Veja detalhes da corrup��o praticada por policiais da PRF presos no Tri�ngulo Mineiro

Ainda que trouxesse inseguran�a para motoristas e acelerasse a deteriora��o das estradas, a situa��o irregular de ve�culos que trafegavam pelas rodovias do Tri�ngulo Mineiro vinha sendo ignorada h� 10 anos em troca de propina cobrada por agentes da Pol�cia Rodovi�ria Federal (PRF). Foi o que mostrou a Opera��o Domiciano, deflagrada na manh� de ontem nas cidades de Araguari, Can�polis, Centralina, Itumbiara, Monte Alegre e Uberl�ndia, al�m de Delfin�polis, no Sul de Minas, que terminou com a pris�o de 15 agentes da PRF e de quatro empres�rios da regi�o. As investiga��es pela Corregedoria da PRF, iniciadas ap�s den�ncias de usu�rios das rodovias, come�aram em janeiro de 2016.

A a��o de ontem contou com a participa��o de 140 agentes da corpora��o, 60 policiais federais e sete auditores da Controladoria-Geral da Uni�o (CGU). Foram tamb�m cumpridos 33 mandados de busca e apreens�o. Segundo o superintendente da PRF em Minas Gerais, Rafael de Brito Aquino, os policiais presos eram respons�veis por monitorar as BRs 050, 135 e 365. “N�o foi identificada uma a��o coordenada, de quadrilha, mas sim uma conduta individual inadequada de cada um desses agentes”, disse.

Os nomes dos presos n�o foram divulgados. As investiga��es constataram que os agentes cobravam propina de motoristas com ve�culos em condi��es irregulares para liberar a passagem por blitzes sem a aplica��o de multas ou san��es administrativas. “Eles estavam agindo em todas as oportunidades de obten��o de lucro. Temos relatos de testemunhas que denunciavam esses atos h� mais de 10 anos e que foram confirmados agora com as investiga��es. Os policiais trabalhavam sozinhos e praticavam os atos sempre que vislumbravam uma chance de obter rendas il�citas. Para se ter uma ideia, um agente sozinho foi flagrado mais de 20 vezes negociando �s margens das rodovias”, conta o delegado Carlos Henrique Cotta D�ngelo, da Pol�cia Federal em Uberl�ndia.

Os policiais corruptos lucravam mesmo quando o motorista se recusava a pagar propina. De acordo com as investiga��es, quando o ve�culo infrator era parado, acabava sendo direcionado a p�tios de recolhimento privilegiados pelos agentes em troca de “comiss�o”. Outro crime cometido era o recebimento de propina de empres�rios da regi�o para liberar ve�culos que trafegavam com carga acima do limite permitido nas rodovias ou com outras irregularidades. “Flagramos v�rios ve�culos de transporte de m�quinas agr�colas e de empresas de log�stica trafegando em locais proibidos nas estradas. Os empres�rios pagavam aos policiais para que eles permitissem a circula��o. Temos ind�cios de recebimento de verba il�cita tamb�m de caminhoneiros e �nibus irregulares, al�m de motoristas que estavam com habilita��o suspensa e pagavam para ser liberados”, disse D�ngelo.

De acordo com o superintendente da PRF em Minas Gerais, Rafael Aquino, situa��es como excesso de peso eram permitidas em nome do enriquecimento il�cito dos agentes. “Empres�rios que teriam de cumprir tr�s viagens para levar uma determinada carga pagavam aos policiais para ultrapassar o limite de peso permitido e fazer apenas uma viagem. Isso acelera a deteriora��o das rodovias e traz riscos de acidentes para os demais usu�rios”, ressalta. “Policiais foram direcionados de outras regi�es para guarnecer os postos dos agentes presos. Esse � um tipo de desvio de conduta que a corpora��o n�o admite”, reiterou.

“Foram aproximadamente sete meses de investiga��o depois que a Corregedoria da PRF em Belo Horizonte nos procurou dizendo que eram muitas as informa��es dando conta de que haveria problemas nas rodovias de acesso a Uberl�ndia. Trabalhamos juntos, investigamos e entregamos o inqu�rito ao Judici�rio”, afirma o delegado. A CGU participou da an�lise das movimenta��es financeiras e evolu��o patrimonial dos envolvidos, al�m de fornecer os levantamentos de ind�cios de corrup��o administrativa.

Os presos foram encaminhados � Delegacia da Pol�cia Federal em Uberl�ndia e ser�o indiciados, segundo a corpora��o, pelos crimes de corrup��o passiva e associa��o criminosa, podendo cumprir pena de at� 15 anos de pris�o. O delegado Carlos Henrique Cotta D�ngelo afirmou que as investiga��es v�o seguir e podem atingir tamb�m funcion�rios de concession�rias respons�veis por rodovias. O chefe da corpora��o em Uberl�ndia considera a hip�tese de que a opera��o ainda prenda outros policiais e empres�rios.

* Estagi�rio sob supervis�o do editor Andr� Garcia

Enquanto isso...motorista de 18 anos � preso em �nibus gen�rico

A��o conjunta entre a Pol�cia Rodovi�ria Federal (PRF) e fiscais da Ag�ncia Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) apreendeu ontem um �nibus clandestino que era dirigido por um rapaz de 18 anos em Pouso Alegre, no Sul de Minas. O condutor foi detido. Outras irregularidades, como para-brisa quebrado e at� uma moto sendo transportada no bagageiro, foram encontradas. De acordo com a PRF, o ve�culo foi abordado quando seguia de S�o Paulo em dire��o ao interior da Bahia. Na segunda-feira, acidente com um coletivo irregular que tamb�m fazia a rota entre os dois estados terminou com 11 pessoas mortas e 20 feridas em Salinas, Norte de Minas.