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Estado de Minas

Diretor de Patrim�nio de Congonhas comenta descoberta de ferramentas do s�culo 18

Instrumentos achados por restaurador em templo barroco de Congonhas e que, provavelmente, pertenceram ao entalhador portugu�s Servas, testemunham processo construtivo do s�culo 18


postado em 28/12/2016 06:00 / atualizado em 28/12/2016 07:47

Malhos de madeira e verruma (abaixo) descobertos durante as obras de restauração da Matriz de Nossa Senhora da Conceição, provavelmente feitos pela equipe de Servas(foto: Escritório Técnico de Congonhas/Iphan-MG/Divulgação)
Malhos de madeira e verruma (abaixo) descobertos durante as obras de restaura��o da Matriz de Nossa Senhora da Concei��o, provavelmente feitos pela equipe de Servas (foto: Escrit�rio T�cnico de Congonhas/Iphan-MG/Divulga��o)

(foto: Escritório Técnico de Congonhas/Iphan-MG/Divulgação)
(foto: Escrit�rio T�cnico de Congonhas/Iphan-MG/Divulga��o)
Um achado na Matriz de Nossa Senhora da Concei��o, templo barroco de Congonhas, na Regi�o Central, joga mais luz sobre a forma de trabalhar dos escultores do s�culo 18 e traz � tona da hist�ria da arte o nome do entalhador portugu�s Francisco Vieira Servas (1720-1811), que trabalhou nessa e em outras cidades do per�odo colonial. Uma verruma, instrumento de perfurar parecido com uma pua, de madeira e ferro, e dois malhos de madeira, tamb�m conhecidos como macetes, foram encontrados por um restaurador dentro do arco do cruzeiro, estrutura executada por Servas, tamb�m autor do ret�bulo-mor da igreja. “� uma descoberta muito importante de objetos que, tudo indica, pertenceram ao artista portugu�s ou � equipe de seu ateli�”, disse, ontem, o diretor de Patrim�nio da prefeitura local, o escultor Luciomar Sebasti�o de Jesus.

Entusiasmado, Luciomar explicou que as ferramentas artesanais, certamente feitas pelos pr�prios entalhadores, podem ter sido esquecidas e n�o deixadas de prop�sito. Na sua avalia��o, passados quase tr�s s�culos – a matriz � de 1734 –, ele acredita que o arco do cruzeiro tenha funcionado como uma “c�psula ou m�quina do tempo”, mantendo intacto o conjunto. “Quando vi as tr�s pe�as, fiquei impressionado e comentei sobre a excepcional descoberta com o restaurador Geraldo Eust�quio Mendes de Ara�jo. Isso significa um la�o com o passado, preenche lacunas e serve de caminho para compreendermos melhor o jeito de trabalhar naqueles tempos”, conta Luciomar.

As ferramentas estavam pouco acima do “entablamento”, dentro do arco do cruzeiro. “As t�buas que o comp�em formam um envelopamento, o que permitiu que ficassem escondidas. Pelo que vimos, o arco nunca foi aberto, tal as condi��es da policromia e dos cravos existentes”, disse Luciomar. Logo que foi encontrado, o material foi entregue ao titular da par�quia, padre Paulo Barbosa, que pretende, quando terminarem as obras de restaura��o da matriz, com recursos do Programa de Acelera��o do Crescimento (PAC) das Cidades Hist�ricas, coloc�-las em exposi��o permanente. Em Congonhas, Servas, contempor�neo de Francisco Antonio Lisboa, o Aleijadinho (1737-1814) deixou sua marca tamb�m na Igreja de Nossa Senhora do Ros�rio, j� restaurada, e Santu�rio do Senhor Bom Jesus de Matozinhos, reconhecido com Patrim�nio da Humanidade pela Organiza��o das Na��es Unidas para a Educa��o, a Ci�ncia e a Cultura (Unesco).

EMO��O O achado ocorrido h� tr�s semanas e divulgado ontem se deu quando o restaurador Geraldo Eust�quio removia o “envelopamento” do arco do cruzeiro e viu a verruma e depois os dois malhos e a verruma. “Quando encontrei a verruma e peguei nela, me senti um entalhador do S�culo 18. Guardamos o material, chamamos o escultor Luciomar Sebasti�o de Jesus, que conhece profundamente todo o acervo hist�rico das igrejas de Congonhas. Em seguida, avisamos ao p�roco. Ao encontrar os malhos e saber que o arco do cruzeiro � atribu�do a Servas, tive outra emo��o. A parte superior do arco, onde estavam as pe�as, n�o tinha o menor ind�cio de viola��o”, afirmou Geraldo, explicando que, antigamente, se usava a verruma, o ferro de pua e o trado. “Atualmente, se usa a furadeira el�trica”.

Para o diretor de Patrim�nio, a descoberta tem um car�ter mais surpreendente, “pois nunca se ouviu falar que algu�m tenha encontrado uma ferramenta associada a um grande entalhador do s�culo 18”. Para Luciomar, “elas v�o atrair estudiosos e curiosos sobre o fazer art�stico daquele per�odo. S�o testemunhas de um intrincado processo construtivo da �poca, que nos revela a t�cnica dos grandes mestres”.

Estilo pr�prio

Nascido em Portugal, Francisco Vieira Servas (1720-1811) trabalhou como entalhador e escultor em madeira nas igrejas de Nossa Senhora da Concei��o, em Catas Altas, no Santu�rio do Senhor Bom Jesus do Matosinhos e de Nossa Senhora da Concei��o, em Congonhas; e de Nossa Senhora do Ros�rio, de Mariana, al�m de outras em Ouro Preto, Itaverava e S�o Jo�o del-Rei. Segundo os especialistas, ele criou estilo pr�prio na concep��o dos altares, com destaque para um elemento denominado arbaleta (arremate sinuoso).


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