual o motivo da agress�o, o que contribuiu para isso e quem s�o os agressores. Isso n�o pode ficar impune, at� mesmo para que esses casos de viol�ncia n�o se tornem uma constante.

 

Agredido ainda n�o foi ouvido

A Pol�cia Civil pretende ouvir nos pr�ximos dias o jovem Pedro Henrique de Oliveira Rocha sobre as agress�es que ele sofreu no interior da boate Hangar 677, no Bairro Olhos D’�gua. Ele j� teve alta do Hospital Fel�cio Rocho, no Barro Preto, mas vai voltar � unidade na segunda-feira para avaliar a necessidade de cirurgia no nariz, que acabou fraturado depois das agress�es com uma barra de metal. Segundo o pai do jovem, ele precisa esperar o local atingido desinchar para retornar ao hospital. O delegado Fl�vio Grossi, da 4ª Delegacia do Barreiro, ser� o respons�vel pelo caso.


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