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Estado de Minas ZONA DA MATA

PM da reserva morre depois de entrar em posto policial em Juiz de Fora

Policial aposentado tentou registrar BO, mas saiu do posto policial em uma ambul�ncia e morreu meses ap�s ficar internado; MP apresentou den�ncia contra PMs


22/05/2023 22:32 - atualizado 23/05/2023 00:01
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A morte do oficial veterano e 1º tenente da Pol�cia Militar em Juiz de Fora, na Zona da Mata, em Minas Gerais, Manoel Ferreira, de 82 anos — ap�s entrar em um posto policial da cidade para registrar uma ocorr�ncia —, � alvo de uma den�ncia apresentada pelo Minist�rio P�blico mineiro � 4ª Auditoria de Justi�a Militar em Belo Horizonte. Dois sargentos foram denunciados. Laudo pericial da Pol�cia Civil atesta que o oficial chegou a ficar parapl�gico. 
 
Imagens de c�meras de monitoramento mostram o momento em que a v�tima entrou na sede da 31ª Companhia da Pol�cia Militar, no bairro Jardim Bom Clima, onde permaneceu por cerca de 30 minutos antes de sair de l� dentro de uma viatura do Servi�o de Atendimento M�vel de Urg�ncia (Samu) e dar entrada em um hospital da cidade em estado grave, em 22 de mar�o de 2022. 
 
Na pe�a de acusa��o, elaborada pelo promotor H�lvio Sim�es Vidal, da 5ª Promotoria de Justi�a de Juiz de Fora, os dois policiais militares da ativa s�o acusados de abuso de autoridade. Um deles ainda � qualificado por viol�ncia contra superior praticada em servi�o, que resultou na morte do oficial.
 
No leito de hospital, filho registrou em áudio versão do pai, que teria sido agredido dentro de um posto policial em Juiz de Fora
No leito de hospital, filho registrou em �udio vers�o do pai, que teria sido agredido dentro de um posto policial em Juiz de Fora (foto: C�mera de monitoramento/Arquivo pessoal)
Conforme a promotoria, Manoel Ferreira tentou registrar uma ocorr�ncia, mas apresentou “ligeira altera��o verbal”, que, segundo pontua o MP, foi provocada por um dos policiais ao negar o direito da v�tima “com indevida valora��o do prazo legal para o registro”. 

 
Indignado, Manoel informou ser militar da reserva, por�m se encontrava apenas com a identidade civil e acabou preso por desacato. “Em manifesto abuso de poder e autoridade, (o policial) imp�s � v�tima a obriga��o manifestamente il�cita de exibir identifica��o militar, sob a amea�a de pris�o, o que de fato realizou, com imposi��o de voz de pris�o em flagrante delito”, afirma a promotoria. 
 

Vers�o do policial aposentado no leito de hospital

 
Para realizar a pris�o ilegal, o policial arremessou Manoel violentamente contra uma parede, narra a den�ncia. Enquanto ainda estava no hospital, um dos filhos da v�tima gravou em �udio, quatro dias ap�s a interna��o, a vers�o do pai sobre o que teria acontecido naquele dia. Nos arquivos aos quais a reportagem teve acesso, Manoel conta que o policial “come�ou a questionar” o motivo da realiza��o do boletim de ocorr�ncia. 
 
“A�, ele falou por que eu deixei para o �ltimo dia [em decorr�ncia de prazo limite de seis meses previsto na lei]. U�, eu deixei porque eu quis deixar. Estava raciocinando se valia ou n�o fazer no �ltimo dia. Estava no prazo. A�, ele veio gritando comigo, e eu falei que era militar. (...). Ele pediu minha identidade de militar. Eu falei que n�o tinha, mas estava com a identidade civil”, explica a v�tima em �udios que foram juntados ao processo. 
 
A partir de ent�o, as agress�es come�aram, ainda segundo o relato gravado pelo policial no leito de hospital. “A�, ele me colocou a m�o, for�ou minha coluna e me atirou contra a parede. Falei que eu tinha problema na coluna, h�rnia de disco, mas ele n�o queria saber”, completa. No sistema intranet da PM, “a veracidade da identidade militar da v�tima” foi constatada, pontua o Minist�rio P�blico.
 
Manoel Ferreira morreu em 12 de junho do ano passado, quase tr�s meses depois da interna��o. Logo, o MP concluiu que o denunciado A.C.S, “possuindo meios, equipamentos e recursos log�sticos suficientes para a aferi��o da qualifica��o declarada pela v�tima”, deu “ordem” para ela “identificar-se como militar e a arremessou, em a��o criminosa absurda e violenta”, contra a parede dentro da unidade policial, “produzindo, em consequ�ncia da a��o dolosa, a morte de Manoel Ferreira”. 
 

Laudo pericial

 
Um laudo pericial da Pol�cia Civil revela que a v�tima, portadora de diabetes, hipertens�o e quatro h�rnias de disco, al�m de ficar parapl�gica, teve diagn�stico de trauma raquimedular e les�o medular aguda. O documento aponta que o 1º tenente aposentado foi atingido com “instrumento contundente”. A causa da morte foi uma pneumonia, associada � ventila��o mec�nica e � interna��o prolongada. 
 

V�tima acusada de desacato

 
Ao Estado de Minas, o promotor H�lvio Sim�es Vidal explica que o 2º Batalh�o de Pol�cia Militar abriu a primeira investiga��o contra o oficial aposentado. “Ele foi indiciado por desacato a militar em 10 de junho de 2022. Ao morrer dois dias depois, o mesmo batalh�o abriu, dia 14, uma nova investiga��o para apurar as circunst�ncias da morte do idoso, qualificando o caso como les�o corporal culposa, o que est� errado, pois a v�tima j� estava morta”, detalha Vidal. 
 

O que diz a Justi�a Militar 

 
Procurada pelo EM, a Justi�a Militar de Minas Gerais “esclarece que recebeu do Minist�rio P�blico a den�ncia em desfavor dos referidos policiais militares h� pouco mais de tr�s meses, em fevereiro de 2023”. 
 
“O processo est� tramitando regularmente, garantindo aos acusados o direito � ampla defesa e ao contradit�rio”, finaliza. 
 
A reportagem tamb�m entrou em contato com a assessoria da Pol�cia Militar em Juiz de Fora, mas at� o fechamento desta publica��o n�o houve retorno. Caso a institui��o policial se manifeste, o texto ser� atualizado. 


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