
Com refor�o na fiscaliza��o da Pol�cia Rodovi�ria Federal, � cada vez maior o n�mero de flagrantes da combina��o perigosa e proibida entre �lcool e dire��o nas estradas federais que cortam Minas Gerais. Enquanto em 2016 a corpora��o aplicou, em m�dia, 695 testes de baf�metro ao dia nas BRs mineiras, nos quatro primeiros meses de 2017 esse n�mero cresceu 22%, chegando � casa dos 850 exames di�rios, de 1º de janeiro a 1º de maio. A intensifica��o se refletiu na quantidade de motoristas alcoolizados descobertos: no ano passado, a m�dia di�ria era de sete, n�mero que aumentou 28% neste ano, passando para nove flagrados diariamente (veja quadro).
Para a PRF, al�m do incremento na vigil�ncia, outro fator pesa nesse quadro: a quantidade de feriados concentrados no primeiro quadrimestre do ano, em que a fiscaliza��o foi refor�ada. Independentemente de explica��es, especialistas destacam o perigo da mistura entre bebida alco�lica e volante, principalmente em um ambiente rodovi�rio.
Segundo a PRF, no ano passado 469 pessoas se enquadraram nessas duas situa��es, o que significa que em m�dia houve mais de uma pris�o de motorista ao dia em 2016. Em 2017 j� s�o 167 pris�es em quatro meses, o que significa que a m�dia teve ligeiro aumento e se mant�m em mais de uma deten��o di�ria.
O mestre em engenharia de transportes Silvestre de Andrade diz que a intensifica��o da fiscaliza��o � muito importante para que a lei se torne eficaz e a PRF deve se concentrar cada vez mais na estrat�gia de ampliar esses n�meros. Por�m, ele acredita que as campanhas de conscientiza��o do poder p�blico devem andar junto com o trabalho policial, o que n�o ocorre atualmente. “Quanto mais informa��o sobre o que a pol�cia est� fazendo, maior a repercuss�o e o receio do motorista de beber”, afirma.
Nesse caso, o c�lculo do risco pesa contra a inten��o de beber e dirigir. Outra situa��o apontada pelo especialista como crucial para reduzir os casos de embriaguez nas estradas � o que acontece ap�s as autua��es e pris�es. “N�o adianta pegar a pessoa embriagada e depois n�o ter consequ�ncia. As medidas administrativas, como a suspens�o da carteira, e judici�rias, como a condena��o pelo crime de tr�nsito, precisam ser efetivas”, completa.
Para o inspetor Aristides J�nior, chefe do N�cleo de Comunica��o Social da PRF em Minas, o perigo de assumir o risco de dirigir alcoolizado em uma rodovia � muito grande. “O risco existe em qualquer lugar, mas em uma estrada, naturalmente, a velocidade � maior, o que exige um racioc�nio mais �gil. Se a rodovia for movimentada, existe a possibilidade de um acidente envolvendo outro ve�culo”, destaca o policial.
Esse � o temor do caminhoneiro Ant�nio Marcos Andrade, de 46 anos, que ontem soprou com traquilidade o baf�metro em frente ao posto da PRF na BR-381, em Sabar�, na Grande BH. O resultado apontou que ele n�o tinha bebido. “O que eu acho mais errado � colocar a vida de outra pessoa em risco. Por isso, a pol�cia tem que fiscalizar demais, para ver se d� um basta nesses abusos”, afirma.
CONCENTRA��O O policial rodovi�rio Gledson Ferreira da Silva, que integra um grupo de fiscaliza��o itinerante da PRF na Grande BH, conta que o local de flagrantes mais comuns de motoristas alcoolizados na regi�o metropolitana � a BR-040, em Nova Lima, devido � presen�a de sal�es de festas e s�tios nas imedia��es.
Mas o desrespeito est� espalhado por todo o estado, segundo o agente, que j� atuou em uma ocorr�ncia em que o condutor soprou o baf�metro e o resultado apontou 1,39mg/l, tr�s vezes acima do limite para responder por crime de tr�nsito e ser preso em flagrante. O caso ocorreu na BR-262, em Abre Campo, na Regi�o Central do estado. “O motorista de um caminh�o bateu na traseira de outro caminh�o e mesmo com a frente do ve�culo pesado destru�da, sem o para-brisa, ele continuou tentando seguir viagem, achando que poderia escapar”, afirma.
Acostumado a rodar pelas rodovias mineiras, o caminhoneiro Mariozan Peres, de 43, tamb�m foi submetido ao teste do baf�metro ontem, na BR-381, em Sabar�, com resultado normal. Ele conta que j� presenciou v�rias situa��es de risco nas estradas, em que suspeitou que o condutor respons�vel pela manobra pudesse estar alcoolizado. “As pessoas tinham que ter mais consci�ncia. Se bebeu, por que n�o fica em casa? Ou ent�o pode beber, mas espera ter condi��es seguras para fazer uma viagem”, completa.
O que diz a lei
Beber e dirigir � infra��o grav�ssima prevista no C�digo de Tr�nsito Brasileiro (CTB) e pode ser considerado crime de tr�nsito. Quem for flagrado nessa situa��o perde sete pontos na Carteira Nacional de Habilita��o (CNH), paga multa de R$ 2.934,70 e tem a CNH suspensa por um ano, por meio de processo administrativo. Se a conduta se repetir em um ano, a multa dobra, chegando a R$ 5.869,40. O CTB tamb�m prev� uma puni��o criminal para quem exceder o limite de 0,34 miligramas de �lcool por litro de ar expelido pelos pulm�es ou se recusar a soprar o baf�metro, mas apresentar altera��o da capacidade psicomotora. Nesse caso, o crime � punido com deten��o de seis meses a tr�s anos, multa e suspens�o ou proibi��o de obter a CNH.