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Estado de Minas

Objetivo da expedi��o em Bocaiuva era checar Teoria da Relatividade, de Albert Einstein

Primeiras experi�ncias usaram um eclipse solar de 1919, mas comunidade cient�fica optou por fazer novos testes na cidade mineira em 1947


postado em 16/05/2017 06:00 / atualizado em 16/05/2017 09:01

Americanos montaram muitos equipamentos no Norte de Minas para acompanhar eclipse do sol há 70 anos(foto: José Medeiros/Arquivo O Cruzeiro/EM)
Americanos montaram muitos equipamentos no Norte de Minas para acompanhar eclipse do sol h� 70 anos (foto: Jos� Medeiros/Arquivo O Cruzeiro/EM)
Na ocasi�o do eclipse total do sol de 20 de maio de 1947, cientistas fizeram observa��es que tinham como objetivo a comprova��o da Teoria da Relatividade, do f�sico alem�o Albert Einstein. Os testes com tal finalidade foram desenvolvidos por Georges van Biesbroeck (1880-1974), astr�nomo belga radicado nos Estados Unidos (Observat�rio de Yerkes), um dos principais nomes da miss�o cient�fica americana que esteve em Bocaiuva.

J� tinham sido feitas as primeiras experi�ncias sobre a teoria de Einstein durante o eclipse total do sol de 1919. Mas a comunidade cient�fica optou por fazer novos testes no eclipse solar de 1947, com a miss�o sendo entregue ao renomado Biesbroeck, que, ao aceit�-la, construiu no acampamento de Extrema um telesc�pio de seis metros de altura. Ele retornou ao local tr�s depois do eclipse, para dar continuidade aos estudos.

Em reportagem especial sobre as observa��es do munic�pio norte mineiro, publicada em setembro de 1947, a Revista National Geographic destaca que “um dos projetos mais importantes” da miss�o americana enviada ao Brasil era “checar a Teoria da Relatividade”. E lembrou que Einstein previra “que um dos testes de sua Teoria da Relatividade seria que raios de luz de estrelas distantes se curvariam ligeiramente quando passassem pr�ximo do Sol. Ele disse que essa curvatura seria equivalente a um �ngulo muito pequeno, numa fra��o m�nima, de um grau de circunfer�ncia.

Ainda conforme a publica��o americana, Van Biesbroeck mediu a curvatura da luz fazendo duas fotos do mesmo grupo de estrelas, uma durante o eclipse e outra fora dele. Na fotografia durante o eclipse, “as estrelas apareciam em volta do sol Porque a sua luz se curvava e suas imagens est�o levemente deslocadas de onde elas realmente est�o localizadas no c�u. Na segunda foto, tirada � noite, quando o sol n�o estava (no c�u), n�o havia curvatura da luz e as estrelas apareciam nas suas reais posi��es”.

A National Geographic enfatizava que, “medindo a diferen�a da posi��o das estrelas nas duas fotografias, o doutor Van Biesbroeck pode determinar quanto a luz se curvou ao passar pelo Sol”, conforme as previs�es de Einstein.

Embora v�rias publica��es, como a Revista O Cruzeiro, tenham divulgado que, ao retornar a Bocaiuva dois meses depois do eclipse total do Sol, Van Biesbroeck comprovou a Teoria da Relatividade, ap�s o trabalho em Minas o renomado astr�nomo continuou as observa��es para provar a veracidade dos pressupostos de Einstein. Na biografia de Biesbroeck consta que em 1952 ele viajou ao Sud�o, na �frica, para fazer observa��es durante um eclipse solar vis�vel do continente africano, “para confirmar a Teoria da Relatividade”.

Sobre a quest�o, o professor Roberto Dias da Costa, do Instituto de Astronomia e Geof�sica Aplicada e Ci�ncias Atmosf�ricas (IAG) da Universidade de S�o Paulo (USP), salienta, que, “at� a metade do s�culo 20 ainda havia muito interesse em testar a validade da Teoria da Relatividade Geral, em particular fazer medidas do desvio gravitacional da luz, que pode ser constatado durante os eclipses solares totais. As medidas feitas em Bocaiuva serviram, sim como testes da Relatividade Geral”.
O astr�nomo da USP lembra que os eclipses solares totais sempre despertaram interesse cient�fico, pois s�o as oportunidades �nicas para se estudar a coroa solar, sob luminosidade t�nue. “Fora dos eclipses, o brilho intenso ofusca totalmente a coroa”, ressalta.

Falta de apoio aos brasileiros


Enquanto os Estados Unidos investiram milh�es de d�lares em um projeto de observa��o do eclipse total de 1947 no Brasil, os astr�nomos brasileiros praticamente n�o fizeram estudos do fen�meno, devido � falta de apoio oficial na �poca. A informa��o � do professor Renato Las Casas, coordenador do grupo de Astronomia da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).

Las Casas afirma que, em 1947, astr�nomos do Observat�rio de Yerkes (EUA) fizeram um projeto para a observa��o do ent�o chamado “Efeito Einstein” e tiveram “apoio total do governo norte- americano”. “O ‘Efeito  Einstein’ para muitos j� havia sido confirmado com as observa��es do eclipse de 1919,  tamb�m realizadas no Brasil (em Sobral, no Cear�), mas ainda havia algumas d�vidas”, conta.

Ele salienta que a equipe do Observat�rio de Yerkes contou com grande aparato e se fixou em Bocaiuva, onde “o c�u se abriu na hora do eclipse, o que permitiu a realiza��o de �timas medidas, que  ajudaram a confirmar o ‘Efeito Einstein’ (a Teoria da Relatividade). Outras miss�es estrangeiras, em outros locais do pa�s, n�o tiveram a mesma sorte. Em Arax�, por exemplo, onde se fixaram miss�es finlandesa e russa, a meteorologia n�o permitiu que uma �nica observa��o fosse feita”, afirmou.

“No Brasil n�o tivemos esse apoio. A verba do Observat�rio Nacional, na �poca a �nica institui��o do pa�s capaz de fazer observa��es relevantes desse fen�meno, era irris�ria e insuficiente ate mesmo para mandar uma pequena equipe para algum local de observa��o”, lamenta o professor da UFMG.

A GRANDE SOMBRA
Os estudos sobre o eclipse total do sol de maio de 1947 foram destacados em reportagem especial da revista americana National Geografic, que tamb�m integrou a expedi��o dos Estados Unidos enviada a Bocaiuva para as observa��es do fen�meno. Em setembro de 1947, a revista publicou edi��o especial, com 40 p�ginas e textos sobre “a grande sombra da lua”.

Com o t�tulo “Ca�ando o eclipse no sert�o do Brasil”, a reportagem foi escrita pelo jornalista F. Barrows Colton. Ele viajou com os cientistas e integrantes da For�a A�rea e do Ex�rcito dos Estados Unidos at� Bocaiuva, com os quais permaneceu durante nove meses, de agosto de 1946 at� os dias posteriores ao eclipse total.

No material especial divulgado em 1947, a National Geographic destacou o passo a passo da expedi��o americana. Descreveu as observa��es feitas durante o eclipse total do sol e enfatizou a import�ncia de tais observa��es para a ci�ncia.

A publica��o destaca que, al�m de 16 cientistas, a miss�o contava com 55 oficiais do “Ex�rcito A�reo” e das “For�as Terrestres” dos Estados Unidos, sob a lideran�a do f�sico Lyman Briggs, um dos precursores do Projeto Manhattan, respons�vel pelo desenvolvimento da bomba at�mica norte-americana. Cita que entre integrantes da miss�o estavam oficiais que j� tinham prestado servi�o em frentes de combate na China, �ndia, Europa, Norte da �frica e ilhas do Pac�fico. No entanto, em nenhum momento, a National Geographic fez qualquer men��o alus�o aos objetivos militares da expedi��o, mantidos durante muito tempo em um projeto secreto do Governo dos EUA, revelados agora, 70 anos do eclipse, pelo do Estado de Minas.

Entre outros aspectos, a National Geographic relatou ter chegado a Bocaiuva uma “avan�ada delega��o”, contando com cientistas de seis diferentes institui��es, que “sob os ausp�cios da sociedade americana, estavam construindo complicados instrumentos, testando c�meras e fazendo c�lculos precisos em seus cadernos”. Tamb�m destacou o grande aparato do grupamento: 75 toneladas de equipamentos e suplemento. Al�m de colch�es, medicamentos, cobertores e aparelhos de observa��o e medi��o, trouxeram r�dios, geradores el�tricos e purificadores de �gua, “inova��es” para a regi�o.

A publica��o americana relatou como era a rotina no acampamento e detalhou como foi aquele 20 de maio de 1947, quando “o c�u amanheceu brilhante e claro”. Tamb�m informou que no acampamento, por meio de um alto-falante, houve uma contagem regressiva para o eclipse total do sol. De acordo com a discri��o de F. Barrows Colton, exatamente �s 9h34min, a “grande sombra” atravessou c�u rapidamente, cobrindo inteiramente a luz do Sol.


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