
Mais do que problemas hist�ricos de infraestrutura, que resultam diariamente em acidentes, congestionamentos e muito transtorno, agora s�o os alagamentos que preocupam no Anel Rodovi�rio de Belo Horizonte. Antes pouco comuns e de pequeno porte, eles tendem a se tornar cada vez mais constantes com a chegada do per�odo chuvoso, parando a cidade, a exemplo do que ocorreu na �ltima sexta-feira. O fen�meno est� ligado ao aumento expressivo do n�mero de moradias irregulares a pouqu�ssimos metros do tr�fego pesado da rodovia, o que aumentou tamb�m o descarte irregular de lixo nas �reas lindeiras e na rodovia, com impacto direto no sistema de drenagem, j� subdimensionado para a realidade da estrada, por onde passam cerca 155 mil ve�culos diariamente.
O Anel tem dois principais pontos de alagamento. Um deles � o km 467, pr�ximo ao Shopping Del Rey, onde h� muitos anos n�o s�o registradas ocorr�ncias, segundo a Pol�cia Militar Rodovi�ria (PMRv). Outro � o km 537, embaixo do pontilh�o da Avenida Tereza Cristina, no Barro das Ind�strias, na Regi�o Oeste, onde o tr�nsito parou na sexta-feira. Como reflexo, o j� sobrecarregado tr�fego da capital parou, formando filas de autom�veis que somaram 140 quil�metros.
Para agravar o problema, al�m das moradias irregulares, o km 537 passou a sediar um bota-fora clandestino, onde se acumulou uma verdadeira montanha de lixo. S�o res�duos amontoados, apontados por comerciantes do entorno e pelos �rg�os respons�veis pela via se n�o como o causador da inunda��o, como a gota d’�gua para que ela ocorresse.
Na �ltima segunda-feira, a lama remanescente nas marginais mostrava que a �gua chegou a uma altura de pelo menos 1,2 metro. Respons�vel pelo policiamento no trecho de 26 quil�metros do Anel Rodovi�rio, o tenente Pedro Henrique Barreiros, da PMRv, explica a combina��o para tanto transtorno. Segundo ele, a rodovia � antiga, e consequentemente seu sistema de drenagem tamb�m. Al�m disso, sofre impactos do aumento crescente da popula��o e da frota da capital, al�m de sofrer cada vez mais a press�o de ocupa��es. “O Anel n�o passa por uma obra estrutural h� 50 anos. Foi projetado para certo n�mero de ve�culos e popula��o. Hoje, passam por ele mais de 155 mil carros por dia. Tamb�m, h� muita gente jogando lixo das casas nas �reas ocupadas, assim como muitos motoristas. Com essa soma de fatores, esses pontos se tornaram cr�ticos”, afirma o tenente.

A quantidade realmente impressiona: uma montanha de lixo de todo tipo, com pelo menos 20 metros de altura contendo entulho e restos de vegeta��o bem vis�veis. O port�o de acesso ao lote chegou a ser arrombado pelos detritos, que chegavam a um passo de alcan�ar a via. Uma retroescavadeira tirava os res�duos da entrada e os jogava por cima do telhado do que j� teria sido escrit�rio do lix�o. “Chega ca�amba a todo momento despejando lixo. Outro dia, foi laranja podre. E tem at� bicho morto a� dentro”, contou o trabalhador de um ponto comercial, que tamb�m pediu anonimato.
A Via 040, concession�ria respons�vel pelo sistema vi�rio em um trecho de 10 quil�metros do Anel Rodovi�rio (km 433 ao 453), inclusive pelo ponto de registro do alagamento, informou ter notificado a Administra��o Regional Oeste da Prefeitura de BH em 29 de setembro sobre o despejo irregular de esgoto dom�stico no sistema de drenagem da rodovia, al�m de dar ci�ncia ao �rg�o sobre o ac�mulo de lixo e detritos entre os kms 536 e 537, situa��es causadas pelas ocupa��es irregulares, conforme informou a assessoria de imprensa. “O documento especifica os riscos aos usu�rios gerados pela situa��o, caso do alagamento das pistas em caso de chuva”, informou, em nota.

A Regional Oeste informou que fez a��o fiscal emergencia no local, para apura��o da den�ncia de bota-fora clandestino pr�ximo ao Anel Rodovi�rio, assim como para verifica��o da titularidade da �rea, tendo em vista a possibilidade de tratar-se de propriedade do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transporte (Dnit). Ontem, assessoria de imprensa informou n�o dispor de detalhes sobre a quantidade de lixo removido do local.
Reforma no papel
N�o h� data prevista para o projeto de revitaliza��o da rodovia se tornar realidade. O anteprojeto de reforma foi executado pelo Departamento de Estradas de Rodagem de Minas Gerais (DER-MG), mas ainda se encontra sob avalia��o da Justi�a Federal em Minas Gerais, que recebeu o documento em 31 de agosto. O �rg�o intermedeia acordo feito entre o DER e o Departamento Nacional de Infraestrutura e Transportes (Dnit), em 2015. O projeto deve melhorar as condi��es de tr�fego e seguran�a no Anel Rodovi�rio de Belo Horizonte, que tem fluxo di�rio de aproximadamente 155 mil ve�culos.