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Estado de Minas

N�mero de casos dispara e autoridades admitem epidemia de s�filis em Minas

Com queda na preven��o, resultado � aumento tanto em Belo Horizonte quanto no interior do estado. Situa��o preocupa pelo avan�o silencioso da doen�a no organismo


postado em 28/11/2016 06:00 / atualizado em 18/10/2019 09:40

(foto: Arte/Quinho)
(foto: Arte/Quinho)
Belo Horizonte e todo o estado de Minas Gerais se veem diante de uma epidemia silenciosa e subnotificada. E t�m acompanhado os diagn�sticos de s�filis, doen�a sexualmente transmiss�vel, aumentarem numa propor��o explosiva sem preven��o ou tratamento na mesma medida.

� o que avaliam especialistas em infectologia, Minist�rio P�blico e tamb�m demonstram as estat�sticas de casos da enfermidade, que crescem ano a ano. Na capital mineira, os diagn�sticos de s�filis adquirida saltaram de cinco, em 2010 – quando a notifica��o compuls�ria foi institu�da – para 2.800, em 2016, at� 20 deste m�s.

Os casos se referem �queles transmitidos por rela��o sexual sem camisinha com pessoa infectada; transfus�o de sangue contaminado; ou por compartilhamento de agulhas e seringas infectadas, para uso de drogas. O aumento representa crescimento de 55,900%.

BH concentra 30% de todos os casos da doen�a em Minas, segundo a Secretaria de Estado de Sa�de, considerando ainda os agravos na forma cong�nita (transmitida de m�e para filho, via placenta) e em gestantes. No estado, o avan�o tamb�m seguiu desenfreado nos �ltimos anos. Somente os casos adquiridos saltaram de 107, em 2010, para 5.245, em 2016, at� o �ltimo dia 24.

Na forma cong�nita, em que os casos tamb�m cresceram vertiginosamente nos �ltimos anos (veja arte) j� foram pelo menos tr�s pactos assinados pelo Minist�rio da Sa�de na �ltima d�cada para erradica��o, sem sucesso. As �ltimas metas de redu��o da transmiss�o vertical da s�filis e do HIV constavam do Plano Plurianual (PPA) 2012/2015. Mas, a elimina��o da s�filis cong�nita, como problema de sa�de p�blica at� 2015, n�o saiu do papel dentro do per�odo determinado.

(foto: Arte/EM)
(foto: Arte/EM)


TESTES Todos os tipos de s�filis – em adultos, gestantes e a cong�nita – s�o de notifica��o obrigat�ria no pa�s h� pelo menos cinco anos. A detec��o da s�filis � feita por meio de testes r�pidos dispon�veis no Sistema �nico de Sa�de (SUS). Mas, embora seja uma doen�a antiga, de diagn�stico e tratamento f�ceis, a s�filis permanece como desafio. Primeiro porque avan�a silenciosamente no organismo (veja arte) e seu est�gio de agravamento causa s�rias complica��es cut�neas, �sseas, cardiovasculares e neurol�gicas, podendo levar inclusive � morte.

Outro problema � porque o combate esbarra na falta de preven��o. Entre os anos 1980 e 2000, o controle “pegou carona” nas campanhas voltadas � Aids e � sensibiliza��o quanto ao uso do preservativo. “Al�m do investimento muito alto na preven��o, a Aids era uma doen�a que assustava muito porque matava. Ent�o, � medida que se prevenia contra a Aids, se evitava tamb�m outras doen�as sexualmente transmiss�veis, como a s�filis. Mas a partir do momento em que o tratamento para a infec��o por HIV evolui, com uso de apenas um medicamento por dia, as pessoas voltam a se descuidar do uso do preservativo”, explica a refer�ncia t�cnica da Coordena��o de Sa�de Sexual e Aten��o �s DSTs/Aids da Secretaria Municipal de Sa�de, Maria Gorete dos Santos Nogueira.

Ela lembra ainda que, com a notifica��o compuls�ria a partir de 2010, o servi�o de sa�de tornou-se mais capacitado para diagnosticar a doen�a nos pacientes, o que explica tamb�m o aumento dos casos notificados. Al�m de haver, segundo ela, condi��es para que as equipes pudessem dedicar os esfor�os a outras DSTs que n�o a Aids. “O olhar do profissional de sa�de se tornou mais capacitado para as abordagens”, afirmou Gorete.

SUBNOTIFICA��O Mas, para o presidente da Sociedade Mineira de Infectologia, Estev�o Urbano, a experi�ncia pr�tica tem mostrado que o aumento est� para al�m da notifica��o. “Os casos s�o subnotificados e a quantidade de pessoas doentes � muito maior. O aumento � enorme e isso independe da notifica��o obrigat�ria. O n�mero de casos de s�filis que chega hoje nos consult�rios � muito maior do que aquele que chegava anos atr�s”, afirma.

O especialista alerta tamb�m para o descuido com o uso do preservativo, o que tem resultado no retorno da infec��o pelo v�rus HIV. “O aumento tem ocorrido especialmente na popula��o jovem”, diz, alertando que essa faixa et�ria tem contra�do mais o v�rus por n�o se prevenir como as gera��es anteriores se atentavam para o uso da camisinha.

“E, de carona, vem a s�filis, que tem alta transmissibilidade e danos severos ao paciente”, explica. Ele acredita que o trabalho de preven��o e combate � s�filis ainda � insuficiente. “As campanhas s�o t�midas, principalmente quando comparadas a doen�as que t�m tido a��es mais expressivas. O momento exige que a s�filis esteja no alvo da aten��o em todos os n�veis de governo. Nada justifica a falta de a��es”, disse.

MP VAI INTERVIR Diante do que considera um quadro catastr�fico, o coordenador do Centro de Apoio Operacional das Promotorias de Justi�a de Defesa da Sa�de (CAO Sa�de) do Minist�rio P�blico estadual, promotor Gilmar Assis, afirmou que o �rg�o vai tomar provid�ncias junto aos servi�os de sa�de do estado.

“� uma situa��o t�o grave que requer articula��o das promotorias com o sistema de sa�de. Como �rg�o fiscalizador, o MP vai buscar os gestores da pasta em cada comarca para conhecer a realidade sobre a s�filis e fazer o alerta sobre essa situa��o para a tomada de provid�ncias”, garantiu.

Segundo ele, os n�meros s�o catastr�ficos e revelam sen�o o atraso, a urg�ncia na tomada de a��es por parte do poder p�blico para controle da epidemia. “Eles falam por si e mostram que � preciso dar �nfase nas a��es de promo��o e preven��o da sa�de para maior conscientiza��o dos usu�rios”, afirma.

Na avalia��o dele, o servi�o de sa�de j� deveria ter dado uma resposta � evolu��o dos casos, tendo em vista que ela � uma crescente. “O sistema de sa�de, nas tr�s esferas de governo, j� deveria ter articulado um plano de a��o dentro da mesma l�gica como as voltadas para epidemias de dengue, chikungunya e zika.”

AIDS
Com a oferta da medica��o para pessoas vivendo com HIV, houve aumento no n�mero de pacientes em tratamento. No per�odo de 2005 a 2016, por exemplo, o pa�s praticamente triplicou o total de brasileiros em tratamento, passando de 165 mil pra 483 mil. Apenas este ano, at� agosto, 48 mil pessoas iniciaram terapia antirretroviral no Brasil. Paralelo a isso, nos �ltimos anos houve queda na taxa de mortalidade por Aids, de 10,9% – passando de 6,4 por 100 mil habitantes em 2003, para 5,7, em 2014. Desde o in�cio da epidemia por Aids, no per�odo de 1980 a junho de 2015, o Brasil registrou 798.366 casos acumulados da doen�a. Entre 2010 e 2014, o Brasil registrou 40,6 mil casos novos/ano, em m�dia.


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