
O an�ncio foi feito ontem pelo prefeito Alexandre Kalil, durante visita � �rea afetada. O Ribeir�o Arrudas transbordou mais uma vez, causando transtornos e levando p�nico a moradores e comerciantes. De acordo com o prefeito, essa foi a pior chuva dos �ltimos 10 anos na regi�o. “� um problema natural e a cidade n�o se preparou para esse tipo de coisa”, disse.
Para piorar a situa��o, no trecho da via pr�ximo � Vila S�o Paulo, na divisa com Contagem, na regi�o metropolitana, o c�rrego Ferrugem transbordou, fazendo ainda mais press�o sobre o Arrudas. A Superintend�ncia de Desenvolvimento da Capital (Sudecap) foi orientada, ontem mesmo, a providenciar o conserto da Tereza Cristina e tamb�m da mureta de prote��o do Arrudas. A partir dos bairros Bet�nia e Nova Cintra at� o fim dela, no Vista Alegre, placas de asfalto, algumas com 25 metros de comprimento, foram arrancadas pela for�a das �guas em v�rios pontos da avenida. Pr�ximo ao Ferrugem, cerca de 50 metros do muro de prote��o do Arrudas desmoronou.
A Coordenadoria Municipal de Defesa Civil (Comdec) est� autorizada, segundo Kalil, a fazer levantamento em todas as casas para avaliar as perdas dos moradores, mas n�o detalhou como isso ser� feito. “Muitas pessoas perderam colch�es, cobertores, eletrodom�sticos. A Defesa Civil se preparou para isso. Enquanto as m�quinas trabalham na parte de obras, ela vai cuidar da parte humana”, disse.
A assessoria da defesa civil informou que a Comdec pode contribuir com doa��o de insumos, como colch�es e cestas b�sicas. “A prefeitura est� enxuta, deficit�ria em quase R$ 400 milh�es, mas tem estrutura robusta para a limpeza e o conserto do que foi estragado e para essa ajuda humanit�ria”, afirmou o prefeito.
Segundo ele, duas interven��es que h� anos esperam execu��o – as obras do c�rrego Ferrugem, que est�o paralisadas, e a Bacia do Calafate, que ainda est� em projeto – contribuem para as trag�dias. As interven��es no Ferrugem s�o de responsabilidade do munic�pio de Contagem e do governo do estado e contemplam a remo��o e o reassentamento de fam�lias que moram em �reas inund�veis ao longo do ribeir�o, com implanta��o, nessas �reas, de bacias de conten��o de cheias. Quando finalizadas, v�o contribuir para minimizar os impactos das chuvas na Tereza Cristina e no Arrudas.
J� no Calafate, o projeto � construir num terreno que vai da Avenida Tereza Cristina at� a Silva Lobo, ao lado da Via Expressa, uma bacia de deten��o de �gua de chuva, com capacidade para 600 milh�es de litros, para evitar o transbordamento do Ribeir�o Arrudas na regi�o. “Tem que terminar as obras, mas, dependendo do volume de �gua, nada segura. Contudo, n�o quero fazer disso uma justificativa. � uma prepara��o longa, n�o vamos resolver da noite para o dia. Mas, o que pudermos resolver, o faremos.”
Kalil prepara uma a��o envolvendo v�rios setores da PBH, como Sudecap, Superintend�ncia de Limpeza Urbana (SLU), gabinete de governo e Comdec. Hoje, ele promete cobrar do secret�rio Municipal de Obras e Infraestrutura, Josu� Valad�o, agilidade nas obras de responsabilidade da administra��o municipal. Ontem, equipes da SLU foram cedo para a avenida retirar lixo e entulho e at� ajudar moradores a limpar a porta de casa.

EMISS�O DE ALERTA Na madrugada, a situa��o foi tensa em v�rios pontos da capital. A Comdec emitiu alerta para toda a cidade, pois havia risco de transbordamento de outros c�rregos: Ressaca, na Avenida Her�clito Mour�o de Miranda (antiga Atl�ntica), e Sarandi, na Rua Professor Cl�vis Salgado, no Bairro Santa Terezinha, na Pampulha; Vilarinho, na avenida de mesmo nome, em Venda Nova; Jatob�, na Avenida do Canal, no Bairro Tirol, no Barreiro; e o On�a, na Avenida Risoleta Neves, no Bairro Aar�o Reis, na Regi�o Nordeste.
Segundo a Defesa Civil, nas regi�es do Barreiro e Oeste, o acumulado de chuva do dia 1º a 19 deste m�s j� � maior que a m�dia hist�rica de todo o m�s de mar�o, que � de 163,5 mil�metros. No Barreiro, as precipita��es somaram 182,9mm (112% da m�dia hist�rica) e, na Oeste, 181,6mm (111%). Logo depois est� a Centro-Sul, onde choveu 129,7mm (79%). Das 23h de s�bado at� as 7h de ontem, o acumulado de chuva no Barreiro tamb�m foi o maior, com 91,6mm. Na Regi�o Oeste, as precipita��es tamb�m foram significativas (89,4mm), seguida pela Noroeste (55,4mm).
ESTRAGOS Na Tereza Cristina, o cen�rio era desolador, com lixo, galhos de �rvores, pneus, pedras e lama por toda a via. O impressor Aguinaldo de Oliveira, de 47 anos, morador h� 20 anos da avenida na altura do Bairro Bet�nia, conta que o drama come�ou �s 2h. Pela manh�, ele se juntou aos vizinhos para limpar a lama. A �rea e a garagem de casa foram inundadas pela �gua. Uma vizinha furou um buraco no muro para que a �gua pudesse escorrer. “Escureceu para o lado do Barreiro, a gente j� fica alerta. O lixo que as pessoas jogam na linha do trem, no Bairro Nova Cintra, desce com a enxurrada, entope os bueiros e causa isso tudo. H� parte da culpa pela falta de educa��o das pessoas, mas a prefeitura tem que encontrar uma solu��o”, disse. Ele viu at� mesmo uma ca�amba ser arrastada pela enxurrada e parar a poucos metros de sua casa.
Arrastado tamb�m foi um carro que estava em frente � oficina do mec�nico Walace Alves Barbosa, de 46. O ve�culo ficou todo amassado e sujo de lama e mato. “Deixei na porta da oficina, pois n�o havia espa�o dentro e o dono n�o p�de buscar. Mas o tempo estava firme”, contou, dizendo que o propriet�rio, que n�o tem seguro, j� estava a par da situa��o.
A auxiliar de servi�os gerais Marilda Gomes, de 49, estava desesperada. A �gua invadiu a casa dela, no n�mero 9.630, no Bairro Vista Alegre, e n�o deixou nada em p� na loja de pe�a el�trica do filho, Tiago Lima, bem ao lado. “A loja � registrada, pagamos impostos, e agora ele n�o tem uma ferramenta para trabalhar”, mostrou, indignada, o espa�o tomado por �gua e lama. O IPTU do com�rcio tem valor de R$ 600 e o da casa, R$ 3,5 mil. “Na semana passada, a PBH multou meu filho por causa de tr�s carros que estavam parados na porta da loja. Isso n�o pode, mas o Arrudas entrar na nossa casa, pode.”
Na garagem do im�vel, uma moto suja de lama e lixo era a lembran�a da cena mais tr�gica da madrugada: um motoqueiro que contou com a ajuda de Tiago e de outras duas pessoas para n�o ser levado pela enxurrada. “Ele se agarrou ao poste com tanta for�a, que ficou com a unha em carne viva. Depois, entrou em estado de choque”, contou Marilda.
PREVIS�O DO TEMPO
Como � de se esperar, as �guas de mar�o marcam o fim do ver�o em todo o Brasil. O meteorologista do Centro de Climatologia PUC Minas TempoClima Heriberto dos Anjos informa que as pancadas de chuva s�o comuns no fim do ver�o (a nova esta��o come�a �s 7h29 de hoje). “O outono come�ar� com muita nebulosidade devido � presen�a de frente fria no litoral do Sudeste, deixando o tempo inst�vel em todas as regi�es de Minas Gerais”, disse.