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Estado de Minas TRADI��O DE NATAL

Pres�pio com cinco n�veis exige at� habilidades de engenheiro

O pres�pio que enfeita a casa de dona Maria Jos� cresce desde 1959 e tem hoje cinco n�veis. A homenagem ao Menino Jesus exige ajuda especializada do filho engenheiro e encanta o neto


postado em 21/12/2016 06:00 / atualizado em 21/12/2016 07:46

Tablado de três metros de comprimento e um de largura sustenta o cenário com 44 casinhas e trenzinho de Maria José e sua
Tablado de tr�s metros de comprimento e um de largura sustenta o cen�rio com 44 casinhas e trenzinho de Maria Jos� e sua "equipe": M�rio S�rgio e o pequeno Raphael (foto: Fotos: Alexandre Guzanshe/EM/D.A Press)
 

Na v�spera do Natal, a professora aposentada Maria Jos� Caldas Teixeira mant�m um costume que a acompanha desde 1959, ano em que se casou e montou o primeiro pres�pio para celebrar a chegada do Menino Jesus. Moradora do Bairro do Carmo, na Regi�o Centro-Sul de Belo Horizonte, ela conta que, pouco antes da meia-noite do dia 24, vai ao fog�o, p�e �gua numa panela com cravo e canela e deixa ferver. “� muito bom, o aroma invade toda a sala, o clima fica mais gostoso e acolhedor”, conta a simp�tica senhora de 84 anos, m�e de quatro filhos – “um por ano”, faz quest�o de dizer – e av� quatro vezes. Ao lado do filho M�rio S�rgio e do neto Raphael, de 3 anos e meio, Maria Jos�, vi�va, confessa que sua maior alegria, nesse per�odo, � realmente o pres�pio: “Muito precioso para todos n�s.”

Tudo come�ou com as figuras da sagrada fam�lia (Jos�, Maria e Jesus, na manjedoura), os reis magos, os pastores, a vaquinha e o burrinho. “Comprei as pe�as na Casa Cor que havia no Centro da cidade. Depois, eu mesma restaurei o conjunto de imagens, embora n�o tenha mais todas”, recorda a aposentada natural de Paracatu, na Regi�o Noroeste de Minas, e que chegou � capital aos 18 para estudar no Instituto de Educa��o e depois se formar em pedagogia na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). “Curioso � que na casa dos meus pais n�o tinha pres�pio, mas eu gostava muito de ver os grupos de pastorinhas nas ruas. Sempre achei bonito”, afirma.

Na grande vila, a gruta de Belém ainda exibe peças do primeiro presépio montado pela professora aposentada e restauradas por ela(foto: Fotos: Alexandre Guzanshe/EM/D.A Press)
Na grande vila, a gruta de Bel�m ainda exibe pe�as do primeiro pres�pio montado pela professora aposentada e restauradas por ela (foto: Fotos: Alexandre Guzanshe/EM/D.A Press)

O tempo passou e o cen�rio do nascimento de Jesus, na casa da fam�lia em BH, foi crescendo, at� ocupar, hoje, um tablado de 3 metros (m) de comprimento por 1m de largura, com cinco n�veis. S� para montar, s�o dois meses de trabalho. H� 15 anos, M�rio S�rgio, engenheiro civil e professor universit�rio, assumiu o comando e recebe a ajuda do pequeno Raphael. Da recria��o inicial da gruta de Bel�m, o pres�pio se tornou uma vila iluminada, com suaves can��es natalinas, 44 casinhas, trem de ferro em movimento, cachoeira, catedrais, igrejas, al�m de todos os equipamentos que p�em uma cidade para funcionar.

OUTROS TEMPOS

Ouvir as hist�rias do pres�pio de Maria Jos� � tamb�m viajar em outros tempos da capital e escutar nomes de antigos estabelecimentos comerciais. Al�m da Casa Cor (pronunciava-se c�r), especializada em artigos religiosos, ela se lembra da Sears, na Rua da Bahia, na qual adquiriu as casas de uma pracinha. Nos primeiros anos, a professora comprava “balaios de musgos por 250 cruzeiros”, que iam compor as montanhas feitas de papel camur�a e hoje de veludo verde.

M�rio S�rgio ouve as explica��es da m�e com aten��o, d� uma ajeitada numa luz lateral e se mostra entusiasmado com o pres�pio. Onde quer que v�, ele traz pe�as e vai compondo ambientes. No canto esquerdo, pode-se ver uma pequena praia com um farol; no outro, ponte, floricultura, ruas com postes, dois meninos tocando o sino da igreja, entre tantas outras cenas representativas do Natal. “J� fiz at� um making of , fotografei tudo, mas de um ano para outro sempre h� diferen�as, n�o tem jeito”, conta ao lado de Raphael, que, no pula-pula das crian�as, garante que vai manter a tradi��o familiar.

BARULHINHO BOM
Maria Jos� revela que a pior parte, l� pelo fim de janeiro, � desmontar o pres�pio. Para facilitar, ela e o filho mant�m todas as pe�as numeradas, cadastradas num caderno, para que nada se perca. Sentada no sof� da sala, ela diz que o per�odo de contempla��o do pres�pio � muito especial. “Gosto de ficar aqui, � noite, olhando, ouvindo o barulhinho da �gua caindo”. Agora � esperar pela ceia do dia 24, p�r o Menino Jesus na manjedoura e receber o carinho dos filhos M�rio S�rgio, Marina, psicanalista e professora, M�rio L�cio, comerciante, e Let�cia, fonoaudi�loga e professora da UFMG. No porta-retrato, ela olha com saudade o marido, o portugu�s M�rio Teixeira, falecido em 2009.

Bem perto da manjedoura, Maria Jos� p�e uma imagem de S�o Francisco de Assis, numa homenagem �quele que fez o primeiro pres�pio. Ele iniciou a tradi��o em 1223, nas redondezas de Greccio, It�lia, para celebrar o Natal da maneira mais realista poss�vel.

 

Iepha mapeia folias de reis
Depois de um ano de pesquisas, o Instituto do Patrim�nio Hist�rico e Art�stico de Minas Gerais (Iepha-MG) vai apresentar ao Conselho Estadual do Patrim�nio (Conep), no dia 6, um estudo que identificou, no estado, cerca de 1,5 mil grupos de folias de reis, pastorinhas, terno, charola e outros. Os grupos de 285 munic�pios foram cadastrados, abrangendo todos os 17 territ�rios estaduais demarcados pela atual gest�o. Com 106 grupos, Uberaba, na Regi�o do Tri�ngulo, � o munic�pio com maior n�mero de grupos cadastrados. Em seguida, Jo�o Pinheiro, na Regi�o Noroeste do estado, aparece com 34. As folias existem em Minas desde os tempos coloniais, encontrando terreno f�rtil primeiro nas fazendas, depois no meio urbano, sempre no per�odo natalino.


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