
Nas pr�ximas semanas, a Secretaria Municipal de Sa�de (SMSa) deve concluir um estudo iniciado no princ�pio de abril para identificar profissionais dentro de sua pr�pria estrutura com habilidades para desenvolver as pr�ticas. O levantamento visa tamb�m mapear locais para as atividades e apontar o tamanho da demanda para as novas pr�ticas. A etapa seguinte, antes da abertura das vagas, ser� de treinamento de servidores. No SUS, cinco dessas terapias j� estavam previstas e foram adicionadas aos servi�os tradicionais de sa�de em 2006. A amplia��o dessas atividades em Belo Horizonte � resultado da decis�o do Minist�rio da Sa�de de acrescentar outras 14 pr�ticas ao rol j� existente, o que ocorreu por meio da Portaria 849/2017, publicada em 29 de mar�o.
“Os tratamentos usam recursos terap�uticos baseados em conhecimentos tradicionais, muitos deles milenares, e com resultados muito positivos, j� percebidos nos primeiros meses”, afirma a coordenadora do N�cleo de Apoio � Sa�de da Fam�lia da SMSa, Janete Coimbra. Talvez por isso, a artista pl�stica Rosiane Oliveira, de 59 anos, se mantenha t�o frequente nas aulas de lian gong, driblando bem o peso que o trabalho deixa sobre o corpo. “Quando comecei, em setembro do ano passado, meus ombros e joelhos viviam tensionados. Eu tinha dor nas articula��es e, especialmente, nas m�os, por causa do tipo de atividade que executo. J� em janeiro deste ano eu n�o tinha mais nenhum desses sintomas”, conta.
A expans�o das pr�ticas na Rede SUS-BH � vista pela artista pl�stica como um grande avan�o. “Assim como o lian gong foi uma b�n��o em minha vida, penso que outras pessoas podem se beneficiar dessas pr�ticas t�o importantes para tratar a sa�de de um outro ponto de vista, diferente do convencional, que � a rela��o paciente/m�dico/hospital e medicamentos”, avalia.
Foi tamb�m por meio da gin�stica terap�utica que a aposentada Vera L�cia Barbosa, de 65, disse ter se curado de uma depress�o. “Ampliei minha forma de enxergar a doen�a. Comecei a me abrir para outros est�mulos, como atividades coletivas e cursos, e fui, progressivamente, me curando”, conta. Por causa dessa conquista e diante de outros benef�cios para o corpo, Vera L�cia se mant�m frequente nas aulas de lian gong h� mais de uma d�cada, encontrando qualidade de vida, mesmo com o avan�o da idade. “Quando a gente envelhece, a tend�ncia � perder a flexibilidade do corpo e ter limita��es motoras. Por causa do lian gong mantenho meu corpo bem, em equil�brio, e livre de qualquer tipo de dor”, conta a aposentada, que pratica a gin�stica no Parque Municipal, todas as manh�s de quarta-feira.

CONSELHO M�DICO Com apenas dois meses matriculada no lian gong, a m�dica Lu Yuchan, de 63, j� � capaz de recomendar a terapia a outras pessoas. “� incr�vel como ela gera sa�de e bem-estar. Eu tinha limita��es e dores no pesco�o, que desapareceram no primeiro m�s, sem uso de nenhum medicamento”, relata. Sobre a introdu��o de mais tr�s modalidades na rede SUS de BH, a m�dica diz que toda a popula��o s� tem motivos a comemorar: “Isso � promo��o de sa�de. Precisamos parar de entender a sa�de como tratamento m�dico, rem�dio ou hospital. Al�m do mais, o lian gong e as demais pr�ticas integrativas est�o dispon�veis para toda a popula��o. Acho que falta divulga��o, porque todo mundo deveria fazer”, recomenda a m�dica. Ela conta, inclusive, que descobriu o lian gong depois de ter visto uma reportagem no Estado de Minas, em dezembro do ano passado. “Foi depois disso que comecei a fazer.”
Segundo a coordenadora do N�cleo de Apoio � Sa�de da Fam�lia da secretaria, Janete Coimbra, s�o muitos os relatos de pacientes e tamb�m as constata��es feitas em acompanhamentos de prontu�rios que evidenciam os benef�cios dessas pr�ticas. “Por isso, essa amplia��o � t�o bem-vinda. Esse tipo de atendimento, que v� o indiv�duo em sua integralidade, � algo que faz diferen�a na vida das pessoas, previne o adoecimento, trata enfermidades e evita o uso de medicamentos”, afirma.
PONTO CR�TICO
Pr�ticas alternativas s�o eficazes para substituir especialidades m�dicas convencionais?
V�nia Elizabeth Sim�es Duarte,
refer�ncia t�cnica em lian gong da Secretaria Municipal de Sa�de
Em termos
A inclus�o de pr�ticas complementares ao SUS contribui para a promo��o da sa�de. Isso porque os praticantes passam a ter a consci�ncia do autocuidado e se responsabilizam mais pela sua sa�de, deixando de atribuir esse resultado apenas aos profissionais. Outro fator importante, � que essas pr�ticas avaliam a pessoa de um ponto de vista integral e tratam corpo, mente e a rela��o dela com o meio ambiente. Pesquisas feitas com usu�rios do SUS j� atendidos por essas pr�ticas mostram resultados muito positivos. No caso do lian gong, por exemplo, 70% dos praticantes que faziam uso rotineiro de medicamentos relataram redu��o, em um ano de pr�tica ou at� em meses. Tamb�m confirmam melhoria da qualidade do sono, diminui��o de dores no corpo e ganhos no processo de socializa��o, especialmente no caso de idosos.
F�bio Guerra,
presidente do Conselho Regional de Medicina de Minas Gerais
N�o
S�o pr�ticas, assim como o pr�prio nome diz, complementares. S�o possibilidades de tratamento que podem ser adicionadas ao tratamento de sa�de dos pacientes e, por esse ponto de vista, essa nova oferta no Sistema �nico de Sa�de (SUS) � muito v�lida. Amplia, inclusive, o acesso das pessoas aos servi�os de sa�de. No entanto, � importante deixar claro que, de forma alguma, elas substituem o atendimento ou a assist�ncia m�dica. Primeiro porque elas n�o s�o especialidades m�dicas, nem s�o realizadas por profissionais m�dicos. Sendo complementares, n�o vejo impedimento para que elas sejam usadas, desde que mantida a oferta, inclusive do ponto de vista financeiro, sem competir com as pr�ticas j� reconhecidas do ponto de vista cient�fico, como a assist�ncia e o uso de medicamentos.