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Estado de Minas

Mesmo com pouco tempo e espa�o, moradores de BH n�o abrem m�o dos pres�pios

Apesar das transforma��es urbanas, popula��o da capital mineira encontra maneiras de reproduzir a cena do nascimento de Jesus em suas casas


postado em 04/12/2016 06:00 / atualizado em 04/12/2016 08:38

Sônia Hermenegildo e a neta Luíza trabalham no cenário para receber a família no Natal(foto: Beto Novaes/EM/D.A PRESS)
S�nia Hermenegildo e a neta Lu�za trabalham no cen�rio para receber a fam�lia no Natal (foto: Beto Novaes/EM/D.A PRESS)
Quando estava com 10 anos, a mesma idade que tem hoje a neta Lu�za, S�nia Queiroz Hermenegildo fez seu primeiro pres�pio. “Sozinha”, recorda-se a aposentada, residente no Bairro Sagrada Fam�lia, na Regi�o Leste da capital. Neste m�s, a tradi��o se mant�m e ela diz que o cen�rio do nascimento de Jesus se torna a parte mais importante da casa.

“Sempre mudo o lugar, desta vez � na varanda. Ao v�-lo pronto, ficamos preparados para receber a fam�lia no Natal”, alegra-se S�nia, casada, m�e de tr�s filhas e com quatro netos e bisnetos. Mesmo com as transforma��es na metr�pole, perda de espa�o dom�stico e falta de tempo, muitos moradores reservam um canto especial para recriar a gruta de Bel�m.

Tamb�m nas igrejas, como a Boa Viagem, frequentadores e visitantes j� podem ver a manjedoura, Jos� e Maria, pastores, anjos e os animais. No caso espec�fico desse Santu�rio Arquidiocesano de Adora��o Perp�tua, o pres�pio homenageia os 80 anos da Adora��o Perp�tua, ali realizada nas 24 horas do dia.


Com os olhos brilhantes, S�nia lembra que seu primeiro pres�pio, na casa onde morava no vizinho Horto, abrigava pe�as muito pequenas, “tudo simples mesmo”. H� duas d�cadas, ela decidiu concretizar um sonho e adquiriu figuras maiores, que fazem agora a alegria da fam�lia. “Gosto muito da celebra��o do Natal, � a chegada de Jesus, que trouxe a boa-nova.

Um s�mbolo de amor, paz”, afirma a professora aposentada, auxiliada na montagem pelo filho Wagner e a nora Adriana, pais de Lu�za. A garota tamb�m colabora e garante que vai manter o costume. “Ela aprendeu direitinho”, confidencia a av�, mostrando o musgo, a serragem, as plantas e o anjo que ir� no alto com a faixa Gloria in excelsis Deo (Gl�ria a Deus nas alturas).

UNI�O FAMILIAR Do outro lado da cidade, no Bairro Gutierrez, na Regi�o Oeste, a especialista em organiza��o Andreia Bernardes, casada e m�e de Henrique, de um ano e meio, faz quest�o de fazer o pres�pio num lugar muito especial do apartamento: sobre o elegante m�vel da radiola (equipamento para tocar discos), que pertenceu � av� Hilda.

“Comecei a fazer na casa da minha m�e, Eur�dice, h� uns tr�s anos. Foi muito bom, pois serviu para reunir novamente toda nossa fam�lia. Na noite de Natal, rezamos o pai-nosso, ceamos e depois passamos para as brincadeiras, como o amigo-oculto. Fica �timo”, ressalta Andreia, ao lado da m�e.

Em torno da manjedoura de madeira, feita por Andreia, m�e e filha se lembram de outros tempos, enquanto o pequeno Henrique dorme o sono da tarde. “Quando mor�vamos em Paracatu (Regi�o Noroeste), minha m�e n�o ficava um ano sem fazer o pres�pio, no ch�o. Plantava o arroz com alguns dias de anteced�ncia, para deix�-lo vem verdinho e no tamanho ideal. Parecia grama e o efeito era muito bonito, pois ficava ao redor de um espelho imitando um lago”, diz Eur�dice, artes� de m�o cheia e autora de uma �rvore natalina toda feita de croch�, com linha no tom bege.

Andreia Bernardes usa o elegante móvel da radiola que foi da avó para dispor as peças(foto: Beto Novaes/EM/D.A PRESS)
Andreia Bernardes usa o elegante m�vel da radiola que foi da av� para dispor as pe�as (foto: Beto Novaes/EM/D.A PRESS)

VISITA��O
No estado, a tradi��o de “armar os pres�pios”, como muitos preferem dizer, � um convite �s pessoas, conhecidas ou n�o, para visitar as casas at� 6 de janeiro, Dia de Reis, quando se encerra o ciclo natalino. A fim de valorizar a cultura local, o Instituto Estadual do Patrim�nio Hist�rico e Art�stico de Minas Gerais (Iepha-MG) promove, em parceria com os munic�pios, o Circuito de Pres�pios e Lapinhas.

Com base no cadastramento dos pres�pios residenciais e comunit�rios, al�m de orat�rios e lapinhas, foi criado um roteiro de visita��o, dispon�vel para consulta a partir de quarta-feira no site da institui��o (www.iepha.mg.gov). Como incentivo, mostra e visita��o ser�o contabilizados na pontua��o do ICMS Cultural.

Al�m disso, est� sendo promovido pelo Circuito Liberdade, coordenado pelo Iepha, o concurso de fotografias no Instagram, com tema tamb�m referente aos pres�pios. Os interessados de todo o estado dever�o acessar o regulamento no site do circuito (www.circuitoculturalliberdade.com.br) e participar enviando suas fotografias em preto e branco ou em cores. Os trabalhos selecionados ser�o exibidos na fachada digital do Espa�o do Conhecimento UFMG.

TOPO DA SERRA O pisca-pisca est� ligado e acende muitas lembran�as. Natural de Ribeir�o Pires, “no topo da Serra do Mar”, em S�o Paulo, a professora de pintura, bordado e artesanato Elizabete Monetti Dumont, moradora h� mais de quatro d�cadas do Bairro S�o Luiz, na Pampulha, aprendeu ainda crian�a a recriar o cen�rio do nascimento de Jesus. Nunca mais parou. “�amos com minha m�e recolher musgos, folhas secas e galhos para o pres�pio”, diz. “Os netos ficam encantados”, lembra.

Mas h� um detalhe que nunca saiu da cabe�a de Elizabete. Aos 11 anos, ela teve enorme decep��o ao saber que Papai Noel n�o existia. O sentimento foi t�o intenso, frustrante, que resolveu n�o alimentar o sonho do bom velhinho nas tr�s filhas. “O problema � que elas n�o se conformaram, me cobraram muito e, hoje, meus netinhos acreditam em Papai Noel.”

Na Igreja da Boa Viagem, o eletricista Ricardo Louren�o terminava, na sexta-feira, o sistema de ilumina��o do pres�pio projetado pela volunt�ria Concei��o Schettini, com ajuda da artista pl�stica Neuza Alvarenga. O p�roco e reitor do santu�rio, padre Marcelo Carlos da Silva, chama a aten��o para um detalhe: “Estamos preparando o lugar onde Jesus vai nascer. Portanto, a imagem do Menino s� poder� ser colocada na manjedoura na passagem do dia 24 para 25”. Ele observa que o mais importante � zelar pela simplicidade e humildade.

Respons�vel pela montagem do pres�pio h� uma d�cada, Concei��o preparou para este ano a homenagem � Adora��o Perp�tua, realizada na Boa Viagem desde 1937 e cujas comemora��es dos 80 anos come�aram no dia 20. Na frente da manjedoura, uma faixa d� as boas-vindas com a frase em latim Venite adoremus (Vinde adoremos), ladeada por sete anjos de juta, com dois metros de altura, e a recria��o dos tubos dourados de um �rg�o musical.

O eletricista Ricardo Lourenço dá retoques finais na fiação da manjedoura da Igreja da Boa Viagem(foto: Beto Novaes/EM/D.A PRESS)
O eletricista Ricardo Louren�o d� retoques finais na fia��o da manjedoura da Igreja da Boa Viagem (foto: Beto Novaes/EM/D.A PRESS)

O significado

A palavra pres�pio significa est�bulo, manjedoura. S�o Francisco de Assis iniciou a tradi��o em 1223, nas redondezas de Greccio, It�lia, com o objetivo de celebrar o Natal da maneira mais realista poss�vel. Com a autoriza��o do papa, ele montou um pres�pio de palha usando uma imagem do Menino Jesus, um boi e um jumento vivos perto dela.

A ideia rapidamente se estendeu por toda a It�lia, especialmente nas casas dos nobres e mais pobres. Na capital e interior de Minas, a tradi��o de fazer pres�pios continua cada vez mais viva. As fam�lias se unem para retirar as figuras das caixas, desdobrar os panos enfeitados com esmeril e caquinhos de vidro, que formam as montanhas, buscar areia e pedras para montar a estrutura e, claro, contar hist�rias e recordar os antepassados.

PARA VISITAR

A partir de ter�a-feira, o tradicional pres�pio do Pal�cio Cristo Rei, em Belo Horizonte, estar� aberto � visita��o, no jardim do pr�dio localizado na Pra�a da Liberdade, na Regi�o Centro-Sul. Nesse dia, �s 18h, o arcebispo metropolitano dom Walmor Oliveira de Azevedo aben�oar� o local, que trar� imagens em tamanho real e inspiradas no Barroco mineiro. J� a partir de quinta-feira, poder�o ser visitados os pres�pios do Santu�rio de Nossa Senhora da Piedade (Ermida da Padroeira de Minas, Igreja Nova das Romarias e Cripta S�o Jos�), em Caet�, na Regi�o Metropolitana de BH. O santu�rio fica aberto das 7h �s 18h, todos os dias. De 14 de dezembro a 6 de janeiro, ser� a vez de conhecer o pres�pio da Tenda Cristo Rei, no terreno onde est� sendo erguida a nova catedral. O hor�rio � das 7h �s 20h, na Avenida Cristiano Machado, 11.910, no Bairro Juliana, Regi�o Norte da cidade (em frente � Esta��o Vilarinho do Metr�).


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