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Estado de Minas

Professora que dan�ou bal� at� oito meses de gesta��o volta � ativa com a filha de tr�s meses

Para retornar � dan�a, Juliana Azoubel embalou a pequena Larissa em uma faixa junto ao corpo


postado em 09/05/2017 06:00 / atualizado em 09/05/2017 08:05

Passos de confian�a, amor � arte e gestos de afeto entrela�ados perto do cora��o. Ao saber que estava gr�vida de Larissa, hoje com tr�s meses, a professora de dan�a Juliana Azoubel ganhou da m�dica obstetra a poesia A bailarina, de Cec�lia Meireles (1901-1964), logo emoldurada e pendurada na parede de casa.

“Ela disse que seria menina, embora sem conhecer o sexo do beb�, pois ainda n�o tinha feito o ultrassom. Como sou da �rea, tinha tudo a ver comigo”, lembra a moradora do Bairro Cidade Nova, na Regi�o Nordeste de Belo Horizonte, feliz da vida ao recitar a primeira estrofe: "Esta menina/t�o pequenina/quer ser bailarina". Apaixonada pela dan�a, presente no seu universo desde os 6 anos de idade, Juliana, de 41, quer passar este sentimento para a filha, tanto que faz aulas de bal� cl�ssico com ela bem juntinho do corpo, embalada por uma faixa de malha chamada sling. "N�o � canguru, n�o, pois n�o tem nenhum tipo de arma��o", conta.

Nascida em Olinda (PE) e certa de que a dan�a est� na sua vida desde a barriga da m�e Inez, conforme ressalta bem-humorada, Juliana faz aulas duas vezes por semana no Harmonia Studio de Dan�a, perto de casa. Na tarde de ontem, n�o foi diferente e Larissa estava como manda o figurino: de sapatilhas de croch� com fitas de cetim cor-de-rosa, presente de uma vizinha e colega de bal�, vestido na mesma cor e tiara com la�o. Ao ver os rep�rteres, estranhou e caiu no choro – “� o sono da tarde chegando”, explicou a m�e –, mas bastou a professora Sarah Nogueira Lage ligar o som e p�r uma m�sica cl�ssica para a garota se acalmar e dormir como um anjo agarrada � cintura de Juliana.

Para proteger a filha, sempre aninhada nos bra�os, Juliana j� tem a “manha” e, em quest�o de segundos, estica o sling nas costas, depois passa as pontas sobre os ombros, como se criasse asas, puxa outra parte at� o ventre, para, ent�o, trazer Larissa para bem perto do peito. A menina nem se move. A �ltima etapa � amarrar na frente e puxar a malha para cobrir as costas dela. “Fica tranquila e bem quentinha, em completa seguran�a. � tamb�m uma rela��o de confian�a entre n�s, como se ela fosse parte do meu corpo e gostaria que ela vivenciasse meu of�cio.” Depois, � seguir as indica��es da professora: Pli�! Arabesque! Rise! Grand pli�! Com eleg�ncia na barra de alongamento, coluna ereta e mantendo o sorriso, Juliana flexiona e estica as pernas, sobe em meia-ponta e eleva os bra�os.

Juliana conta que o desejo de fazer aulas de balé com a filha vem desde os primeiros meses de gestação:
Juliana conta que o desejo de fazer aulas de bal� com a filha vem desde os primeiros meses de gesta��o: "Pensava em uma forma de ficar mais tempo com ela", diz (foto: Leandro Couri/EM/D.A PRESS)

CAMINHADA
O desejo de fazer aulas com a filha vem dos primeiros meses de gesta��o. “Pensava numa forma de ficar mais tempo com ela, j� que fiz aulas at� o oitavo m�s. Afinal, minha vida � a dan�a”, conta a core�grafa e professora da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), casada com o professor de arqueologia da mesma institui��o, Lu�s Cl�udio Symansky. De in�cio, Juliana come�ou a caminhar com o beb�, protegido pelo sling, na Avenida Jos� C�ndido da Silveira, no bairro, e depois, ao voltar para o Harmonia, como a crian�a com um m�s, entrou no novo ritmo.

“Agora fico mais tempo na barra, cerca de 40 minutos. No caso de ir para o centro (da sala), tamb�m fa�o os movimentos do bal�”, explica elevando os bra�os. Se Larissa acorda de repente e d� uma choradinha, ela acaricia as costas dela e volta tudo ao normal. “O que mais quero � ver minha filha feliz. Ela nasceu de parto normal e agora est� em movimento. Pronto“, brinca a professora pontuando a frase com express�es pernambucanas e o sotaque inconfund�vel.

SEM MEDO Com a pr�tica de tantos anos de bal� cl�ssico e dan�as populares e contempor�neas, Juliana, ainda em licen�a maternidade, n�o tem medo de fazer os movimentos do bal� e aprimorar sua arte com a crian�a na cintura. “Est� segura aqui. Repito que � uma rela��o de confian�a. Al�m de tudo, a m�sica acalma, relaxa, sem falar nas batidas do cora��o da m�e.”
Com a filha protegida por um sling, Juliana treina ao lado da professora Sarah Nogueira(foto: Leandro Couri/EM/D.A PRESS)
Com a filha protegida por um sling, Juliana treina ao lado da professora Sarah Nogueira (foto: Leandro Couri/EM/D.A PRESS)


Na aula de bal� cl�ssico com oito alunas, a professora Sarah, casada com o bailarino Bruno Leonardo Coman Martins e m�e de Catarina, de 7, elogia a iniciativa de Juliana e revela nunca ter visto algo assim em 17 anos de profiss�o. “Lembro que tive uma professora, m�e de um menino, que pegava minha filha no colo durante as aulas, mas n�o dessa forma. M�e e filha se entendem e isso vai fortalecendo a cumplicidade entre elas, o carinho”, observa Sarah. Ela acrescenta ter visto na internet pais com crian�as maiores e outros ritmos que n�o o bal� cl�ssico.

Para Juliana, tudo est� bem e ela aconselha outras m�es a seguir o exemplo, desde que, claro, num clima de total seguran�a. “Acho que vamos ficar dan�ando juntas at� ela ficar maiorzinha. Logo depois, vai para a aula de bal�”. No fim da conversa, Larissa volta a choramingar e a m�e se lembra de outro verso de A bailarina: N�o conhece nem l� nem si/mas fecha os olhos e sorri. Como disse a professora, m�e e filha se entendem – e, pelo visto, no amor, na dan�a e at� na poesia, ainda mais na semana dedicada �s m�es.

A bailarina

Cec�lia Meireles

Esta menina
t�o pequenina
quer ser bailarina.

N�o conhece nem d� nem r�
mas sabe ficar na ponta do p�.

N�o conhece nem mi nem f�
Mas inclina o corpo para c� e para l�.

N�o conhece nem l� nem si,
mas fecha os olhos e sorri.

Roda, roda, roda, com os bracinhos no ar
e n�o fica tonta nem sai do lugar.

P�e no cabelo uma estrela
e um v�u
e diz que caiu do c�u.

Esta menina
T�o pequenina
quer ser bailarina.

Mas depois esquece todas
as dan�as,
e tamb�m quer dormir como as outras crian�as.


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