
Dados preliminares da Belotur d�o conta de que a quantidade de foli�es que invadiram as ruas da capital superou a expectativa inicial de 2,4 milh�es. Do in�cio oficial da folia, no dia 11 do m�s passado, at� ontem, 3 milh�es de pessoas curtiram os blocos de rua e tamb�m os desfiles das escolas de samba e dos grupos caricatos. O aumento � de 50% em rela��o ao p�blico que compareceu em 2016 – 2 milh�es. O carnaval 2017 n�o pegou s� quem mora na capital e atraiu muitos turistas. Do total de foli�es, a estimativa � de que 500 mil tenham vindo de fora de BH.
Mais de 350 blocos se cadastraram na Belotur, que trabalhou com a previs�o de mais de 400 desfiles. Mas, como a inscri��o n�o � obrigat�ria, o n�mero de grupos na rua foi maior. O movimento nos hot�is tamb�m d� a dimens�o do tamanho que a festa alcan�ou. Enquanto no ano passado a ocupa��o ficou entre 20% e 30%, este ano chegou a 70%. Uma das hip�teses � que o crescimento do carnaval belo-horizontino tenha sido impactado pelo cancelamento, em virtude da crise, de v�rias festas em cidades do entorno.
Em entrevista a uma r�dio da capital, o prefeito Alexandre Kalil fez um balan�o positivo. “Antes, a cidade era da turma que n�o pode nada, tudo era multado, ambulante n�o trabalhava. Eu falei: ‘ent�o, vamos fazer o carnaval do pode, se der confus�o faremos no ano que vem o n�o pode.’ Gra�as a Deus deu certo. E ano que vem faremos um carnaval melhor ainda”. A meta agora, segundo o presidente da Belotur, Aluizer Malab, � crescer de maneira que a cidade absorva todo esse movimento e continuar estimulando a ocupa��o do espa�o p�blico. “Fizemos o maior carnaval da hist�ria. Agora � trabalhar para ser o melhor”, afirma.
O coordenador do Bloco Baianas Ozadas, Geo Cardoso, tamb�m ficou satisfeito com a folia de 2017 na capital. “O saldo em geral foi positivo. BH, a cada ano, tem avan�ado. � um uma nova cultura de carnaval da cidade, que est� em aprendizado, a caminho de seu pr�prio modelo. O que houve de problemas, de falhas, de dificuldades, deve agora ser discutido por todos os envolvidos. � preciso dialogar com todos os setores para saber como lidar com essas quest�es”, sugere Cardoso.
Como toda a��o tem uma rea��o, o crescimento do carnaval de BH impacta diretamente em v�rios outros aspectos. A Regi�o Centro-Sul de BH, que concentrou o maior n�mero de blocos, al�m do palco fixo montado na Pra�a da Esta��o, bateu recorde na quantidade de lixo recolhida: 605 toneladas, o dobro do ano passado. Em volume, s�o 334 metros c�bicos. Segundo o gerente regional de Limpeza Urbana Centro-Sul, Denilson Pereira de Freitas, a �rea acumulou 70% dos res�duos da cidade entre 20 de janeiro, quando come�ou o pr�-carnaval, at� a noite de ter�a-feira.
Ao todo, foram empenhados 5.447 garis, 101 caminh�es compactadores, gastos 687 mil litros de �gua e 368 litros de desinfetante. O bloco da limpeza, que atuava antes, durante e depois de os blocos passarem para garantir que tudo ficasse impec�vel, contou ainda com 40 caminh�es-pipa e 1.922 cont�ineres instalados no caminho da folia para que as pessoas jogassem o lixo. Passaram ainda pelo pente-fino 2.423 bocas de lobo. “A maioria dos res�duos � papel, garrafa, copo descart�vel e restos de comida”, explica Freitas.
CONFUS�O Mas a festa dos �ltimos dias terminou mal. A Pol�cia Militar foi procurada pela reportagem para avaliar os dias de folia e comentar sobre algumas ocorr�ncias, como a confus�o generalizada entre foli�es e a PM no carnaval popular da Pra�a da Esta��o, no Centro de BH. Ter�a-feira � noite foram usadas bombas de g�s lacrimog�neo e de efeito moral e balas de borracha. Os policiais alegam que foram recebidos a garrafadas por um grupo de pessoas. No local, ficava um dos palcos com shows gratuitos para a popula��o. Confus�es come�aram a ser registradas desde a noite de segunda-feira.
Na Rua Puim-�, quase esquina com Rua Passatempo, no Bairro Carmo, na Regi�o Centro-Sul, tamb�m houve confus�o, que se estendeu madrugada adentro. Moradores informaram que, por volta da 0h30, havia no local diversas viaturas. Bombas foram usadas para dispersar a multid�o que continuava a festa ao som de funk.
Numa an�lise pr�via, antes do balan�o que ser� divulgado hoje, o major Fl�vio Santiago, chefe da sala de imprensa da PM, destacou a atua��o do policiamento. “O refor�o foi de 7 mil policiais militares e a avalia��o � muito positiva. Mesmo com um carnaval muito maior em rela��o a p�blico e quantidade de blocos e eventos, conseguimos de maneira integrada executar o planejamento com �xito. Mais policiais nas ruas, organizadores dos blocos cumprindo os hor�rios de in�cio e t�rmino e os cidad�os-foli�es aproveitando com responsabilidade e aten��o foram sem d�vida as vari�veis que contribu�ram para um carnaval seguro”, assinalou.
O tr�nsito foi outro ponto com problemas deixando, em diversos trechos, motoristas presos por horas a fio em longos congestionamentos. Um dos pontos mais cr�ticos foi a Avenida do Contorno, em toda a extens�o do Bairro Floresta, Santa Efig�nia e Funcion�rios. Segunda-feira, o cruzamento da via com a Avenida Get�lio Vargas virou o caos absoluto. O bloco estreante Funk you, que se concentrou na Rua Gr�o Par�, na conflu�ncia com Contorno e Rua dos Aimor�s, no Bairro Funcion�rios, previa p�blico de 1,5 mil pessoas. Mas a parceria com o veterano Ordin����rios atraiu mais de 20 mil pessoas, segundo estimativa dos organizadores.
O professor de engenharia de Transporte e Tr�nsito da Universidade Fumec, M�rcio Aguiar, conta que toda vez que quis sair de casa enfrentou problemas na Avenida Afonso Pena (na altura do Bairro Cruzeiro). “V�rias vezes, era obrigado a dar volta e n�o podia chegar em casa”, diz. Para ele, os informes de desvio de tr�nsito que a BHTrans publicou em um hotsite n�o foram suficientes para alertar a popula��o.
SOCORRO Devido ao planejamento, os socorristas conseguiram superar as dificuldades do tr�nsito. De acordo com Alex Sander Sena, coordenador do Servi�o de Atendimento M�vel de Urg�ncia (Samu), os ve�culos de salvamento n�o foram prejudicados. As equipes do Samu realizaram ao menos 537 atendimentos nos cinco dias de folia. A maioria deles foi por ferimentos causados por agress�es f�sicas e intoxica��o ex�gena, provocada pelo uso de drogas e excesso de �lcool. Como o que aconteceu com quatro pessoas, consideradas as situa��es mais graves, que foram ressuscitadas e levadas para hospitais de Belo Horizonte entubadas. Elas seguem em recupera��o nas unidades de sa�de.
Neste ano, foram instalados quatro Postos M�dicos Avan�ados (PMAs) em diferentes pontos estrat�gicos da cidade onde haveria maior n�mero de pessoas. Somente nesses postos, foram realizados 349 atendimentos. Al�m dos pontos fixos, houve atendimentos via chamada do Samu. Foram registrados 188 chamados.
RAIO X DA FESTA
- Tr�nsito
O tr�nsito foi um dos pontos cr�ticos da folia. Dias antes da festa, a BHTrans j� alertava os motoristas para terem paci�ncia. Na Avenida do Contorno, passando pelos bairros Floresta, Santa Efig�nia e Funcion�rios, a situa��o foi de caos absoluto, principalmente, na segunda-feira de carnaval. Os desvios para facilitar o transporte coletivo n�o funcionaram e v�rias linhas mudaram de itiner�rios em meio � festa. Os �nibus gratuitos, patrocinados por uma empresa de bebida, funcionaram melhor.
- Seguran�a
A Pol�cia Militar colocou refor�o de 7 mil agentes nas ruas. Por�m, com a Pra�a da Esta��o totalmente aberta, na noite da ter�a-feira o “barril de p�lvora” estourou, com confronto entre PMs e foli�es. A Savassi tamb�m registrou uma situa��o de enfrentamento, de menor gravidade, na noite de segunda-feira. Nos desfiles de blocos, muitos furtos de aparelhos de telefone celular e uma jovem agredida por resistir ao foli�o. Balan�o da PM sai hoje.
- Limpeza
O bloco dos garis trabalhou intensamente depois dos desfiles, e as vias ficaram limpas, n�o apenas na Regi�o Centro-Sul de BH. Mas n�o foi f�cil recolher as 605 toneladas de lixo produzidas pelos foli�es, que preferiram jogar os res�duos no ch�o, apesar da coloca��o de lixeiras. Outro aspecto negativo, s�o as ruas transformadas em mict�rios a c�u aberto, j� que a quantidade de banheiros qu�micos n�o foi suficiente. Foram 687 mil litros de �gua e 368 litros de desinfetantes, j� que muitos foli�es n�o demonstram conscientiza��o na preserva��o do meio ambiente.
- Estrutura e organiza��o
Talvez surpreendida pelo recorde de p�blico, a organiza��o sofreu com gargalos de tr�nsito e transporte p�blico, banheiros em n�meros insuficientes, al�m da quest�o da seguran�a, principalmente na Pra�a da Esta��o, que, diferentemente de outros grandes eventos no local, n�o teve controle de acesso. Muitos foli�es com garrafas de bebidas, que s�o potenciais armas. Em rela��o aos vendedores ambulantes, faltou orienta��o e foi comum v�rios puxadores de blocos pedirem para que eles seguissem, pois estavam travando o desfile.