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Estado de Minas

Pesquisa do IBGE revela os novos retratos da fam�lia mineira

Dados espelham novas configura��es familiares em Minas e no Brasil, com o adiamento da maternidade, mais uni�es homoafetivas e mudan�as na guarda dos filhos


postado em 25/11/2016 06:00 / atualizado em 25/11/2016 07:59

Juliana Selbath e Sara Azevedo agora estão juntas, após mais de dois anos namorando a distância: avanços comemorados e luta por mais direitos(foto: Marcos Vieira/EM/DA Press)
Juliana Selbath e Sara Azevedo agora est�o juntas, ap�s mais de dois anos namorando a dist�ncia: avan�os comemorados e luta por mais direitos (foto: Marcos Vieira/EM/DA Press)
A nova edi��o das Estat�sticas do Registro Civil, divulgada ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estat�stica (IBGE), confirma novos arranjos nas fam�lias mineiras nos �ltimos 10 anos. Enquanto a mulher adia o sonho de ser m�e para investir na carreira profissional, o reconhecimento pela Justi�a da uni�o homoafetiva incentivou c�njuges do mesmo sexo a dizerem o sim nos cart�rios. As planilhas mostram ainda que, nos casos de dissolu��o do casamento, houve avan�os na guarda compartilhada dos filhos.

“Percebe-se novas formas de fam�lias. O estudo d� um panorama das fam�lias ‘reiventadas’”, concluiu a dem�grafa Luciene Longo, t�cnica do IBGE no estado. Boa parte das mudan�as foi pautada pela economia e pelo Judici�rio. Nesse �ltimo caso, vale lembrar que o Supremo Tribunal Federal (STF) reconheceu a uni�o de pessoas do mesmo sexo como entidade familiar em maio de 2011. Dois anos depois, o Conselho Nacional de Justi�a (CNJ) aprovou a Resolu��o 175, que trata do mesmo assunto.

Em Minas, houve recorde no total desse tipo de uni�o em 2015: 378 casos. O n�mero � 14% superior ao de 2014 (331) e 80,8% maior do que o de 2013 (209). Em todo o pa�s, foram 5.614 casamentos similares – quantidade 15,7% maior do que a de 2014 e 51,7% acima da de 2013. A professora Sara Azevedo, de 31 anos, e a banc�ria Juliana Selbath, de 32, fazem parte dos exemplos desse rearranjo familiar.

“Namor�vamos a dist�ncia havia dois anos e cinco meses: eu em BH; ela em Bras�lia. Agora estamos perto uma da outra”, disse Sara, ponderando que os casais homossexuais ainda batalham por muitos direitos. “A resolu��o garante os direitos civis do casamento legalizado, mas, como � resolu��o, n�o confere garantias totais e irrevog�veis. Uma lei institu�da tanto na Constitui��o quanto no C�digo Civil acabaria com qualquer discuss�o sobre o tema.”

O pesquisador Rudney Avelino de Castro, autor da disserta��o “Arranjos e (re)arranjos familiares: novas conjugalidades em perspectiva”, defendida no mestrado da �rea de ci�ncias sociais da PUC Minas, faz quest�o de dizer que h� diferen�a entre a uni�o reconhecida pelo Judici�rio e o casamento institu�do pela Igreja Cat�lica: “Uni�o entre homossexuais � um contrato. Casamento � um rito cat�lico”, explica. De qualquer forma, ele destaca: “Estamos em uma mudan�a hist�rica”.

Na vis�o dele, a pr�pria sociedade ainda tem muito a avan�ar. Em seu trabalho de campo, ele constatou que pais de homossexuais se referem ao genro ou nora como companheiro ou companheira. “A grande dificuldade dos casais � com as fam�lias. Quase todos os parentes se referem ao companheiro ou companheira do familiar como amigo ou amiga.”

MAIS UNI�ES Em todo o pa�s, os casamentos, seja entre homossexuais, seja entre heterossexuais, totalizaram 1.137.321 registros em 2015, 2,8% a mais que em 2014. Em Minas, foram 120.213 no ano passado. Mas a melhor an�lise leva em conta a chamada taxa de nupcialidade legal, pois mede a quantidade de casamentos para cada 1 mil brasileiros com idade acima de 15 anos. Neste caso, o indicador no estado foi de 7,3, o mesmo do ano imediatamente anterior. No pa�s, 7,2 em 2015 e 7,1 em 2014.

As planilhas do IBGE constataram uma curiosidade que desconstr�i a afirma��o de que maio � o m�s das noivas. Quem conta � t�cnica Luciene: “Considerando todos os casamentos, o m�s de maior ocorr�ncia � dezembro. Tanto para o Brasil (10,8%) quanto para Minas (11,7%). No estado, a idade m�dia dos c�njuges solteiros de sexo diferente na data do casamento no estado era de 27 anos para elas e de 29 anos para eles”.

Mas nem toda felicidade dura para sempre. O IBGE concluiu que ocorreram 23.973 div�rcios em Minas em 2015. Mais uma vez, � preciso observar a taxa, que, nesse caso, leva em conta a dissolu��o para cada grupo de 1 mil pessoas com 20 anos ou mais. No estado, houve queda em rela��o a 2014, de 2,21 para 2,10. O tempo m�dio transcorrido entre o sim no cart�rio e o n�o na Justi�a foi de 15 anos. Com rela��o � guarda dos filhos, a modalidade compartilhada subiu em rela��o a 2014, de 6,6% para 11,4%. No Brasil, de 9,4% para 12,9%.

M�es e pais mais maduros

Depois de uma d�cada e meia de namoro, a professora de ingl�s Ana Carolina Figueiredo Camargos de Carvalho da Silva, de 34 anos, e o fisioterapeuta Alexandre Magno Fonseca da Silva, de 35, se casaram em 2015. Em 2017, v�o comemorar a chegada de Ana J�lia. Tanto o casamento quanto a gravidez foram planejados.

A professora � um dos exemplos de que as mineiras est�o programando o sonho de serem m�es depois de investir nos estudos e na carreira profissional. Tanto que o IBGE constatou aumento da gravidez no grupo de mulheres na faixa et�ria de 30 a 34 anos. Em 10 anos, o percentual subiu de 16% para 22%. Por outro lado, diminuiu o percentual no grupo das jovens de 15 a 19, de 19,9% para 14,8%. Tamb�m houve recuo na faixa das mulheres de 20 a 24 anos, de 30,24% para 23,4%.

Ana Carolina, de 34 anos, e Alexandre Magno, de 35, se casaram no ano passado, após investir nos estudos(foto: Álbum de família)
Ana Carolina, de 34 anos, e Alexandre Magno, de 35, se casaram no ano passado, ap�s investir nos estudos (foto: �lbum de fam�lia)
“A posterga��o da gravidez fica evidenciada pelo aumento da propor��o de nascimentos no grupo de mulheres de 30 a 34 anos. Em 2005, esse percentual foi de 16%. Passou para 22% no ano passado”, disse Luciene Longo, t�cnica no IBGE em Minas.

Ana Carolina, a professora, est� entrando no quinto m�s de gravidez. Ela e o marido se conheceram ainda na adolesc�ncia, quando estudavam o ensino m�dio. “As mulheres est�o mais preocupadas com a carreira profissional. Querem viajar para o exterior para ter experi�ncia, querem fazer p�s-gradua��o, mestrado, doutorado. Enfim, queremos nos firmar. Al�m disso, quando a mulher engravida depois dos 30 anos h� uma maturidade boa. Tudo o que eu e o Alexandre fizemos foi planejado”, conta. O marido concorda: “Tudo hoje precisa ser programado”. O casamento deles, por exemplo, ocorreu depois de ambos decidirem investir nos estudos.


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