Per�odo chuvoso gera plano de emerg�ncia para bacia do Rio Doce

As chuvas torrenciais de dezembro, em Minas Gerais, acenderam o sinal de alerta nas �reas de minera��o, especialmente ao longo da Bacia do Rio Doce, que sofreu os efeitos do rompimento da Barragem do Fund�o, em Mariana, na Regi�o Central, ocorrido h� um ano e dois meses. Para evitar novos traumas – a maior trag�dia socioambiental degradou rios, devastou a vegeta��o, destruiu comunidades e deixou 19 mortos –, est� em andamento um plano de emerg�ncia para o per�odo, a cargo da Funda��o Renova, com medidas preventivas e contingenciais a fim de minimizar os impactos na sociedade, no meio ambiente e na atividade econ�mica nos locais atingidos, informa o presidente da entidade, o bi�logo e mestre em administra��o de empresas Roberto Silva Waack.

Entre as metas desse “gabinete de crise”, adianta Waack, est� a implementa��o dos centros de comando, com equipes especializadas, sendo a base central em Mariana, e tr�s regionais em Barra Longa, na Zona da Mata, Governador Valadares, na Regi�o Leste e Colatina (ES). “Os centros t�m a fun��o de gerir o plano, no per�odo chuvoso, mantendo comunica��o direta e subordina��o �s coordenadorias de Defesa Civil e aos �rg�os ambientais. Esse modelo de atua��o permite um melhor acompanhamento dos dados e a��es, pela sociedade, a partir de uma comunica��o integrada e agilidade na tomada de decis�es”, afirma. Ele acrescenta que foram feitas melhorias nas esta��es de tratamento de �gua e realizadas oficinas com os t�cnicos que operam tais unidades e implantadas capta��es alternativas, com a perfura��o de po�os artesianos e instala��o de adutoras.

Desde a cria��o da Funda��o Renova, em agosto, foram atendidos 40 munic�pios mineiros e capixabas ao longo dos 700 quil�metros do Rio Doce, numa �rea do tamanho de Portugal, iniciada a recupera��o de 5 mil nascentes, em parceria com o Instituto Terra, resgatados, nos distritos e subdistritos impactadas 2 mil bens arquitet�nicos de igrejas (pe�as sacras, documentos e tecidos), assistidos 7 mil animais e assumido o compromisso de revegeta��o de 40 mil hectares. “Estamos agora numa segunda fase, que � entender a realidade de cada um em todos os sentidos, aprofundar a compreens�o das diversas comunidades, j� que s�o situa��es absolutamente heterog�neas. Cada caso � um caso, s�o necess�rias solu��es individuais quanto a indeniza��o, recomposi��es de �reas agr�colas, regulariza��o de propriedades ribeirinhas de acordo com o C�digo Florestal e outras”, diz Waack. Ele destaca que a Renova e a Empresa de Assist�ncia T�cnica e Extens�o Rural (Emater-MG) assinaram um contrato de presta��o de servi�os para a recupera��o das propriedades atingidas pelo rompimento da barragem. A expectativa � que em tr�s anos possam ser vistos os primeiros resultados sociais, ambientais e econ�micos.

OBJETIVOS “S�o muitos desafios, sendo o maior deles a governan�a, pois precisamos de solu��es t�cnicas para problemas que v�o surgindo”, diz o presidente da Funda��o Renova, que tem 41 programas e 150 projetos a serem conduzidos. Ele explica que ainda vai demorar um tempo para que seja desfeita a confus�o, pela popula��o, entre a Funda��o Renova e a Mineradora Samarco S.A. e suas controladoras Vale e BHP Billiton, donas da Barragem do Fund�o. “Isso precisa acabar. Temos que olhar para o futuro, envolver e mobilizar as comunidades para fazer nosso trabalho, conciliando os aspectos sociais, ambientais e econ�micos”, afirma.

A Funda��o Renova � uma institui��o aut�noma e independente constitu�da para reparar os danos causados pelo rompimento da Barragem do Fund�o. Entidade privada, sem fins lucrativos, foi criada para “garantir transpar�ncia, legitimidade e senso de urg�ncia a um processo complexo e de longo prazo”. A funda��o foi estabelecida por meio de um Termo de Transa��o e de Ajustamento de Conduta (TTAC), assinado entre Samarco, suas acionistas, os governos federal e dos estados de Minas Gerais e do Esp�rito Santo, al�m de uma s�rie de autarquias, funda��es e institutos (como Ibama, Instituto Chico Mendes, Ag�ncia Nacional de �guas, Instituto Estadual de Florestas, Funai, secretarias de Meio Ambiente e outros).

 

Projeto Novo Bento

Uma das maiores expectativas dos moradores do antigo subdistrito de Bento Rodrigues, em Mariana, na Regi�o Central, arrasado pelos rejeitos de min�rio vazados da Barragem do Fund�o, � ver conclu�do o projeto definitivo do local onde v�o residir. Segundo o presidente da Funda��o Renova, Roberto Silva Waack, o projeto urban�stico vem sendo constru�do conjuntamente com a comunidade, a comiss�o de representantes e a C�ritas, assist�ncia t�cnica que apoia a comunidade nas decis�es relacionadas ao processo de repara��o. “A partir do di�logo com as fam�lias em rela��o ao projeto do novo Bento, ficou claro o desejo de se respeitar e manter as rela��es de vizinhan�a. Em fun��o disso, o desenvolvimento do projeto est� sendo feito por meio de discuss�es com pequenos grupos de fam�lias vizinhas. A previs�o � de que esses debates aconte�am ao longo dos pr�ximos dois meses para que todas as fam�lias possam dar sua contribui��o ao projeto”.  A expectativa � de que o novo Bento Rodrigues fique pronto em mar�o de 2019. Com 375 hectares, o terreno na localidade de Lavoura, eleito pela comunidade e adquirido pela empresa, fica a oito quil�metros do subdistrito destru�do pela lama.