A Santa Casa de Belo Horizonte entrou nesta quarta-feira na Justi�a Federal com pedido de reintegra��o de posse de um im�vel localizado na Avenida Alfredo Balena com a Alameda Ezequiel Dias. Segundo a institui��o, o im�vel, que j� abrigou a Funda��o Navantino Alves, foi invadido no s�bado por aproximadamente 70 pessoas.
Ainda hoje, a Copasa cortou a �gua do im�vel, o que provocou a revolta dos ocupantes, que cobram a abertura de di�logo com a institui��o. “Tenho apenas uma mamadeira com �gua, mas com esse calor ela ficou muito quente", disse Leidiane Rom�o, de 28 anos, que amamentava no peito o filho de 1 ano e 9 meses para matar sua sede.
Os ocupantes do im�vel afirmam que est�o no local h� um ano e quatro dias e que n�o receberam nenhuma comunica��o das autoridades at� o momento. Dizem que tentavam negociar pacificamente com a institui��o, mas sem retorno. Eles ainda alegam que convivem com a falta de eletricidade h� meses e precisam usar velas ao anoitecer. Agora um novo desafio: a falta de �gua. “Como eu vou tomar os meus rem�dios?”, questiona a m�e de Leidiane, Ant�nia Rom�o dos Santos, de 51.
Com corredores estreitos e escuros, tapumes e peda�os de tecido, as fam�lias dividem os quartos improvisados. � quase imposs�vel reconhecer o local como a antiga Funda��o Navantino Alves. No ch�o, colch�es espalhados para acomodar crian�as de 9 meses e idosos de 80 anos. O desligamento da �gua interrompeu a limpeza de um dos banheiros.
“Cuidamos do lixo para n�o ter a cria��o de mosquitos. Fazemos as manuten��es do pr�dio”, diz o jovem de 23 anos, que preferiu n�o se identificar. Os ocupantes do im�vel contam hist�rias parecidas: ter perdido seus empregos e sido despejados de suas casas.
“Se tirar todo mundo daqui, n�s vamos para debaixo da ponte. Queremos que eles nos levem para um di�logo, queremos uma solu��o final para o problema. Aqui est�o mulheres v�timas de viol�ncia dom�stica, deficientes, crian�as... Somos todos trabalhadores”, afirma a vendedora Cristiane Vieira, de 39, que pede a abertura de di�logo com a Santa Casa.
Entenda o caso
O im�vel estava sob responsabilidade da Santa Casa desde 2013. L�, abrigava a Funda��o Navantino Alves, que encerrou as atividades. Os funcion�rios ficaram sem os acertos trabalhistas e tamb�m restou o financiamento com a Caixa Econ�mica Federal (CEF). Ele j� havia sido ocupado. “Por iniciativa do Minist�rio P�blico, fizemos um trabalho conjunto para desocupar o im�vel, que fica em um local privilegiado no in�cio da regi�o hospitalar. Fizemos a quita��o do passivo trabalhista no passado e assumimos a d�vida com a Caixa”, explicou Saulo Coelho, provedor da Santa Casa.
A unidade fez o levantamento de todos os moradores do pr�dio para fazer o pagamento da indeniza��o. “Inclusive pessoas que paravam carrinhos de pipoca e de churrasco entraram para a lista. Tudo foi feito com a presen�a do ju�zo federal e da promotoria. A desocupa��o foi sem nenhuma viol�ncia”, afirmou. O acordo feito com o MP era para transferir para o im�vel o Hospital de Olhos Santa Casa BH.
Por�m, em 2015, a Santa Casa foi atingida por uma crise financeira. “T�nhamos, quando recebemos o im�vel, um prazo de transfer�ncia at� julho de 2017. Houve esse atraso em 2015 e 2016, mas vai voltar na programa��o de 2017. Estamos em condi��es de seguir a obra”, disse o provedor. No �ltimo s�bado, os provedores foram surpreendidos com a invas�o de dezenas de pessoas. “O im�vel est� fechado h� tr�s anos e n�o tem condi��es de nenhuma pessoa ficar no local. Eles explodiram o cadeado. L�, n�o tem energia el�trica nem �gua. At� crian�as est�o no im�vel”, contou Coelho.
Segundo ele, representantes foram recebidos nessa ter�a-feira, por�m, novas invas�es aconteceram. Um boletim de ocorr�ncia foi feito pela Santa Casa e um pedido de reintegra��o de posse foi entregue nesta quarta-feira na Justi�a Federal.