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Estado de Minas

Com mais de 100 mortes, surto de febre amarela em Minas desperta d�vidas sobre urbaniza��o

Enquanto 77 �bitos ainda est�o em investiga��o, o estado tamb�m registra mortes de macacos em decorr�ncia da doen�a at� nas grandes cidades. Especialistas avaliam adapta��o do vetor


postado em 08/03/2017 06:00 / atualizado em 08/03/2017 07:30

Parque Jacques Cousteau, no Bairro Betânia, segue fechado desde fevereiro, quando macaco foi encontrado morto no interior da unidade de conservação(foto: Alexandre Guzanshe/EM/D.A PRESS)
Parque Jacques Cousteau, no Bairro Bet�nia, segue fechado desde fevereiro, quando macaco foi encontrado morto no interior da unidade de conserva��o (foto: Alexandre Guzanshe/EM/D.A PRESS)
Um mal que n�o d� tr�guas, exige cada vez mais pulso firme das autoridades e desafia cientistas para descobrir as causas do surto. J� chega a 101, em Minas, o n�mero de �bitos confirmados em decorr�ncia da febre amarela silvestre, com mais 77 em investiga��o.

Conforme dados divulgados ontem, pela Secretaria de Estado de Sa�de (SES), h� 1.076 casos suspeitos da doen�a, configurando o pior surto da hist�ria do pa�s registrado pelo Minist�rio da Sa�de. Tamb�m ontem, a Prefeitura de Juiz de Fora, na Zona da Mata, confirmou que um dos seis macacos encontrados mortos na cidade teve a doen�a, elevando para 93 o n�mero de cidades com esse tipo de ocorr�ncia.

Para especialistas, a morte dos primatas preocupa e serve de alerta, devendo haver investiga��es profundas para detectar as causas e tranquilizar a popula��o. Entre as quest�es a serem analisadas est� uma poss�vel adapta��o ao meio urbano dos mosquitos Haemagogus e Sabethes, transmissores da febre amarela silvestre, e a a��o do Aedes aegypti como vetor da doen�a nas cidades.

Nos �ltimos quatro dias, mais 12 casos da doen�a foram confirmados no estado pela SES. O n�mero saltou de 260 confirma��es para 272, o que representa alta de 4,6%. Em rela��o �s mortes suspeitas, j� s�o 184, tr�s a mais do que o divulgado na sexta-feira. Ainda faltam ser analisados 77 �bitos, o que pode quase dobrar o n�mero de mortes pela doen�a neste ano. No total, foram descartados 57 casos, dos quais seis levaram a �bito. No estado, h� 29 cidades com mortes confirmadas, incluindo Esmeraldas, na Regi�o Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH), e 50 com �bitos suspeitos.

A pior situa��o da doen�a est� nos vales do Rio Doce e Mucuri, no Leste mineiro. O munic�pio de Caratinga � o que tem mais moradores com suspeita de febre amarela (159), seguido de Ladainha (Mucuri), com 111 notifica��es; Novo Cruzeiro (Jequitinhonha), com 95; Pot� (Mucuri), com 58; Imb� de Minas e Simon�sia (Zona da Mata), ambas com 42 casos suspeitos. Em rela��o a mortes, Ladainha est� na lideran�a: o munic�pio tem 13 �bitos confirmados e outros 21 em investiga��o, seguido de Te�filo Otoni, com 11 confirma��es e 15 suspeitos; e Piedade de Caratinga, com sete confirmadas e o mesmo n�mero de suspeitos.

PREOCUPA��O
A morte de macacos com suspeita de febre amarela se espalha pela RMBH. J� s�o quatro munic�pios onde os �bitos dos primatas com a doen�a foram confirmados. Entre eles a capital, que tem a confirma��o em dois animais e investiga outros nove casos. Exames tamb�m confirmaram a doen�a em Betim, Contagem e Juatuba. Devido �s mortes de primatas, parques municipais foram fechados pela Prefeitura de Belo Horizonte (PBH), incluindo o Jacques Cousteau, no Bairro Bet�nia, na Regi�o Oeste. Em mais 11 cidades da regi�o, os casos ainda est�o sendo investigados, com rumores de �bitos de primatas em cinco comunidades.

A morte dos macacos preocupa o ec�logo Adriano Paglia e a virologista Giliane de Souza Trindade, professores da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). “Foi registrada a morte de macacos em v�rios munic�pios, ent�o � necess�rio fazer uma investiga��o profunda”, diz Paglia, que tem um trabalho em andamento com o professor S�rgio Lucena, da Universidade Federal do Esp�rito Santo (Ufes), e fortaleceu as pesquisas em decorr�ncia do surto.

Segundo Paglia, h� muitas quest�es a serem estudadas e muitas pontas soltas desde que come�aram as primeiras mortes. N�o h� indicativos de febre amarela urbana, doen�a que n�o � registrada no pa�s desde 1942, mas o ec�logo mineiro afirma ser preciso certificar se os mosquitos silvestres est�o se adequando ao ambiente urbano e se outro vetor pode estar transmitindo a doen�a, como o Aedes aegypti. “� fundamental amarrar essas pontas, mas nada ainda est� confirmado em ocorr�ncia de febre amarela urbana. O mais importante � n�o aterrorizar a popula��o, embora ela deva ser alertada para os perigos da doen�a”, diz Paglia, lembrando que 60% dos primatas mortos s�o micos. A interdi��o dos parques pelas autoridades foi fundamental, acrescenta o ec�logo.

(foto: Arte/EM)
(foto: Arte/EM)

ARMADILHAS
Na avalia��o do ec�logo e professor de ecologia do Departamento de Biologia Geral da UFMG, � fundamental a amplia��o da cobertura vacinal para evitar a doen�a. Paglia ressalta que a parceria entre os laborat�rios das universidades de Minas e Esp�rito Santo est� se estreitando, o mesmo devendo ocorrer com o setor de Controle de Zoonoses da Secretaria Municipal de Sa�de da PBH. A virologista e professora do Departamento de Microbiologia do Instituto de Ci�ncias Biol�gicas (ICB/UFMG) Giliane de Souza Trindade, que trabalha com a tamb�m virologista Bet�nia Paiva Drumond, lembra que o macaco � um sentinela, um sinalizador da doen�a, enquanto os parques s�o remanescentes silvestres na matriz urbana. “Precisamos entender como o v�rus chega ao macaco na �rea urbana e tentar compreender os riscos. Quanto maior a cobertura vacinal, menor o risco de o surto se instalar nos centros urbanos”.

A virologista informa que a equipe vai colocar armadilhas em parques a fim de capturar mosquitos e aprimorar as pesquisas, tendo em vista que n�o h� registro de febre amarela urbana desde 1942.

CONFIRMA��O A Prefeitura de Juiz de Fora, na Zona da Mata, confirmou ontem que um dos seis macacos encontrados mortos na cidade teve febre amarela. A situa��o coloca a cidade na lista dos munic�pios mineiros com registro de morte de primatas. Segundo as autoridades, a confirma��o em um dos macacos mortos disparou sete medidas que est�o sendo intensificadas na cidade. Apesar disso, n�o foram registrados casos suspeitos de febre amarela humana no munic�pio. As principais medidas s�o a intensifica��o da vacina��o, com a solicita��o de 200 mil doses, e o controle vetorial com apoio do Ex�rcito brasileiro para combate ao Aedes aegypti, que em ambientes urbanos tamb�m pode transmitir a febre amarela.

Em nota, a SES informa que � fundamental manter a popula��o e profissionais de sa�de informados sobre a doen�a e notifica��o de primatas encontrados mortos. Al�m disso, devem ser notificados e investigados, em at� 24 horas, todos os casos humanos suspeitos, incluindo aqueles de doen�as febris ict�ricas e/ou hemorr�gicas, �bitos por causa desconhecida e morte de macacos, ampliar a oferta de vacina aos viajantes n�o vacinados que se destinem � �rea com Recomenda��o de Vacina no Brasil (ACRV) ou para pa�ses com risco de transmiss�o, pelo menos 10 dias antes da viagem, e aprimorar o fluxo de informa��es entre secretarias municipais, �rg�os regionais e centrais das secretarias estaduais de Sa�de, visando � comunica��o imediata ao Minist�rio da Sa�de, garantindo oportunidade de decis�o e melhor capacidade de resposta.


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