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Estado de Minas

Servidores denunciam agress�es e amea�as em centros de sa�de de BH

Vulnerabilidade dos postos, que est�o sem porteiros, e aus�ncia da Guarda Municipal nesses lugares s�o apontados como motivos dos problemas


postado em 26/05/2017 06:00 / atualizado em 26/05/2017 08:00

Funcionários reclamam de insegurança, com ataques e ameaças(foto: Clovelino Maia/EM/D.A PRESS)
Funcion�rios reclamam de inseguran�a, com ataques e amea�as (foto: Clovelino Maia/EM/D.A PRESS)
Uma rotina de agress�es f�sicas e verbais, amea�as com armas de fogo, roubos, furtos e arrombamentos. Cenas que est�o se intensificando dentro de unidades de sa�de de Belo Horizonte, conforme den�ncia feita ontem por servidores municipais durante mobiliza��o em frente � secretaria municipal da �rea.

O motivo seria a vulnerabilidade a que esses locais ficaram expostos depois da demiss�o dos porteiros dos 153 centros de sa�de, na gest�o passada, e da aus�ncia da Guarda Municipal, que desde meados de janeiro n�o mant�m efetivo nesses locais. O munic�pio reconhece o problema, mas alega dificuldades financeiras para recontrata��o de pessoal. A decis�o, segundo o secret�rio Jackson Machado Pinto, est� na mesa do prefeito Alexandre Kalil.


O Sindicato dos Servidores P�blicos Municipais de Belo Horizonte (Sindibel) decidiu dar mais tempo ao prefeito, na expectativa de que pelo menos a recontrata��o de porteiros seja autorizada. “As portas dos centros de sa�de est�o, literalmente, abertas. Eles ajudavam a conduzir o fluxo dos atendimentos e a conter viol�ncia e agress�es”, afirma a diretora de Sa�de do Sindibel, �ngela de Assis.

Outra dirigente sindical, Isabel Cristina da Cruz, diz que a viol�ncia se estende tamb�m �s unidades de pronto-atendimento (UPAs). “Na UPA Oeste, onde trabalho, roubaram o carro de uma m�dica e o celular da gerente dentro da sala dela, porque n�o tem porteiro nem guarda. Com os problemas em hospitais como a Santa Casa, as unidades est�o ficando lotadas e os pacientes acham que a culpa � do trabalhador. Estamos vivendo o caos, somos amea�ados de morte todos os dias”, relata.

Servidora da �rea administrativa do Centro de Sa�de S�o Francisco, no bairro hom�nimo, na Pampulha, Lourdes Diana afirma que a unidade, inaugurada h� um ano apenas, j� colecionou 10 boletins de ocorr�ncia. “De duas a tr�s vezes que me ligaram de madrugada por causa de arrombamento, fui ver o que ocorria. Isso n�o � tarefa de funcion�rio, muito menos abrir e fechar a unidade. N�o � mais poss�vel trabalhar assim”, conta, emocionada.

O secret�rio-geral do Sindicato dos M�dicos, Andr� Cristiano dos Santos, diz que o momento � de estabelecer prioridades. “Seguran�a � fundamental para os trabalhadores e para os pacientes. Estamos fazendo den�ncia ao Minist�rio P�blico e discutindo a quest�o com a prefeitura em diversos f�runs. Esperamos uma resposta”, diz. “Nosso medo � que acabe morrendo um funcion�rio ou um usu�rio numa unidade de sa�de por causa da viol�ncia. Ser� preciso esperar isso ocorrer para se tomar uma atitude?”, questiona.

O secret�rio Jackson Machado Pinto informou que houve redu��o na quantidade de ocorr�ncias de janeiro a abril, na compara��o com o mesmo per�odo do ano passado, mas n�o revelou os n�meros. Na opini�o do secret�rio, a diminui��o se deve � melhora no atendimento e na distribui��o de medicamentos. Dados do Sindibel, no entanto, mostram um quadro oposto: enquanto em 2016 foram registrados quatro casos de viol�ncia, nos primeiros meses deste ano j� foram 33.

O secret�rio informou que o impacto da folha de pagamento dos porteiros das unidades de sa�de nos cofres municipais � de R$ 16 milh�es. “Ou p�e porteiro ou m�dico. Vai ter que demitir enfermeiro, t�cnico em enfermagem, assistente social, psic�logo, dentista se contratar porteiro”, avisa. Segundo ele, essa decis�o cabe exclusivamente ao prefeito. “A Guarda n�o tem mais a fun��o de defesa patrimonial, ent�o, � preciso conversar com a Secretaria Municipal de Seguran�a Urbana e Patrimonial”, diz.

O gestor informou tr�s aspectos discutidos com a categoria. O primeiro � a conscientiza��o das pessoas de que precisam da unidade pr�xima e devem zelar por ela. O segundo � a instala��o de c�meras nos centros de sa�de. “Al�m de ter um custo maior, n�o garantem a seguran�a e podem ser levadas”, afirma. O terceiro � o corte de pessoal: “Para contratar seguran�a particular teria que demitir funcion�rio. O seguro que temos cobre eventuais arrombamentos”.

Depoimento


Paula Nascimento, m�dica que foi amea�ada segunda-feira passada durante atendimento no Centro de Sa�de Padre Tiago, no Bairro S�o Jos�

“Por volta das 7h20, meu consult�rio foi invadido por um homem, que exigia atendimento para seu filho de 10 anos. Ele disse: ‘Agora’.  O tamanho desse ‘agora’ n�o cabe aqui: faltam-lhe o grito, o �dio, o cuspe e o soco na mesa com os quais foi urrado na minha frente. Completou: ‘Depois sou eu’. Disse que seria atendido, pois tinha um rev�lver. Atirou em cima da mesa o cart�o de vacinas da crian�a. Escarrou e cuspiu no consult�rio e no corredor. Gritou, esbravejou, exigiu e amea�ou. N�o posso dizer que eu os tenha atendimento. Prescrevi sob coa��o. Pensei em perguntar qualquer coisa �quela crian�a, saber como estava, o que ela tinha. Mas n�o me era poss�vel ser m�dica: eu precisava sobreviver. O homem me disse que n�o viria no hor�rio de atendimento da equipe, que ‘s� os bobos esperam’. Disse que eu estava ‘tirando a favela’, que o ‘funcion�rio da recep��o recebe dois R$ 2 mil tranquilo e que vai bot�-lo para para correr’. Ponderei com o paciente que ele � quem estava ‘tirando a favela’ por passar na frente de todo mundo. Fiz a receita que eles queriam e rezei para que fossem embora.”


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