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Estado de Minas

Faculdade de Odontologia da UFMG faz 110 anos lapidando a sa�de e os sorrisos

No anivers�rio de sua cria��o, Odontologia se destaca entre as melhores do pa�s. Refer�ncia internacional, mant�m seu papel social em a��es voltadas para pessoas carentes


postado em 15/06/2017 06:00 / atualizado em 15/06/2017 08:12

O prédio da Rua Guaicurus , no Centro da capital, que abrigou inicialmente a Escola Livre de Odontologia (foto: Reprodução/Beto Novaes/EM/D.A Press)
O pr�dio da Rua Guaicurus , no Centro da capital, que abrigou inicialmente a Escola Livre de Odontologia (foto: Reprodu��o/Beto Novaes/EM/D.A Press)

Uma jovem de 110 anos. Assim pode ser considerada a Faculdade de Odontologia da Universidade Federal de Minas Gerais, que iniciou nessa quarta-feira os festejos de sua cria��o, ocorrida em 1907, por sete jovens mineiros que tinham vindo para Belo Horizonte para trabalhar na nova capital. Curiosamente, nem todos eram dentistas. Na verdade, apenas tr�s: Austen Drummond, Manoel Magalh�es Penido e Fernando Carvalho Soares Brand�o – era tamb�m advogado –, que foram os tr�s primeiros profissionais dessa �rea na nova capital, chegando aqui em 1897. Os outros eram dois m�dicos, Benjamin Moss e Jos� Fernando de Barros; um farmac�utico, Ant�nio Joaquim Teixeira Duarte, e um engenheiro e advogado, Ant�nio Prado Lopes Pereira. Foi a partir do ideal deles de criar a Escola Livre de Odontologia, que nasceu a que era a quarta escola universit�ria do Brasil nesse segmento, e que hoje � refer�ncia internacional, sendo uma das tr�s maiores e melhores do pa�s, junto com a da Universidade de S�o Paulo (USP) e a da Universidade Federal do Rio Grande do Sul.


Contar a hist�ria da Faculdade de Odontologia da UFMG � falar sobre a hist�ria desse segmento no Brasil. Quando o Brasil foi descoberto, n�o existia profiss�o de dentista. O profissional que exercia essa profiss�o era, pasmem, o barbeiro. Era ele quem cuidava dos dentes dos pacientes, na verdade, os arrancava. E a chegada dos barbeiros ao Brasil se deve � vinda da fam�lia real para o pa�s, em 1808.

Nessa �poca, em Portugal, j� existia o segmento de odontologia, como parte da medicina e da farm�cia. De ano em ano – �s vezes at� mesmo de dois em dois –, um cirurgi�o-dentista que atuava em Portugal vinha ao Brasil para inspecionar as tais barbearias e renovar as licen�as dos profissionais. A chegada da fam�lia real � Bahia fez com que surgisse l� a primeira escola livre da profiss�o. N�o existiam ainda as universidades federais. Com sua mudan�a para o Rio de Janeiro, instalou-se l� a segunda escola. Mas foi somente por meio de um decreto assinado pelo imperador D. Pedro II, em 1884, que a odontologia se tornaria independente da medicina e da farm�cia (leia texto nesta p�gina).

Anos depois, surgia a terceira escola de odontologia, em Juiz de Fora. E com a cria��o da nova capital mineira, os ent�o fundadores passaram a sonhar com a possibilidade da cria��o de uma faculdade igual em Belo Horizonte.

O professor Marcelo, descendente de Austen Drummond, ao lado da primeira cadeira de dentista acionada por pedal(foto: Beto Novaes/EM/D.A Press)
O professor Marcelo, descendente de Austen Drummond, ao lado da primeira cadeira de dentista acionada por pedal (foto: Beto Novaes/EM/D.A Press)
Pois Austen, Manoel Penido, Fernando Brand�o, Moss, Jos� Fernando de Barros, Ant�nio Duarte e Ant�nio Prado passaram a se reunir e a trabalhar nesse sentido. No ano de 1907, com o plano elaborado, era preciso conseguir a autoriza��o do governo federal para a cria��o da nova escola. Austen e Jos� Fernando foram os escolhidos para irem � ent�o capital federal, para a aprova��o e registro.

Os dois seguiram viagem, a cavalo, obtendo a aprova��o do projeto. No retorno a BH, a comemora��o e a cria��o oficial, datada de 3 de fevereiro de 1907. A primeira sede da Escola Livre de Odontologia foi na Rua Guicurus, no Centro, onde mais tarde viria a ser constru�do o pr�dio da Escola de Engenharia da UFMG, hoje abandonado. Em 1913, a sede mudaria para a Pra�a da Liberdade, onde � hoje o Palacete Dantas.

Em 1917, a terceira sede, na Rua Timbiras, 1.497, onde funciona uma escola da PBH. Dois anos mais tarde, a mudan�a da escola para a Rua da Bahia. A quinta mudan�a ocorreria em 1927, para a Rua Thomas Gonzaga, esquina com a Pra�a da Liberdade. Somente em 1953, a chegada a um pr�dio pr�prio, na Cidade Jardim, que est� desocupado e desativado desde 2000, quando a faculdade se mudou para o C�mpus Pampulha da UFMG.

OP��ES Simone Dutra Lucas, de 55 anos, e Cl�udia Felipe, de 49, professoras e coordenadoras das comemora��es dos 110 anos, contam a evolu��o da escola durante os anos. A odontologia brasileira recebia uma forte influ�ncia da francesa. Mas isso mudaria ao longo dos anos, o que fez crescer a import�ncia de trabalhos e profissionais brasileiros e a Faculdade de Odontologia da UFMG tem participa��o direta sobre isso.

“Aos poucos, a nossa odontologia passou a seguir a norte-americana, uma das que mais havia evolu�do em meados do s�culo XX, a ponto de termos hoje um contato direto com os EUA, seja na forma��o de profissionais seja na pesquisa. � comum, por exemplo, termos estudantes que come�am uma p�s-gradua��o aqui, v�o para os Estados Unidos e retornam para concluir a p�s”, conta Simone.

Os fundadores: Fernando Brandão e Benjamin Moss (em pé), Antônio Duarte (E), Antônio Pereira, Austen Drummond, Manoel Penido e José Fernandes de Barros(foto: Reprodução/Beto Novaes/EM/D.A Press)
Os fundadores: Fernando Brand�o e Benjamin Moss (em p�), Ant�nio Duarte (E), Ant�nio Pereira, Austen Drummond, Manoel Penido e Jos� Fernandes de Barros (foto: Reprodu��o/Beto Novaes/EM/D.A Press)


PROJETOS SOCIAIS A Faculdade de Odontologia da UFMG tem projetos peri�dicos em andamento, todos visando ajudar a sociedade, em especial as pessoas carentes, conta Marcelo Drummond Naves que cita dois em hospitais da capital, Sofia Feldman e Odilon Behrens. No primeiro, “Doen�as Peridentais em Gr�vidas”. No segundo, “Les�o de Boca e Estomatologia”. Um terceiro projeto, realizado na faculdade, que tem gabinetes abertos � popula��o em geral, um conv�nio com o SUS. “Cirurgia e Traumatologia Maxilofacial”. “Em todos esses casos, existem consequ�ncias dent�rias. � assim tamb�m com outro projeto, de “Pacientes Transplantados”, de qualquer �rg�o, especialmente de rins, cujo reflexo imediato � nos dentes, na boca”, diz Marcelo. A universidade faz ainda um projeto de “Internamento Rural”, destinado ao campo mineiro.

HIST�RIAS No pr�dio da Faculdade de Odontologia h� hoje um minimuseu, que registra equipamentos usados pelos dentistas mineiros desde sua funda��o. L� est�o, al�m do quadro que registra a reuni�o dos sete fundadores, quando da cria��o da escola, muitos equipamentos.

Alguns chamam a aten��o, como por exemplo, uma cadeira de dentista port�til, que segundo Simone Dutra e Cl�udia Felipe era levada por Austen quando viajava para congressos no Rio de Janeiro. “Ele seguia em lombo de burro, atendendo quem precisava de ajuda pelo caminho. Era assim que conseguia dinheiro para participar dos eventos”, contam.

Simone ressalta tamb�m a import�ncia de Tiradentes para a profiss�o no Brasil. “Ningu�m fala sobre o assunto, mas Tiradentes foi o primeiro dentista do Brasil a fazer implante. Essa parte da nossa hist�ria est� oculta, mas registrada aqui na faculdade.”

 

SAIBA MAIS
Reforma Sab�ia

O ano de 1884 marcou a cria��o oficial do Curso de Odontologia nas Faculdades de Medicina da Bahia e do Rio de Janeiro, atrav�s do Decreto 9.311, promulgado pelo imperador D. Pedro II, em 25 de outubro, data que transformada no “Dia do Cirurgi�o-Dentista Brasileiro”. Com a colabora��o do ent�o diretor da Faculdade de Medicina do Rio, Vicente C�ndido Figueira de Sab�ia, os Estatutos das Faculdades de Medicina do Imp�rio foram alterados dando independ�ncia � odontologia. No decreto constava, pela primeira vez, que o segmento formaria um curso anexo, al�m dos de Farm�cia e de Obstetr�cia e Ginecologia. A mudan�a deu grande impulso � odontologia moderna, com o aprimoramento do ensino e da tecnologia.

 

Gera��es de dentistas

Professor da Faculdade de Odontologia, Marcelo Drummond Naves, de 57 anos, � bisneto direto de um dos fundadores, de Austen Drummond. Ele guarda com carinho o certificado de participa��o do antepassado num congresso latino-americano no Rio de Janeiro, assim como um diploma de um formando de 1949, Dr. Olavo Machado Brand�o, que ficou esquecido na escola, feito em pele de carneiro. Lembra tamb�m a tradi��o de fam�lia. “O pai de meu bisav�, Izidro, tamb�m era dentista. S�o seis gera��es de dentistas, pois meu av�, Vitor Drummond, era dentista. Na gera��o seguinte meu pai, Z� Milton Naves, tamb�m. N�o era filho, mas genro do Vitor. Depois venho eu e agora tem a ca�ula, Raphaela Drummond. Tem sempre algu�m, um por gera��o.”


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