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Estado de Minas

Quase metade dos presos em flagrante em BH j� cometeu outros crimes

Maioria das passagens anteriores � por roubo, furto ou tr�fico de drogas, segundo pesquisa conduzida por profissionais da UFMG


postado em 02/05/2017 06:00 / atualizado em 02/05/2017 08:17

Ação da PM em Belo Horizonte: abordagens que terminam com prisões em flagrante encontram reincidentes em quase metade dos casos, segundo pesquisa do Crisp, vinculado à UFMG(foto: Polícia Militar/Divulgação)
A��o da PM em Belo Horizonte: abordagens que terminam com pris�es em flagrante encontram reincidentes em quase metade dos casos, segundo pesquisa do Crisp, vinculado � UFMG (foto: Pol�cia Militar/Divulga��o)
Praticamente a metade dos presos em flagrante em Belo Horizonte j� cometeu algum crime anterior, sobretudo, roubo, furto ou tr�fico de drogas. � o que mostra a pesquisa “Audi�ncias de cust�dia em BH: um panorama”, elaborada pelo Centro de Estudos de Criminalidade e Seguran�a P�blica (Crisp) da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Durante sete meses, as pesquisadoras Ludmila Ribeiro, Sara Prado e Yolanda Maia acompanharam 825 audi�ncias na capital e apuraram que 49% das pessoas tinham prontu�rio policial.

Audi�ncias de cust�dia s�o aquelas em que, por lei, o preso em flagrante precisa ser encaminhado � presen�a de um juiz, em at� 24 horas, para que o magistrado decida se ele aguardar� o julgamento numa institui��o penal ou em liberdade. Em 45,8% dos casos pesquisados, a liberdade foi concedida, contudo, muitas vezes vinculada a uma ou mais condicionantes cautelares, como o pagamento de fian�a.

Um dos objetivos do estudo foi analisar o perfil dos presos que aguardaram o julgamento em liberdade e o daqueles que ficaram encarcerados. Mas as estat�sticas n�o devem ser analisadas friamente. Os n�meros mostram onde o poder p�blico precisa investir em programas sociais e econ�micos para a forma��o de cidad�os de bem. Tamb�m quais crimes necessitam de maior aten��o das for�as policiais.

Em nota, a Pol�cia Militar informou que “a redu��o da reincid�ncia criminal perpassa por pol�ticas integradas de retirada dos infratores do mundo do crime e (que � preciso) investimentos num sistema penal efetivo e numa rede de ressocializa��o capaz de resgatar a cidadania de quem estiver em conflito com lei”.

“Informa��es como sexo, cor, idade, escolaridade, estado civil, moradia e ocupa��o importam no sentido de verificar qual a posi��o do indiv�duo no estrato social e qual o tratamento dado a ele pelos operadores da Justi�a”, disse Ludmila, coordenadora da pesquisa. O trabalho de campo foi de setembro de 2015 a mar�o de 2016, sendo a an�lise dos dados conclu�da recentemente.

De acordo com Yolanda, 30,8% dos presos nas 825 audi�ncias foram acusados de roubo. Outros 19,6%, de furto. O tr�fico de drogas foi a terceira tipifica��o que mais gerou flagrantes em BH, com percentual de 17,7%. O crime de recepta��o respondeu por 9,4% dos casos. Ainda ocorreram porte ilegal de arma (5,8%), corrup��o de menores (5,1%), infra��o ao C�digo Brasileiro de Tr�nsito (3,6%) e Maria da Penha (1,5%).

(foto: Arte/EM)
(foto: Arte/EM)

TRABALHO
Chama aten��o o fato de a maioria dos custodiados (53,5%) terem uma ocupa��o. J� 31,4% disseram ser desocupados. Outros 6,8% declararam ser estudantes, enquanto 6,5% afirmaram n�o ter profiss�o definida. O trabalho, na vis�o de alguns operadores do direito, destacam as pesquisadoras, seria a �nica forma de deixar uma carreira de cometimento de delitos.

“Para os operadores do direito, a baixa escolaridade perpetua a pobreza, uma vez que poucas oportunidades de inser��o no mercado de trabalho surgir�o e o mais comum ser� essas pessoas ocuparem postos de trabalho informais ou pouco valorizados, o que pode empurr�-las novamente para uma vida de cometimento de crimes. Nesse cen�rio, os operadores transformam a an�lise da legalidade da pris�o em flagrante e a possibilidade de sua substitui��o por uma medida cautelar em um mecanismo jur�dico de diferencia��o de trabalhadores e bandidos”, escreveram as pesquisadoras no relat�rio final.

A an�lise delas vai al�m: “Seguindo a l�gica da cidadania regulada, que tem na carteira de trabalho o seu principal operador, somente os presos que comprovaram o seu registro conseguiram sair sem qualquer suspei��o, sem a restri��o de sua liberdade pela imposi��o da tornozeleira eletr�nica”.

SEM SA�DA A liberdade provis�ria por meio do pagamento de fian�a � outra medida cautelar. Mas, dependendo de artimanhas, tamb�m pode ser uma brecha para que o magistrado a conceda sabendo que o custodiado continuar� detido por n�o ter condi��es de efetuar o pagamento estipulado.

“Era comum verificar que a fian�a era arbitrada com intuito de manter o r�u na pris�o, uma vez que o desejo do juiz era converter o flagrante em preventiva, mas a inexist�ncia de requisitos para tal o impedia. Assim, era estipulado um valor de fian�a que sabidamente o preso n�o tinha condi��es de pagar, o que o faria ficar detido at� que um habeas corpus fosse concedido”, revelou o relat�rio.

Em apenas 1,7% dos casos, a liberdade provis�ria foi decretada sem qualquer condicionalidade e somente 0,6% de flagrantes, ou cinco dos 825 casos acompanhados, foram relaxados em fun��o de alguma situa��o que os invalidava.

Pol�cia defende debate


A Pol�cia Militar de Minas Gerais defende um debate com v�rios setores da sociedade, inclusive o cidad�o comum, para que a reincid�ncia criminal deixe de ser um dos grandes problemas enfrentados pela corpora��o. Em nota, a PM informou o que boa parte da popula��o j� testemunhou e que o levantamento das pesquisadoras do Crisp constatou: “Muitos infratores s�o conduzidos mais de uma vez por crimes violentos”. A corpora��o refor�ou que “todo policial militar segue firme na sua miss�o preventiva de realizar o policiamento ostensivo e ainda na realiza��o de repress�o qualificada, identificando e conduzindo quem cometer crimes”. A nota informou ainda que o “compromisso com a seguran�a p�blica, assumido junto � comunidade, renova-se diariamente, mesmo com as dificuldades que o fen�meno da criminalidade apresenta”.


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