(none) || (none)
UAI
Publicidade

Estado de Minas

N�mero de roubos em Belo Horizonte dobra em quatro anos

Com aumento de aproximadamente 100% em cinco anos, crimes contra o patrim�nio em BH multiplicam hist�rias de pessoas atacadas por ladr�es, algumas mais de uma vez no per�odo


postado em 27/03/2017 06:00 / atualizado em 27/03/2017 07:26

Sebastiana Cunha foi assaltada duas vezes entre 2012 e 2016: testemunha de troca de tiros, sofreu crises de insônia, teve prejuízo e deixou emprego por medo(foto: Juarez Rodrigues/EM/DA Press)
Sebastiana Cunha foi assaltada duas vezes entre 2012 e 2016: testemunha de troca de tiros, sofreu crises de ins�nia, teve preju�zo e deixou emprego por medo (foto: Juarez Rodrigues/EM/DA Press)
Em 2012, quando trabalhava em uma farm�cia, Sebastiana do Carmo Cunha, hoje com 50 anos, foi rendida por dois assaltantes. “Estavam armados, trancaram cinco funcion�rios no banheiro e me mandaram recolher o dinheiro do caixa. Levaram tamb�m meu celular, me ofenderam e me jogaram no ch�o. A PM chegou, houve troca de tiros. Passei noites sem dormir, � base de rem�dios”, lembra. No ano passado ela voltou a ser atacada por um criminoso armado: “Voltava do servi�o. O rapaz me jogou no ch�o, levou meu dinheiro e, novamente, meu telefone. Por medo, sa� do emprego”. Tiana, como � chamada por familiares e amigos, faz parte de uma estat�stica assustadora. O total de crimes violentos contra o patrim�nio em Belo Horizonte quase dobrou de 2012 – quando ela foi assaltada pela primeira vez – a 2016, ano em que foi v�tima do segundo roubo. Nestes cinco anos, segundo balan�o da Secretaria de Estado de Seguran�a P�blica (Sesp), o n�mero de crimes contra o patrim�nio passou de 23.186 ocorr�ncias para 43.120 registros, aumento de 86%.


O indicador, por�m, � maior, pois o balan�o de todo o ano passado n�o foi fechado pela Sesp. Refere-se ao acumulado de janeiro a novembro. O dado referente a dezembro, inicialmente com previs�o de divulga��o em fevereiro, s� deve ficar pronto no fim deste m�s. Mas, levando-se em conta os 334 dias de janeiro a novembro, a m�dia foi de 129 casos di�rios. Em 2012, a m�dia di�ria era de 63,5.

Sebastiana Cunha � parte das duas estat�sticas. Ao tocar no assunto, ela faz quest�o de dizer que se sente desprotegida. Em 2012, recorda que a dupla armada entrou na farm�cia quando os funcion�rios j� haviam abaixado as portas. O crime ocorreu � noite, num bairro na Regi�o Noroeste cujo nome ela prefere n�o mencionar. Em 2016, se tornou v�tima na Savassi, na Regi�o Centro-Sul da capital, no per�odo da manh�. “Eu havia largado o servi�o (era cuidadora de idosos) �s 7h”, conta. Receosa, Tiana deixou o emprego.

Hist�rias semelhantes podem ser contadas em todas as partes da capital. Formado em administra��o de empresas, �ngelo Ant�nio Nogueira de Souza, de 32, enfrentou a situa��o no ano passado. “Estacionei o carro, por volta das 19h de um domingo, na porta do pr�dio de minha noiva, no Conjunto Calif�rnia (Regi�o Noroeste). Chegaram dois rapazes, um deles parecendo drogado, e anunciaram o assalto. Eles me empurraram e levaram o carro, o laptop e aparelhos de celular”, conta.

Segundo ele, o policial que atendeu a ocorr�ncia havia dito que a dupla era suspeita de assaltar outras pessoas na mesma regi�o. Poucos dias se passaram e uma reportagem na televis�o chamou a aten��o de �ngelo. Um dos criminosos que o abordaram morreu ao assaltar uma padaria e trocar tiros com um policial � paisana que lanchava no estabelecimento. At� hoje, confessa, o rapaz sente inseguran�a ao rodar pela regi�o em que foi assaltado.

Graciana Pimentel, de 35, v�tima de tr�s roubos, enfrentou no primeiro uma situa��o parecida com a relatada por �ngelo. “Eu e meu namorado hav�amos estacionado em frente � casa de minh� m�e, no Bairro Ipanema (Noroeste), e fomos abordados por dois rapazes armados, que levaram o carro. Depois, no Cora��o Eucar�stico (mesma regi�o), quatro rapazes me tomaram o celular. Por fim, no Padre Eust�quio (tamb�m Noroeste), novamente me levaram o carro”, enumera.

Na �ltima ocorr�ncia, em 2015, ela foi abordada por um homem com um fac�o. “Eu estacionei e o ladr�o abriu a porta, me mostrou a arma e me mandou ficar calada. Desci e ele levou o carro e minha bolsa com dinheiro e v�rios documentos. Tamb�m o telefone, do qual eu tinha pago s� quatro das 10 parcelas que financiei.”

 

Pol�cia critica leis que p�em infratores de novo nas ruas

 

Um dos desafios das institui��es de seguran�a p�blica para reduzir as ocorr�ncias de roubos em Belo Horizonte est� na chamada repet�ncia criminal, representada por pessoas que retornam ao mundo do crime logo depois de serem soltas pela Justi�a. Na capital, segundo informa��es da Pol�cia Militar, esse indicador ultrapassa os dois d�gitos. Em 2015, por exemplo, foi de aproximadamente 42%. “Em 2016, a taxa foi de 33%. Nos dois primeiros meses de 2017, j� ultrapassa os 10%”, informou o Comando de Policiamento da Capital, em nota. No texto, a corpora��o avalia que o quadro se deve, al�m de outros fatores, a uma legisla��o “que permite a soltura do infrator, mesmo que contumaz”.

Ângelo Nogueira e documentos do veículo roubado em assalto, que custou ainda celulares e laptop(foto: Jair Amaral/EM/DA Press)
�ngelo Nogueira e documentos do ve�culo roubado em assalto, que custou ainda celulares e laptop (foto: Jair Amaral/EM/DA Press)
A PM, que conta com um efetivo em torno de 4,7 mil militares para o servi�o ostensivo na cidade e o apoio de outros 2 mil policiais em diversas opera��es, acrescentou que, “contextualizando a seguran�a p�blica a partir de 2012, ocorreram diversos eventos que permitiram uma quebra na sequ�ncia l�gica do que vinha ocorrendo no nosso pa�s”. “Pode-se citar a altera��o no C�digo Penal Brasileiro, no tocante � modifica��o da configura��o do crime de estupro, que abarcou muito mais condutas do que antes era necess�rio para a tipifica��o; as audi�ncias de cust�dia e a possibilidade de o delegado estabelecer fian�a (e n�o mais somente o juiz); o refor�o do crime organizado; os problemas sociais e econ�micos no pa�s; a situa��o carcer�ria; a demora em responsabilizar o infrator, o que aumenta a sensa��o de impunibilidade, a reincid�ncia e a repet�ncia criminal etc.”

O avan�o dos crimes contra o patrim�nio tamb�m � atribu�do pela PM, em parte, aos eventos ocorridos a partir de 2012, que atra�ram uma popula��o flutuante a Belo Horizonte. � o caso, por exemplo, da Copa das Confedera��es, em 2013, e da Copa do Mundo, no ano seguinte. O crescimento do carnaval na cidade tamb�m � outro �m� para turistas. “A Pol�cia Militar se preocupa com a vida, a integridade f�sica e com o patrim�nio das pessoas, independentemente dos �ndices apresentados. Essa realidade dos n�meros trazidos para Belo Horizonte � de semelhante evolu��o na maioria das capitais dos estados brasileiros no per�odo”, sustentou a PM. At� o fechamento desta edi��o, a Sesp n�o se pronunciou sobre o assunto.
Graciana Pimentel foi assaltada três vezes e teve dois carros levados em bairros da Região Noroeste(foto: Jair Amaral/EM/DA Press)
Graciana Pimentel foi assaltada tr�s vezes e teve dois carros levados em bairros da Regi�o Noroeste (foto: Jair Amaral/EM/DA Press)


receba nossa newsletter

Comece o dia com as not�cias selecionadas pelo nosso editor

Cadastro realizado com sucesso!

*Para comentar, fa�a seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)