
Erros de c�lculos no projeto, redu��o de material na constru��o da estrutura e dimens�o indevida dos blocos de sustenta��o dos pilares: esses s�o os principais fatores apontados em laudo oficial do Instituto de Criminal�stica da Pol�cia Civil como determinantes para a queda da al�a sul do Viaduto Batalha dos Guararapes, no Planalto, Regi�o Norte de Belo Horizonte. No desmoronamento parcial do elevado, em 3 de julho, um micro-�nibus, um Fiat Uno e dois caminh�es foram esmagados pelos destro�os, matando duas pessoas e deixando 23 feridas. Em nota divulgada nessa quinta-feira, a corpora��o revelou parte das conclus�es do documento, que ser� enviado quarta-feira ao delegado Hugo e Silva, que apura o caso.
Conforme o Estado de Minas antecipou em sua edi��o de ontem, o laudo aponta que a ruptura da base do pilar 3 da al�a sul provocou o afundamento da estrutura e, por consequ�ncia, a queda da estrutura superior (tabuleiro) do elevado sobre a Avenida Pedro I. O documento tamb�m revela que n�o houve contribui��o de causas geol�gicas para o incidente. Segundo fonte ouvida pelo EM, a pouca quantidade de a�o da estrutura deixou o bloco de sustenta��o enfraquecido. Em apenas um dos pontos, constatou-se que havia de 15% a 20% menos a�o do que o necess�rio na arma��o. A conclus�o � semelhante ao estudo t�cnico apresentado pela construtora Cowan, respons�vel pela obra, em 22 de julho, 19 dias depois do desabamento.
“No estudo da Cowan, um especialista (Cat�o Francisco Ribeiro) refez os c�lculos dentro de sua concep��o e depois comparou com os dados do projeto da Consol Engenheiros Consultores. J� as an�lises dos peritos do Instituto de Criminal�stica se concentraram na busca de explica��es para a queda da al�a sul do viaduto. Da�, constatou-se que os c�lculos do projetista tinham falhas m�nimas, mas que n�o provocariam o desabamento. Por�m, erros na transposi��o desses c�lculos para o projeto resultaram na redu��o do volume de a�o na execu��o da obra e na fragilidade do bloco de sustenta��o”, explicou um t�cnico, que pediu anonimato.
Segundo ele, a trag�dia poderia ser evitada caso o projeto tivesse passado por verifica��o e detalhamento, conforme prev� a Resolu��o 6.118 da Associa��o Brasileira de Normas T�cnicas (ABNT). A Superintend�ncia de Desenvolvimento da Capital (Sudecap), �rg�o p�blico respons�vel pela obra, n�o informou se o projeto da Consol foi submetido a an�lises de seus t�cnicos ou de empresa independente de verifica��o. Em nota, informou que a Prefeitura de Belo Horizonte vai aguardar o laudo oficial da per�cia para se manifestar. J� a Cowan, em nota, informou ter recebido o projeto da Sudecap, aprovado e assinado, para ser executado.
O laudo do Instituto de Criminal�stica est� em fase final de elabora��o, mas, segundo a Pol�cia Civil, destaca diversos itens para explicar as causas do acidente, incluindo o que aponta para erros de c�lculo que levaram � redu��o da quantidade de materiais usada na constru��o da estrutura. Outra constata��o � referente ao tamanho inadequado dos blocos de sustenta��o dos pilares. Com rela��o � an�lise do terreno n�o foi encontrada rela��o entre o solo e a queda da estrutura.
Depois de analisar o documento, o delegado Hugo e Silva, respons�vel pelo inqu�rito policial, vai avaliar se h� necessidade de mais esclarecimentos ou informa��es t�cnicas complementares para prosseguir na apura��o do incidente. A etapa seguinte ser� ouvir representantes das empresas envolvidas e os respons�veis pela obra sobre os pontos falhos revelados pela per�cia. Devido � complexidade das investiga��es, o delegado pediu � Justi�a aumento do prazo para concluir o inqu�rito.
Trag�dia
A al�a sul do viaduto Batalha dos Guararapes come�ou a ruir �s 15h05 do dia 3 de julho e demorou oito segundos para atingir o ch�o. Na queda, esmagou o Uno dirigido pelo auxiliar de servi�os gerais Charlys Frederico Moreira do Nascimento, de 25 anos, cujo corpo foi resgatado depois de 15 horas. O micro-�nibus dirigido por Hanna Cristina Santos, de 25, bateu na estrutura que caiu. Ela morreu e 23 passageiros do coletivo ficaram feridos. Desde ent�o, moradores de dois residenciais vizinhos convivem com o medo de queda da al�a norte, que foi escorada. O tr�nsito na Avenida Pedro I est� interditado, sem previs�o de libera��o.
Projetista nega responsabilidade
A dire��o da Consol Engenheiros e Consultores, projetista do Viaduto Batalha dos Guararapes, n�o se surpreendeu com a informa��o de erro na transposi��o de c�lculos para o projeto final. O engenheiro Maur�cio de Lana, diretor-presidente da empresa, afirmou ontem que, ao rever a documenta��o depois do acidente, constatou a falha e informou �s autoridades que apuram o caso. “Mas tal erro n�o seria raz�o suficiente para explicar a queda. O projeto prev� uma carga maior, como o tr�fego de ve�culos, for�a do vento, entre outros fatores, que n�o incidiam sobre a estrutura que caiu.”
Maur�cio de Lana n�o atribui ao afundamento do pilar 3 o motivo do desabamento da al�a sul. “N�o � a causa, mas a consequ�ncia”, afirma. Para ele, ruptura na estrutura superior, que seria o piso do viaduto, chamado de tabuleiro, entre os pilares 3 e 4, provocou a queda de toda estrutura. O empres�rio afirma que est� realizando uma avalia��o, com a qual pretende contestar as informa��es dos estudos da Cowan e da per�cia do Instituto de Criminal�stica.