
O tumulto no Gutierrez come�ou depois da passagem do bloco Me beija que eu sou pagodeiro, que reuniu cerca de 7 mil pessoas, conforme a PM. A agremia��o saiu de manh� da Avenida Francisco S� e terminou o cortejo, � tarde, na Pra�a Leonardo Gutierrez, no Gutierrez. Um v�deo divulgado nas redes sociais mostra um grande n�mero de pessoas se deslocando �s pressas por uma rua do bairro e tamb�m um homem com o rosto coberto por uma camisa lan�ando um objeto em dire��o aos policiais, ao lado de outras pessoas. Os militares teriam revidado com uma bomba. Tamb�m � poss�vel ouvir sons de vidros se quebrando. Segundo a PM, n�o houve feridos e ningu�m foi preso. Seis pessoas foram advertidas quanto ao som alto e venda de bebidas alco�licas no local. Na Savassi, no fim de semana, houve furtos de celulares e apreens�o de algumas pessoas.
Diante do tumulto no Gutierrez, os moradores temem problemas maiores durante o carnaval. “Temos todo o respeito pela divers�o, mas � preciso haver responsabilidade, cumprimento de hor�rio e respeito �s leis”, defende Santana. Para ele, � primordial fiscalizar principalmente na hora de dispers�o dos blocos, para afastar os impactos negativos. “O poder p�blico n�o pode deixar isso ocorrer”, acrescenta. Conforme a legisla��o municipal, os vendedores ambulantes, este ano cerca de 9,4 mil cadastrados, s� t�m autoriza��o para vender cerveja, refrigerantes, �gua e outras bebidas no local de concentra��o dos blocos e ao longo dos desfiles.
Em nota, a Prefeitura de BH informou que a atua��o dos fiscais municipais visa a promover a��es preventivas e educativas em rela��o a eventos realizados em via p�blica, para coibir ambulantes irregulares (principalmente os que comercializam bebidas em recipientes de vidro) e evitar que os credenciados se fixem em um ponto, de forma a garantir melhor fluidez aos blocos e ao tr�nsito. Na dispers�o, as a��es s�o intensificadas pelas equipes da Guarda Municipal, BHTrans e Pol�cia Militar. E no �mbito de sua compet�ncia, a fiscaliza��o atua at� o fim do evento, segundo a PBH.
MAU CHEIRO O l�der comunit�rio do Bairro Gutierrez, Wellington Luiz de Medeiros, preocupa-se com o p�s-festa e diz que muitos moradores ligaram para a pol�cia a fim de denunciar o som alto na pra�a. “Mas n�o foi s� isso. Mesmo com os banheiros qu�micos, homens e mulheres fizeram xixi na rua sem o menor problema. Hoje (ontem) aqui est� um fedor horr�vel, sem falar que destru�ram a grama da pra�a. Este lugar est� precisando de reforma e pioraram a situa��o”, disse.
Embora n�o tenha palco, a Savassi funciona com �rea natural de dispers�o e no fim de semana reuniu milhares de pessoas. Diretor da C�mara de Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte (CDL-BH) e morador da regi�o, Alessandro Runcini afirmou que “carnaval na Savassi � sinal de transtorno e de perigo”. Ele explicou que, ao contr�rio de outros eventos de grande p�blico, a prefeitura n�o fechou, desta vez, a Pra�a Diogo de Vasconcelos no sentido das avenidas Crist�v�o Colombo e Get�lio Vargas. “Felizmente tamb�m, n�o haver� palco aqui na regi�o”, afirmou.
Diante do tumulto no Gutierrez, o chefe da Sala de Imprensa da PM, major Fl�vio Santiago, diz que a PM est� mapeando os pontos nevr�lgicos dos desfiles de blocos, para se evitarem eventos p�s-bloco como na noite de domingo. “Este ano temos mais de 400 blocos. J� resolvemos alguns pontos, como na Avenida Alberta Cintra (no Bairro Uni�o, na Regi�o Nordeste). Outros ser�o monitorados”, afirmou o militar, que est� em contato com a PBH para resolver algumas quest�es. No caso dos ambulantes, ele diz que a fiscaliza��o compete � prefeitura, enquanto o poder p�blico municipal responde que o impedimento de carro com som alto � da al�ada da PM.
Na avalia��o do major, h� uma mudan�a de perfil do foli�o. “N�s acreditamos que pontos espec�ficos de ruptura da ordem podem at� acontecer, e eles ocorrem principalmente por uma mudan�a do perfil do foli�o. O que aconteceu no Gutierrez ficou devidamente claro para n�s, uma mudan�a de perfil”, explica o militar. Sobre o p�s-desfile, ele afirmou que “chegam aqueles ve�culos com sons que realmente extravasam, extrapolam o potencial de aceita��o da comunidade”. Ele prossegue: “O cen�rio encontrado no bairro j� era diferente de uma festa de carnaval. A pol�cia tenta retirar as pessoas ali, negocia para a sa�da da via. Muitas garrafas, peda�os de madeira foram arremessados contra a pol�cia, inclusive, na tentativa da retirada daquelas pessoas”, disse. Ainda de acordo com o major, o tumulto no Gutierrez foi algo pontual.
REP�DIO Ainda no domingo, os organizadores do bloco Me beija que eu sou pagodeiro publicaram uma nota em sua p�gina no Facebook sobre a ocorr�ncia, ressaltando que repudiam qualquer ato de viol�ncia. “Acabamos de tomar conhecimento de que a pol�cia agiu de forma truculenta na tentativa de dispersar o p�blico, que ainda se encontrava na Pra�a Leonardo Gutierrez ap�s o nosso cortejo.” Ainda segundo os organizadores, o desfile ocorreu normalmente e no hor�rio combinado, das 11h �s 16h, e contou com toda a infraestrutura e suporte da BHTrans, Pol�cia Militar e Guarda Municipal, sem “nenhuma irregularidade ou a��o que demandasse interven��o policial”. (Com Jo�o Henrique do Vale)
Campanha alerta contra o ass�dio
Mulheres ligadas a blocos e foli�s que participam da festa de rua em Belo Horizonte lan�aram ontem a campanha “Tira a m�o: � hora de dar um basta”, contra o ass�dio durante a folia. Elas criaram um v�deo, um spot para r�dio e banners que podem ser compartilhados pelas redes sociais e outras m�dias. Os blocos de BH devem participar lendo o texto da campanha nos trios e tamb�m executando a can��o Marchinho, composta e interpretada por Brisa Marques. “A ideia � que as pessoas se sintam propriet�rias da campanha e ajudem a disseminar”, explica Renata Chamilet, uma das organizadoras. Segundo Renata, o ass�dio e preconceito j� s�o tratados por diversos blocos carnavalescos de BH h� algum tempo. Desta vez, elas decidiram criar uma campanha em tom universal, para alcan�ar mais pessoas. “O v�deo � alegre, n�o � pesado. A mensagem � de que estamos na rua. A mulherada est� no carnaval, organiza bloco, toca, a mulher sai como quiser e a gente est� na rua para divertir”, afirma. O material est� dispon�vel na p�gina As Minas do Carnaval de Bel�, no Facebook.
