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Estado de Minas

Profissionais da sa�de trabalham sem descanso para vacinar contra febre amarela em Minas

Surpreendidos pelo avan�o da mol�stia, m�dicos e enfermeiras tentam debelar o surto da doen�a no interior do estado com muito esfor�o


postado em 23/01/2017 06:00 / atualizado em 23/01/2017 07:46

Vacinação na zona rural obrigou técnicos de enfermagem e enfermeiras a andar de casa em casa atrás de moradores que precisam da imunização contra a febre amarela(foto: Hélio Júnior/Prefeitura de Caratinga)
Vacina��o na zona rural obrigou t�cnicos de enfermagem e enfermeiras a andar de casa em casa atr�s de moradores que precisam da imuniza��o contra a febre amarela (foto: H�lio J�nior/Prefeitura de Caratinga)
Ladainha – Vacinar crian�as, adultos e idosos, bater de porta em porta, na zona rural, para a abordagem domiciliar, tranquilizar as fam�lias e, principalmente, informar sobre o surto de febre amarela silvestre que, h� duas semanas, tomou de assalto a Regi�o Leste de Minas.

Essa tem sido a rotina das equipes de sa�de no estado para evitar que a doen�a se alastre e provoque mais perdas e sofrimento. At� agora, j� foram notificados 272 casos suspeitos, em 38 cidades, com confirma��o de 47. Do total, 71 pessoas morreram com suspeita de febre amarela e, em 25 dos �bitos, h� a confirma��o de que a enfermidade foi a causa.

Para os profissionais envolvidos, a situa��o surpreende a cada dia e exige trabalho redobrado, sem descanso. “No in�cio, foi uma surpresa, pois veio uma multid�o se vacinar. Cheguei a imunizar mais de 100 pessoas num dia”, conta a t�cnica em enfermagem Elizabeth de Castro Oliveira, de 35 anos, residente em Ladainha, no Vale do Mucuri, a 560 quil�metros de Belo Horizonte e 72 quil�metros de Te�filo Otoni.


Casada e m�e de um menino, Elizabeth trabalha na unidade de sa�de da fam�lia (PSF) Usina e explica que, antes do surto de febre amarela na regi�o – houve sete mortes confirmadas, o maior n�mero em Minas –, o servi�o se restringia � atualiza��o da vacina das crian�as. “A partir do dia seguinte, com organiza��o, o servi�o se desenvolveu melhor”, conta a t�cnica, lembrando que a fam�lia entendeu a mudan�a no seu dia a dia, com jornada prolongada e atividades no fim de semana. “Esse � meu servi�o”, diz, com a certeza de que a miss�o est� sendo cumprida. Segundo o secret�rio municipal de Sa�de, F�bio Peres dos Santos, todas as comunidades rurais de Ladainha j� foram visitadas e moradores vacinados, seguindo agora a imuniza��o normal nas unidades de sa�de.

Tamb�m t�cnica em enfermagem, Luzia Farias, de 47, m�e de duas filhas, tem agora um pouco de tempo para cuidar dos vasos de flor, em casa, depois de nove dias praticamente mergulhada no PSF Usina. “Sabe que algumas plantas quase morreram? Estou aqui tirando as folhas amarelas”, contou ela, se lembrando do mutir�o para proteger a popula��o rural e urbana de Ladainha (17,2 mil habitantes). Com experi�ncia de 17 anos na �rea de sa�de, Luzia revela que as primeiras mortes confirmadas surpreenderam os profissionais de sa�de.

“Sempre ouvimos falar de febre amarela na Amaz�nia, na �frica e ningu�m estava preparado para um surto assim por aqui. Ent�o, antes de mais nada, foi fundamental manter a calma, pois a popula��o ficou desesperada”, explica Luzia, casada e m�e de duas filhas. O momento pior foi ver pessoas conhecidas perdendo a vida, “gente que morava perto aqui de casa”.

A enfermeira Luzia Farias vacina Humberto Nascimento, em Ladainha:
A enfermeira Luzia Farias vacina Humberto Nascimento, em Ladainha: "Foi fundamental manter a calma, pois a popula��o ficou desesperada" (foto: Beto Novaes/EM/D.A PRESS)


TRISTEZA
Natural de Santa Maria do Sua�u�, na Regi�o Leste e ex-prefeito de Fronteira dos Vales, no Mucuri, o m�dico Hayden Matos Batista, mais conhecido como Dr. Branco, come�ou a trabalhar no Hospital Municipal Arthur Rausch, em Ladainha, logo ao eclodir o surto de febre amarela. “Est� sendo uma experi�ncia enorme, especialmente do ponto de vista cl�nico. Estudei a doen�a na faculdade, mas ainda n�o tinha trabalhado durante um surto como esse. O pior mesmo foi ver as pessoas morrendo e a dor dos familiares. No primeiro dia de plant�o, cheguei a ficar deprimido”, afirma Hayden, de 48 e com duas d�cadas de profiss�o.

A partir do primeiro diagn�stico da doen�a em Ladainha – no in�cio, os m�dicos n�o sabiam exatamente a causa da febre hemorr�gica –, houve maior contato com o setor de Sa�de de Te�filo Otoni e a verifica��o de que macacos tinham sido encontrados mortos. “Ladainha foi o primeiro munic�pio de Minas, neste per�odo, a diagnosticar a febre amarela. N�s todos nos envolvemos muito e, gra�as a Deus, havia sido feita uma boa cobertura vacinal nas crian�as”, diz o m�dico.

PORTA EM PORTA
Em Caratinga, na Regi�o do Rio Doce, a 315 quil�metros de BH, o surto de febre amarela mobilizou cerca de 200 profissionais, divididos em 20 equipes, de acordo com o secret�rio municipal de Sa�de, m�dico Giovanni Corr�a. “Acho que o pior j� passou. Vacinamos 70 mil pessoas, de uma popula��o de 91 mil habitantes. Agora, a imuniza��o continua”, diz o secret�rio. Desde sexta-feira, o carro fumac� (UBV) est� circulando pelos bairros, fruto da parceria entre Secretaria Municipal de Sa�de, Programa Nacional de Controle da Dengue e governo estadual. A recomenda��o � que os moradores protejam animais de estima��o e alimentos e abram portas e janelas para que a pulveriza��o atinja o interior do im�vel. Na microrregi�o de Caratinga, houve 12 �bitos, dos quais dois em Caratinga.

Para Giovanni, com 31 anos de profiss�o, um momento de surto de doen�a exige, de in�cio, a vacina��o. “� preciso agir r�pido e ter uma equipe bem treinada, al�m de bom senso e disponibilidade para o trabalho. O pessoal est� trabalhando s�bado, domingo, at� altas horas nas unidades de sa�de e nos hospitais. O mais importante, no entanto, � manter um di�logo permanente com a popula��o, com todos bem informados e, claro, estoques de vacina”, diz o secret�rio. Na sequ�ncia, a meta � fazer o bloqueio para impedir que a febre amarela silvestre se torne urbana. No Brasil, segundo a Secretaria de Estado da Sa�de, n�o h� registros de febre amarela urbana desde 1942.

Atuando no distrito de Sapucaia, a enfermeira Tom�zia Martins de Assis Filha, de 35, m�e de um menino e gr�vida de quatro meses, n�o tem medido esfor�os para as abordagens domiciliares no meio rural, conversando com as pessoas para saber se j� foram vacinadas. Ela lembra que, ap�s este surto de febre amarela, os brasileiros v�o ter mais cuidado com o cart�o de vacina��o, documento que dever� ter o peso da carteira de identidade. “Muita gente n�o sabe se foi vacinada, n�o tem ideia de onde guardou o cart�o ou mesmo se tem um. Informa��o � b�sico”, diz a enfermeira. Para ela, cada profissional est� fazendo sua parte. “Estamos no durante”, afirma, certa de que h� muito ainda por fazer.


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