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Estado de Minas

Sem sa�da a curto prazo, Defesa Civil de BH recomenda fugir de �reas de risco

Menina de 11 anos morre depois de ser arrastada pela enxurrada com irm� e duas colegas. Em apenas 13 dias, �reas da cidade registraram volume de chuva esperado para todo o m�s


postado em 14/12/2016 06:00 / atualizado em 14/12/2016 08:29

Depois de tempestades desde a noite de segunda-feira, estragos se espalharam por Belo Horizonte. Região Norte, onde trecho de rua foi carregado pela força da água,é uma das que enfrentam maior precipitação acumulada(foto: Jair Amaral/EM/DA Pressmãe)
Depois de tempestades desde a noite de segunda-feira, estragos se espalharam por Belo Horizonte. Regi�o Norte, onde trecho de rua foi carregado pela for�a da �gua,� uma das que enfrentam maior precipita��o acumulada (foto: Jair Amaral/EM/DA Pressm�e)
Pouco mais de 12 horas de chuvas intermitentes foram o bastante para espalhar o caos por Belo Horizonte, gerar enxurradas capazes de causar p�nico e morte, al�m de arrastar a capital para um quadro de alerta permanente. Entre a noite de segunda-feira e a tarde de ontem, tempestades deixaram ilhados motoristas e passageiros do transporte p�blico na Avenida Vilarinho, em Venda Nova, e provocaram a primeira morte oficialmente registrada nesta esta��o na capital: uma estudante de 11 anos n�o resistiu ap�s ser levada pela correnteza com a irm� de 10 e outras duas colegas, quando iam para a escola, no Bairro Conjunto Felicidade, na Regi�o Norte. A irm� mais nova est� internada em estado grave. A prefeitura reagiu ao quadro, que incluiu desmoronamentos e dezenas de outros alagamentos, decretando situa��o de emerg�ncia diante dos temporais, que em alguns locais da cidade j� superaram a m�dia hist�rica esperada para dezembro e prometem castigar a cidade pelo menos nos pr�ximos dois dias. Sem solu��es a curto prazo, resta ao belo-horizontino correr da chuva, como aconselha a pr�pria Defesa Civil, que refor�a a recomenda��o para que se fuja dos 80 pontos de inunda��o mapeados na cidade.

V�des mostram enxurrada e PMs resgatando as crian�as


O alerta vale pelo menos at� 2017 – quando nova gest�o assumir� a prefeitura – e � feito por autoridades municipais e especialistas, considerando o cen�rio atual dos sistemas de drenagem em BH e o acumulado de chuvas. No caso da Avenida Vilarinho, por exemplo, onde na noite de segunda-feira cerca de 20 ve�culos ficaram presos na inunda��o e pelo menos seis foram arrastados, o problema � hist�rico e a solu��o, distante. O gargalo foi identificado ainda no primeiro ano da administra��o de Marcio Lacerda, em 2009. Naquela �poca, diagn�stico da Superintend�ncia de Desenvolvimento da Capital (Sudecap) recomendava uma s�rie de interven��es, mas elas n�o sa�ram do papel. E, mesmo se sa�rem, podem ser insuficientes, j� que a PBH est� tentando contratar novos estudos para atualizar as solu��es.

“N�o podemos achar que teremos uma sa�da imediata. A Sudecap est� fazendo estudos, mas at� encontrar uma solu��o as pessoas t�m que adotar medidas de autoprote��o. A Defesa Civil emite alertas. As �reas de risco est�o sinalizadas. As pessoas precisam evitar esses locais, fugir de l�”, aconselha o coordenador da Defesa Civil, coronel Alexandre Lucas. Ele explica que a orienta��o vale para todos os pontos cr�ticos, inclusive locais de antigo registro de problemas, como Avenida Tereza Cristina (do Barreiro � Via Expressa), o cruzamento das avenidas Cristiano Machado e Sebasti�o de Brito, no Bairro Dona Clara; e as avenidas Francisco S� (Prado), Bernardo Vasconcelos (Cachoeirinha) e Prudente de Morais com Joaquim Murtinho, no Cidade Jardim.

O m�s de dezembro em Belo Horizonte � o per�odo em que historicamente mais chove na capital. Na Regi�o de Venda Nova, por exemplo, a chuva j� alcan�ou 91% do esperado para todo o m�s. E a m�dia de 319,4 mil�metros em 31 dias esperada para a cidade j� foi praticamente pulverizada por todo o Vetor Norte, que inclui as regi�es da Pampulha, Venda Nova, Norte e Nordeste. Na Pampulha (331,5mm), esse patamar j� foi superado. Venda Nova (291,8mm), Norte (312,5mm) e Nordeste (311,3mm) est�o bem perto disso.

Sobre as recentes ocorr�ncias nessas regi�es, o coronel Alexandre Lucas explica que o problema � resultado da grande impermeabiliza��o, que causa sobrecarga do sistema de drenagem, associado �s intensas precipita��es. “Com isso, o risco e os desastres se potencializam. Um grande volume de chuva em curto espa�o de tempo � uma grande amea�a em um local vulner�vel. As pessoas t�m que respeitar o perigo nessas �reas e n�o tentar atravessar enxurradas, a p�, de carro ou em qualquer outro meio de transporte”, afirma.

Ele disse que haver� uma reuni�o para apurar por que o �nibus do Move ficou ilhado na Avenida Vilarinho na segunda-feira, para saber se o motorista foi surpreendido ou tentou avan�ar. Na ocasi�o, o sistema de monitoramento hidrol�gico de BH registrou 53,6 mil�metros de �gua em apenas 30 minutos em Venda Nova, segundo a Sudecap. “A precipita��o verificada neste curto espa�o de tempo caracteriza uma chuva de intensidade alta e n�o frequente para a regi�o”, informou a Sudecap, em nota.

Ver galeria . 9 Fotos Chuva provoca alagamento e deixa rastro de destruição na Avenida VilarinhoDivulgação/
Chuva provoca alagamento e deixa rastro de destrui��o na Avenida Vilarinho (foto: Divulga��o/ )
Na avalia��o do professor Nilo de Oliveira Nascimento, do Departamento de Engenharia Hidr�ulica da UFMG, a prefeitura precisa avaliar bem qual medida ser� adotada para enfrentar os problemas de inunda��o na cidade. “S�o obras caras, que precisamm, mais do que aumentar galerias e construir bacias de deten��o, pensar tamb�m no aumento da permeabilidade dessas �reas e investimento nos sistemas de alerta � popula��o”, diz.

A Sudecap admite a insufici�ncia da infraestrutura para drenar a �gua da regi�o, mas aponta a interfer�ncia de outras duas quest�es: o crescimento dos n�veis de ocupa��o na bacia, al�m do comprometimento do funcionamento dessas estruturas pelo ac�mulo de lixo e entulho. De fato, ontem havia muito lixo preso nas grades que separam a linha f�rrea da pista destinada aos carros na Avenida Vilarinho, bem em frente aos terminais de transporte de passageiros do metr� e do Move. Funcion�rios da prefeitura fizeram uma for�a-tarefa para dar conta de toda a sujeira.

Na conta da Sudecap, para resolver o problema est�o tr�s interven��es. Uma delas � a implanta��o da bacia de deten��o do C�rrego Lareira, que, al�m do piscin�o, inclui a constru��o de redes de esgoto,  complementa��o do sistema vi�rio, �reas de uso social, desapropria��es, e remo��o de fam�lias, avaliada em R$ 64 milh�es. Por�m, como empresas entraram na Justi�a e travaram a licita��o, a Sudecap preferiu cancelar o edital e fazer outro, com previs�o de relan�amento no primeiro semestre do ano que vem. Outra a��o complexa necess�ria � a amplia��o do canal da Avenida Vilarinho e tamb�m da Rua Doutor �lvaro Camargos, at� o trecho abaixo da Avenida Cristiano Machado. Al�m disso, � necess�rio ampliar a microdrenagem, aumentando as redes de condu��o da �gua da chuva.

“A popula��o de Venda Nova est� abandonada. Voc� s� escuta a prefeitura falar que n�o tem dinheiro”, diz Rodrigo Ara�jo, de 44 anos, o dono de uma f�brica de ferramentas na Vilarinho, bem perto de onde um �nibus do Move ficou ilhado. Entra ano e sai ano o resultado � o mesmo, segundo ele. Na semana passada, ele contou que a �gua atingiu uma de suas m�quinas e at� hoje ele n�o conseguiu lig�-la. “Parece que depois das interven��es do Move aqui na regi�o, o problema ficou mais frequente. A impress�o que temos � de que todas as constru��es inviabilizaram a drenagem”, completa Rodrigo.


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