Ele � o chofer da carreta que arrastou 23 carros, anteontem, na BR-356, e disse ao Estado de Minas, logo depois de receber alta do Hospital de Pronto-Socorro (HPS) Jo�o XXIII, que tamb�m nasceu de novo. Por milagre, nenhum condutor ou passageiro dos ve�culos atingidos pelo caminh�o guiado por Oseas morreu ou teve ferimentos graves. Tanto que as oito pessoas encaminhadas a hospitais da capital j� voltaram para casa.
Oseas retornaria na noite de ontem. Ele dever� ser ouvido pela Pol�cia Civil de Minas por meio de carta precat�ria nos pr�ximos dias. O laudo da per�cia que oficializar� a causa do desastre dever� ser conclu�do em 30 dias. Pai de quatro filhos, ele mora em Paracambi (RJ) e ganha a vida na profiss�o h� uma d�cada. “N�o vou deixar de ser caminhoneiro. � o que sei fazer. Mas, a partir de agora, quero ficar mais com minha fam�lia, com meus filhos, com minha mulher. Quero fazer viagens curtas”, planeja.
A viagem que terminou na 356, quase em frente ao BH Shopping, come�ou no Rio de Janeiro. Oseas levava 30 toneladas de chapas de a�o para Bras�lia. “O caminh�o n�o estava com sobrepeso”, garantiu. O percurso natural inclui o Anel Rodovi�rio da capital mineira, mas o chofer errou a entrada para a rodovia e continuou na 356.
O acidente ocorreu tr�s quil�metros depois. “Vi as placas (indicando o acesso para o Anel), mas errei o caminho. Foi naquele momento que eu reduzi a velocidade da carreta, pois iria fazer o retorno. O freio pegou normalmente”.
O equipamento, continuou, s� falhou alguns metros adiante: “Pisei no freio e o pedal afundou todo. Acionei o freio de motor. Isso foi no in�cio de uma descida. A carreta estava a 30km/h, mas ganhou um pouco de embalo devido � rampa. Devo ter atingido o primeiro carro, que s� lembro ser da cor preta, a 50km/h”, afirmou.

L�grimas
Emocionado, ele enxugou as l�grimas enquanto recordava o desespero na boleia. “Um sobrinho meu viajava comigo. Ele queria conhecer Bras�lia e o convidei. Quando percebi que o freio falhou, entrei em desespero. Disse a ele sobre o tanto de carros na frente. Pensei em jogar a carreta no acostamento, no barranco. N�o teve jeito. Aconteceu.”
“N�o foi falha minha. Foi falha mec�nica. Mas se eu tivesse um quil�metro a mais de asfalto livre, teria evitado o acidente”, repetiu o homem. Ele garantiu que verificou os freios ainda no Rio de Janeiro, quando tamb�m calibrou os pneus. “Sempre fa�o isso”, afirmou Oseas, que, em seguida, pediu para suspender a entrevista por alguns minutos ao saber que a m�e, uma senhora de 71 anos, acabara de telefonar para o HPS. “Ela n�o sabe como estou. Quero conversar um pouco com ela.”
Minutos depois, ao retornar, disse que deseja voltar rapidamente para casa, onde vai passar o Natal com a fam�lia. “Agrade�o muito a Deus, mais uma vez, por ningu�m ter perdido a vida no desastre. Agora, irei mais � igreja.”