
O Estado apurou que a flota��o virou a principal alternativa em an�lise pela Samarco depois que o projeto de constru��o de tr�s diques em s�rie ao longo do Rio Gualaxo apresentado pela mineradora foi rejeitado h� menos de um m�s pelo Comit� Interfederativo (CIF), criado para orientar e validar as a��es de recupera��o do desastre que matou 19 pessoas e deixou 1.500 pessoas desabrigadas.
A proposta de construir tr�s diques galg�veis e filtrantes entre as cidades de Mariana e Barra Longa para impedir que a lama do Gualaxo chegue at� o Rio do Carmo, um dos formadores do Rio Doce, foi feita em agosto pela Samarco. Ap�s sete reuni�es, os t�cnicos dos governos federal, de Minas, do Esp�rito Santo que comp�em o comit� reprovaram a medida emergencial, alegando inefici�ncia.
No dia 24 de novembro, o CIF publicou uma delibera��o na qual afirma que "a documenta��o apresentada pela Samarco foi considerada tecnicamente insuficiente para demonstrar a efici�ncia dos diques para a melhoria da qualidade da �gua do Rio Gualaxo do Norte". Segundo o despacho, "os produtos qu�micos propostos para serem aplicados nas bacias dos diques n�o possuem registro no Ibama e seus efeitos ecotoxicol�gicos ainda s�o desconhecidos".
O CIF recomendou que a Samarco apresente aos �rg�os ambientais "solu��es eficazes e definitivas visando a cessa��o dos danos ambientais na calha e margens do rio Gualaxo do Norte" que sejam "adotadas antes do pr�ximo per�odo chuvoso", que come�a em outubro de 2017, "n�o sendo admitida a continuidade da polui��o gerada em decorr�ncia do desastre ambiental".
De acordo com Marcelo Belis�rio, superintendente do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renov�veis (Ibama) em Belo Horizonte, os tr�s diques at� poderiam reter sedimentos maiores, mas n�o conseguiriam impedir a passagem de part�culas menores de �xido de ferro, por exemplo, que d�o o tom alaranjado � �gua e provocam turbidez, comprometendo a vida aqu�tica.
"Os diques do Gualaxo n�o s�o eficientes para a conten��o de todos os rejeitos, principalmente para recupera��o da �gua. Eles n�o eliminam o DNA da minera��o que ainda est� na �gua. E pelo prazo de sete meses para execu��o proposto pela Samarco (a previs�o inicial era de quatro meses), eles perdem a caracter�stica de emerg�ncia", afirma Belis�rio. "Agora, a alternativa analisada � a da Unidade de Tratamento de Rio, da flota��o, como � feito no Zool�gico de S�o Paulo. J� existem exemplos no Pa�s de esta��es de tratamento instaladas no leito do rio e isso est� em estudo pela Samarco", completou.
A flota��o � uma t�cnica de remo��o de sujeira que utiliza produtos qu�micos para agrupar os detritos em blocos e depois suspend�-los na �gua por meio de inje��o de bolhas de ar, formando um lodo que pode ser removido com mais facilidade. O m�todo j� � utilizado h� anos nos lagos dos parques do Ibirapuera e Aclima��o, em S�o Paulo, na Lagoa da Pampulha, em Minas, e no Rio Arroio do Fundo e Piscin�o de Ramos, no Rio de Janeiro.
Em 2001, o governo de S�o Paulo anunciou a flota��o como solu��o para limpar o Rio Pinheiros e poder bombe�-lo para a Represa Billings, aumentando o potencial energ�tico na Usina Henry Borden, em Cubat�o. Ap�s paralisa��o motivada por a��o judicial movida pelo Minist�rio P�blico Estadual (MPE), testes chegaram a ser feitos entre 2007 e 2010, mas foram considerados insuficientes para eliminar todos os poluentes, como o nitrog�nio amoniacal, encontrado no esgoto.
T�cnica em SP voltou � pauta na crise h�drica
In�cio: Em 2001, o governo Alckmin anuncia projeto para despoluir o Rio Pinheiros com a flota��o, mas liminar obtida pela Promotoria barra a medida em 2003.
Testes: Ap�s acordo, testes s�o feitos de 2007 a 2010, mas laudos apontaram que t�cnica n�o barrava todas subst�ncias do esgoto. Em 2011, Alckmin desiste da a��o.
Retorno: Em 2015, no auge da crise h�drica, Alckmin retoma discurso da flota��o para poder captar mais �gua da Billings, mas ideia fica no papel ap�s volta das chuvas.
Samarco diz que ainda analisa veto
A Samarco informou em nota que ainda est� "analisando" a delibera��o do Comit� Interfederativo (CIF) que rejeitou o projeto de constru��o dos tr�s diques e cobrou solu��o definitiva para conter a polui��o no Rio Gualaxo do Norte, em Mariana (MG), e n�o deu detalhes sobre o estudo envolvendo a t�cnica de flota��o.
Em fevereiro deste ano, a mineradora concluiu a constru��o de tr�s diques (S1, S2 e S3) nas �reas das barragens de Fund�o e Santar�m para tentar impedir que os rejeitos remanescentes chegassem at� o Rio Gualaxo, mas as estruturas n�o deram conta da lama nos per�odos chuvosos. Agora, constr�i um quarto dique em Bento Rodrigues, distrito devastado pela trag�dia.
"A Samarco reitera que j� foi conclu�do o alteamento do dique S3, estrutura implementada para ajudar na conten��o dos rejeitos remanescentes na barragem de Fund�o.O dique S4, que � a �ltima estrutura de conten��o da empresa antes do rio Gualaxo do Norte, est� em fase de obras e ser� conclu�do at� janeiro de 2017. A empresa continuar� com suas a��es para conten��o dos rejeitos e controle dos processos erosivos", afirmou.