
“A Folia de Reis � um respeito ao nascimento de Jesus. At� o dia 6, nosso grupo visita os pres�pios de Betim, cantando e tocando viola, viol�o, acorde�o, caixa e chocalho”, conta Ant�nio com entusiasmo, enquanto vai vestindo a roupa vermelha e colocando, sobre o rosto, a m�scara feita de couro e chita, para representar os reis Belchior, Baltazar e Gaspar, que visitaram o menino Jesus na gruta de Bel�m. Fazendo a quarta voz no grupo e tocando viol�o, o aposentado diz que se considera um “verdadeiro descendente” dos foli�es, tal a tradi��o na fam�lia.
J� incorporando o personagem, Ant�nio canta um versinho “S�o Jos� e Nossa Senhora, no bolsinho que trazia, partiu um len�o em quatro peda�os, e o Menino j� cobria” e diz que participa da folia h� 60 anos. “Precisamos manter essa manifesta��o cultural t�o importante. Na atualidade, h� jovens que gostam e outros que preferem, infelizmente, as drogas”, afirma o aposentado, que � volunt�rio num grupo de recupera��o e preven��o de dependentes qu�micos.
PESQUISA Depois de um ano de pesquisas, o Instituto do Patrim�nio Hist�rico e Art�stico de Minas Gerais (Iepha-MG) vai apresentar ao Conep, no dia 6, um estudo que identificou, no estado, cerca de 1,5 mil grupos de folias de reis, pastorinhas, terno, charola e outros, informa a presidente da institui��o, Michele Arroyo. Conforme o levantamento, os grupos de 285 munic�pios foram cadastrados, abrangendo todos os 17 territ�rios estaduais demarcados pela atual gest�o. Com 106 grupos, Uberaba, na Regi�o do Tri�ngulo, � o munic�pio com maior n�mero de grupos cadastrados. Em seguida, Jo�o Pinheiro, na Regi�o Noroeste do estado, aparece com 34.
As folias existem em Minas desde os tempos coloniais, encontrando terreno f�rtil primeiro nas fazendas, depois no meio urbano, sempre no per�odo natalino. “� fundamental a presen�a de um pres�pio para essa manifesta��o cultural”, afirma Michele, destacando que a condi��o de patrim�nio imaterial vai criar um di�logo maior com as comunidades, de forma a verificar as necessidades de cada uma, que podem ser falta de recursos, de roupas, instrumentos ou transporte. “Trata-se de uma forma de zelar pela manifesta��o, com pol�ticas de salvaguarda. Por isso mesmo, estamos com a exposi��o de pres�pios no Circuito Liberdade, na Pra�a da Liberdade, na Regi�o Centro-Sul da capital.”
VISITA��O Em iniciativa in�dita e parceria com os munic�pios, o Iepha est� proporcionando a visita��o a diversos pres�pios de Minas. Por meio do Circuito de Pres�pios e Lapinhas de Minas, 250 deles (residenciais e comunit�rios), montados em 150 cidades estar�o abertos ao p�blico at� 6 de janeiro. Um guia online com endere�os e hor�rios para visita��o est� dispon�vel no site www.iepha.mg.gov.br.
Na capital, os espa�os que comp�em o Circuito Liberdade, o Pal�cio Cristo Rei e o Servas, na Pra�a da Liberdade, tamb�m recebem pres�pios que podem ser visitados. O Centro de Arte Popular Cemig e o MM Gerdau Museu das Minas e do Metal organizaram exposi��es de pres�pios, reunindo pe�as de diversos autores em seus espa�os. No Dia de Reis, encerrando o ciclo natalino, diversos grupos far�o um cortejo na Pra�a da Liberdade, convidando o p�blico a participar da festa.
Segundo o Iepha, V�rzea da Palma, na Regi�o Norte, tem nove pres�pios cadastrados no guia online e se destaca por apresentar o maior n�mero de espa�os abertos aos visitantes. Em seguida, est�o Carmo do Cajuru, no Centro-Oeste, com oito, Jaboticatubas, na Regi�o Metropolitana de BH e Medina, no Vale do Jequitinhonha, com sete, Oliveira, no Centro-Oeste com seis e outros tr�s munic�pios com cinco: Bar�o de Cocais (metropolitana), Pirangu�u (sul) e Jequitinhonha.