Uma amea�a a mais para motoristas e passageiros que trafegam pelas j� perigosas estradas mineiras. Al�m dos riscos representados pelos tra�ados perigosos, falta de manuten��o e de duplica��o e imprud�ncia – que se refletem em acidentes como os que j� causaram pelo menos 14 mortes desde o in�cio da Opera��o Natal nas rodovias – a intensidade da esta��o chuvosa e seus efeitos sobre a malha vi�ria tornaram-se raz�o de mortes e preocupa��o adicional. As chuvas da primeira metade de dezembro provocaram pelo menos duas situa��es em que carros foram engolidos por crateras que se abriram diante de seus condutores, em um dos casos causando tr�s mortes e deixando um beb� desaparecido, em Ribeir�o das Neves. Foi a segunda ocorr�ncia do tipo em apenas tr�s dias. Antes, um trecho da MGC-381, estrada que liga Governador Valadares a Mantena, no Vale do Rio Doce, desmoronou, levando uma caminhonete com tr�s pessoas para dentro de um c�rrego. Nesse caso, todos se salvaram, mas o susto e o preju�zo continuam vivos para as v�timas.
O alerta para situa��es do tipo se torna mais importante diante da previs�o de mais chuvas no per�odo do r�veillon e da previs�o de intensifica��o do tr�fego nas rodovias, em fun��o da virada do ano e das f�rias de janeiro. Embora deem dicas para que motoristas tentem se prevenir (veja quadro), as pol�cias Militar Rodovi�ria e Rodovi�ria Federal advertem que esse tipo de situa��o � imprevis�vel. A melhor provid�ncia � evitar viagens durante chuvas prolongadas de forte intensidade.
No epis�dio da estrada que se abriu em Neves, o tr�nsito flu�a normalmente pela LMG-806 quando o volume de �gua do c�rrego que passa sob o km 5 subiu devido � chuva forte e arrebentou as manilhas embaixo da rodovia, entre 3h30 e 4h da madrugada de 14 de dezembro. A estrada se dividiu em duas, impedindo completamente o tr�fego. Testemunhas informaram que um motoqueiro passava pelo local e n�o conseguiu evitar a queda. “Ele caiu, mas conseguiu sair quase por conta pr�pria, com a ajuda de algumas pessoas”, disse uma testemunha.
Pelo menos um motoqueiro teria sinalizado para o motorista Bruno Diniz, de 29 anos, que dirigia um caminh�o basculante, tentando alertar sobre o buraco. Mas n�o foi poss�vel e o ve�culo caiu no v�o livre de cerca de 10 metros de altura. “Quando chegamos, o motorista do caminh�o estava amarrado do lado de fora, por uma corda provavelmente lan�ada por pessoas que estavam no local. Ele falou que mais quatro pessoas estavam no caminh�o: duas mulheres, uma crian�a e outro homem”, contou o sargento Marcilio Jos� de Oliveira C�ndido, do Corpo de Bombeiros. Bruno foi socorrido com uma luxa��o no f�mur. Os corpos das mulheres e do homem foram encontrados, mas a crian�a segue desaparecida.
No dia 12, situa��o semelhante aconteceu na MGC-381, entre Valadares e Mantena. A rodovia � a continua��o da BR-381 e se abriu devido � chuva no munic�pio de Central de Minas. A caminhonete conduzida por Milton Correia de Souza, de 45 anos, onde estavam tamb�m Carmen Coelho de Souza, de 56, e Joaquim Martins de Souza, de 61, foi arrastada para dentro do c�rrego. Milton foi liberado depois de receber atendimento em Central de Minas. O casal Carmen e Joaquim ainda passa por cuidados m�dicos em Ipatinga.
“Ainda estava escuro quando passamos e eu n�o vi o buraco. Acho que foi isso que nos salvou, porque a caminhonete bateu no barranco e caiu s� com a traseira na �gua, e assim conseguimos sair. Depois, o c�rrego puxou o carro todo. Se eu tivesse freado, acho que cairia de bico e talvez n�o estivesse mais aqui”, conta Milton, que � caminhoneiro e est� afastado do trabalho devido �s dores que ainda sente no peito. Ele est� desmontando a caminhonete Amarok, que n�o tinha seguro, para consertar os estragos. O preju�zo deve chegar a R$ 20 mil. “ � a segunda vez que isso acontece no mesmo ponto. A gente � obrigado a pagar impostos para as coisas andarem e ainda est� sujeito a isso”, protesta.
Segundo o tenente Waldomiro Ferreira, da PMRv, alguns cuidados durante temporais podem ajudar numa situa��o de emerg�ncia. “O ideal � n�o se deslocar em per�odos de chuvas intensas e tamb�m quando houver pouca visibilidade. Se voc� for surpreendido por chuvas torrenciais, pare o ve�culo em local seguro e aguarde o tempo melhorar. As pessoas tamb�m n�o devem arriscar transpor �reas alagadas”, aconselha.
J� o inspetor Aristides J�nior, do N�cleo de Comunica��o Social da PRF em Minas, lembra que o mais seguro � parar em postos de gasolina, evitando usar o acostamento para n�o aumentar o risco de um acidente. “Se as pessoas observaram pontos de rodovias com ac�mulo de �gua, devem imediatamente avisar � pol�cia, pois isso pode ser um sinal de entupimento de manilha que vai trazer um problema mais grave”, orienta.