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Estado de Minas

Restaura��o do Museu Mineiro revela pinturas feitas sobre reboco

Obras parietais, feitas diretamente nas paredes, foram encontradas sob sete camadas de tinta e podem ser do mesmo artista que decorou o Pal�cio da Liberdade


postado em 11/05/2017 06:00 / atualizado em 11/05/2017 07:59

Especialista aplica produto sobre ornamentos como parte do trabalho de restauro(foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A PRESS)
Especialista aplica produto sobre ornamentos como parte do trabalho de restauro (foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A PRESS)
Uma descoberta no Museu Mineiro, no Circuito Pra�a da Liberdade, em Belo Horizonte, entusiasma a dire��o da institui��o, encanta restauradores e se torna mais um atrativo para os visitantes que chegam ao casar�o erguido na �poca de constru��o da capital. Bem na entrada do equipamento cultural da Avenida Jo�o Pinheiro foram encontradas sob sete camadas de tinta, a �ltima delas na cor preta, um conjunto de pinturais parietais – feitas diretamente nas paredes, sobre o reboco, que podem ser de autoria do mesmo artista que trabalhou no Pal�cio da Liberdade, o alem�o Frederico Steckel (1834-1921). “S�o figuras aladas, folhas de acanto e outras ornamenta��es, ocupando cerca de 40% das paredes”, informa a superintendente de Museus da Secretaria de Estado da Cultura, Andr�a de Magalh�es Matos.


H� um m�s, especialistas do Grupo Oficina de Restauro, de BH, iniciaram os servi�os de recupera��o nessa �rea do museu, que completa 35 anos, com t�rmino previsto para a pr�xima semana. Tudo come�ou com a prospec��o na parede pintada de preto, e, ap�s a interven��o, a equipe descobriu v�rias camadas de marrom, de massa e outros materiais e cores diferentes. Na tarde de ontem, usando uma seringa, Fernanda Alves Guerra fazia a consolida��o do suporte com produtos espec�ficos e mostrava partes escondidas, ao longo do tempo, sob a moldura de madeira das portas. No c�modo ao lado, que era preto e agora exibe um tom p�ssego, dando mais leveza ao ambiente, n�o houve registro desses trabalhos, t�o em moda na BH do in�cio do s�culo 20.

A obra no museu come�ou h� quatro anos, quando o acervo de pinturas da Sala das Sess�es foi transferido para o t�rreo do pr�dio em estilo ecl�tico, que abriga cole��o com 17 tipologias, 3,5 mil pe�as, das quais 600 em exposi��o. Os recursos para a atual etapa (R$ 250 mil), incluindo a ilumina��o especial do hall, s�o viabilizados com patroc�nio da Cemig, por meio da Lei de Incentivo � Cultura, sendo proponente a Associa��o dos Amigos do Museu Mineiro. “Estamos muito animados com a obra e temos recebido muitos artistas interessados em apresentar propostas para futuras exposi��es”, diz Andr�a.

DIN�MICA Na tarde de ontem, v�rias especialistas trabalhavam no restauro do museu, que, durante as obras, tem acompanhamento t�cnico do pessoal da casa e do Instituto Estadual do Patrim�nio Hist�rico e Art�stico de Minas Gerais (Iepha-MG). � frente do Grupo Oficina de Restauro est� Maria Regina Reis Ramos, mais conhecida como Marregis. Na Sala das Colunas, com acervo barroco e obras de escultores do s�culo 18 em Minas, a exemplo dos mestres Piranga, Sabar� e Bar�o de Cocais, a superintendente mostra o piso de t�buas corridas original, que j� foi raspado e recebeu sinteco fosco. “Estava muito degradado”, afirma.

J� na Sala das Sess�es, que est� vazia, foi feita tamb�m a recupera��o do piso, com substitui��o de t�buas e das esquadrias das janelas. O teto receber� um lustre para real�ar a beleza do forro e do ambiente que abrigar� grandes obras de arte, como o quadro A m� not�cia, datado de 1897 e de autoria do mineiro Belmiro de Almeida (1858-1935). Andr�a explica que todo o trabalho de restauro do casar�o, incluindo as salas das Sess�es, das Colunas e de miniexposi��es, ser� conclu�do em novembro, o que n�o impede a visita��o p�blica. Atualmente, s�o 18 mil pessoas por ano, n�mero que cresceu 45% de 2015 para o ano passado.

Instituição que completa 35 anos fica em casarão que já teve múltiplos usos e está fortemente ligada à história de Belo Horizonte(foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A PRESS)
Institui��o que completa 35 anos fica em casar�o que j� teve m�ltiplos usos e est� fortemente ligada � hist�ria de Belo Horizonte (foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A PRESS)

ARTE E HIST�RIA Neste ano, quando se completam 35 anos de funda��o, o Museu Mineiro, vinculado � Secretaria de Estado da Cultura, mant�m a tradi��o de preservar, pesquisar e difundir a cultura das Gerais. No casar�o, de m�ltiplas serventias – resid�ncia de secret�rios de governo no in�cio de BH, Senado e, nas d�cadas de 1960 a 1981, Pagadoria do estado, moradores e visitantes fazem uma viagem sensorial ao caminhar por ambientes distintos e admirar imagens, orat�rios e prataria, a maioria origin�ria da cole��o Geraldo Parreiras, adquirida pelo estado em 1978.

Na Sala das Colunas, causa impacto o p�rtico de madeira trabalhada, com anjos, que pertenceu a uma igreja do interior, j� demolida. Nas vitrines, � de encher os olhos as imagens de Santana Mestra, S�o Jos� de Botas, Nossa Senhora da Concei��o e outros santos. Num espa�o pr�ximo est�o as seis telas de autoria de Manuel da Costa Ata�de (1762-1830), expoente do Barroco. O nome Sala das Sess�es, diz Andr�a, faz refer�ncia ao antigo Senado mineiro.

O olhar curioso do visitante vai encontrar muitas preciosidades no museu. Na Sala do Arquivo P�blico, uma pe�a chama logo a aten��o pelo simbolismo. Trata-se da colher de pedreiro que assentou a primeira pedra da constru��o da Cidade de Minas, nome anterior de Belo Horizonte. A ferramenta, com inscri��o datada de 7 de setembro de 1895, tem l�mina de ouro e prata e cabo de madeira. Na sala, h� ainda uma s�rie de pe�as, como uma tela de dom Pedro I (1798-1834), bras�o da fam�lia real, armas, um pequeno canh�o, moedas, o livro contando a festa do Triunfo Eucar�stico – realizada em Ouro Preto em 21de maio de 1733 e considerada pelos estudiosos uma das mais ricas e belas do Brasil colonial –, um rel�gio pertencente a Joaquim Jos� da Silva Xavier, o Tiradentes (1746-1792), e outros objetos que contam parte da hist�ria de Minas.

A hist�ria do Museu Mineiro tem como primeira refer�ncia o ano de 1895, quando, pela Lei 126, foi criado o Arquivo P�blico Mineiro. O segundo artigo da lei discorre sobre a inten��o de instala��o do equipamento cultural do estado, composto por acervo representativo da hist�ria e da arte mineiras, conforme pesquisa da institui��o. Posteriormente, em 1910, foi juridicamente consolidado, abrangendo as se��es de hist�ria natural, etnografia e antiguidades hist�ricas. O projeto se firmou apenas d�cadas depois, quando o Decreto 18.606/1977 autorizou a implanta��o do Museu Mineiro e determinou sua desvincula��o do Arquivo P�blico Mineiro.

Molduras podem ter sido obra do alemão Frederico Steckel (1834-1921)(foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A PRESS)
Molduras podem ter sido obra do alem�o Frederico Steckel (1834-1921) (foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A PRESS)

Museu Mineiro

Avenida Jo�o Pinheiro, 342 – Bairro Funcion�rios, Regi�o Centro-Sul de Belo Horizonte

Aberto �s ter�as, quartas e sextas, das 10h �s 19h; �s quintas, das 12h �s 21h; e s�bados e domingos, das 12h �s 19h

Telefones: (31) 3269-1103 e 1106 (visitas de grupos devem ser marcadas com anteced�ncia)

Entrada franca

 

Linha do tempo

 

1895
O acervo do Museu Mineiro come�a a ser constitu�do com a cria��o, em Ouro Preto, do Arquivo P�blico Mineiro

 

1910
Lei 528, de 20 de setembro, autoriza a forma��o de cole��es de objetos para composi��o do futuro museu

 

1977
Decreto 18.606 determina a implanta��o do Museu Mineiro e o desvincula do Arquivo P�blico

 

1978
Museu recebe 187 pe�as de arte sacra (s�culos 18 e 19) da cole��o Geraldo Parreiras, adquirida naquele ano pelo governo do estado

 

1982
O museu � inaugurado em 10 de maio e passa a funcionar no pr�dio do antigo Senado Mineiro

 

1984
Em abril, o museu passa a ser vinculado � rec�m-criada Secretaria de Estado da Cultura

 

2002
T�rmino do processo de revitaliza��o do Museu Mineiro, iniciado em 1999, que culminou na abertura da exposi��o Colecionismo mineiro

 

2012
Em 18 de janeiro, o Museu Mineiro � reaberto, com espa�o multiuso e novo sistema el�trico, projeto luminot�cnico, pintura e museografia


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