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Estado de Minas

Seca e despejo ilegal de res�duos transformam afluente do Rio das Velhas em canal de esgoto

Descarga de esta��o de tratamento de esgoto em afluente do Rio das Velhas em Curvelo levanta suspeita sobre capacidade de unidade da Copasa. Concession�ria culpa lan�amentos clandestinos


postado em 30/06/2017 06:00 / atualizado em 30/06/2017 11:09

Manilha da concessionária de saneamento despeja volume quase três vezes maior que o do leito, que ganha espuma e mau cheiro(foto: Jair Amaral/EM/DA Press)
Manilha da concession�ria de saneamento despeja volume quase tr�s vezes maior que o do leito, que ganha espuma e mau cheiro (foto: Jair Amaral/EM/DA Press)
Curvelo – O ingresso de res�duos qu�micos de ind�strias e pontos de com�rcio no esgoto dom�stico e o volume 17 vezes menor do Ribeir�o Santo Ant�nio, que de 500 litros por segundo passou a uma vaz�o de 30l/s, resultaram em uma devasta��o que praticamente tornou o afluente do Rio das Velhas um canal de dejetos. Isso ocorre justamente no ponto da esta��o de tratamento de esgotos (ETE) de Curvelo, na Regi�o Central de Minas, onde desemboca a tubula��o do material tratado e devolvido ao leito. A ETE operada pela Copasa foi projetada para trabalhar com o volume normal do ribeir�o, o que possibilitaria a dissolu��o dos lan�amentos, mas, segundo a companhia admite, isso n�o tem ocorrido devido � seca e � polui��o que o Santo Ant�nio recebe clandestinamente na cidade da Regi�o Central.

A Copasa garante que atende a todos os par�metros exigidos pela legisla��o ambiental. J� ambientalistas e moradores da regi�o desconfiam que a ETE n�o esteja conseguindo tratar com efici�ncia os esgotos que recebe e os esteja despejando de forma a contaminar o ribeir�o, apenas 23 dias depois de a concession�ria de saneamento assinar um termo de compromisso pela revitaliza��o do Rio das Velhas com �rg�os ambientais, prefeituras e o comit� da bacia hidrogr�fica (CBH-Rio das Velhas). Duas ocorr�ncias policias foram lavradas com essas den�ncias.

A ETE de Curvelo � operada pela Copasa desde 2011 e, segundo informa��es de seu licenciamento na Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustent�vel (Semad), deveria tratar o esgoto produzido pelos 79,5 mil habitantes de Curvelo. A equipe de reportagem do Estado de Minas seguiu a tubula��o de efluentes que deixa as instala��es da ETE e atravessa um pasto por cerca de 180 metros. No fim do encanamento, com manilhas t�o grandes que facilmente comportariam um adulto, jorra �gua que tem aspecto e cheiro de esgoto. A quantidade injetada � t�o grande e intensa que supera o volume do pequeno ribeir�o. Os 80l/s despejados pela manilha da Copasa representam quase tr�s vezes a vaz�o atual do curso d’agua, que passa a ser essencialmente uma continua��o da ETE. O cheiro de esgoto � t�o forte que pode ser percebido 30 metros antes de se chegar ao leito, antes mesmo de sua pequena mata ciliar.

O ponto onde o efluente encontra a �gua do ribeir�o � tomado por uma espuma densa, que se alastra acima e abaixo do curso, tornando as �guas cinzentas e contaminadas. A presen�a de lixo ali tamb�m � intensa, representada sobretudo pela grande quantidade de embalagens pl�sticas e garras PET flutuando. De acordo com o gerente do distrito regional de Curvelo da Copasa, Daniel de Lima Aguiar, a espuma que se amontoa a quase um palmo acima do l�quido � o resultado do descarte irregular de qu�micos na rede de esgoto dom�stico. “Temos oficinas, lava-jatos e outras ind�strias e pontos de com�rcio que n�o fazem tratamento preliminar de seus res�duos qu�micos, lan�ando tudo na rede dom�stica. As ETEs s�o feitas para tratar esgoto dom�sticos, e por isso n�o conseguem processar esse tipo de res�duo”, argumenta. J� o forte odor, segundo o gerente, � proveniente dos gases gerados pelo esgoto e tem sido alvo de algumas a��es para redu��o.

ANORMALIDADE Quem conhece o local afirma que o l�quido f�tido que jorra da tubula��o parece estar mais escuro que o normal. “N�o era cinza assim essa �gua que sa�a da tubula��o da ETE. Alguma coisa est� acontecendo, porque o rio (ribeir�o) n�o ficava polu�do assim depois que a �gua da esta��o ca�a nele. Olha s� esta espuma toda e essa cor escura da �gua, parece at� que est� saindo esgoto puro (do encanamento)”, disse o lavrador Ant�nio Nonato Bezerra dos Santos, de 42 anos, que trabalha numa das propriedades rurais pr�ximas. O aposentado Pedro Raimundo de Paula, de 63, constata que o ribeir�o est� muito vazio e polu�do. “Nunca tinha visto essa situa��o. Esse ribeir�o tinha muita �gua chegando ao Rio das Velhas; hoje at� parece que o Rio das Velhas � que est� subindo pelo Santo Ant�nio. Nunca vi t�o sujo assim, nem piaba vive nessa condi��o”, criticou.

O presidente do CBH-Rio das Velhas, Marcus Vin�cius Polignano, v� a situa��o com preocupa��o e cobra uma resposta da Copasa. “Essa degrada��o n�o pode ficar assim. O ribeir�o n�o tem mais a capacidade de depura��o de antes e com isso todo o seu curso vai sendo contaminado. Isso chega ao Rio das Velhas e precisa ser revisto, bem como a Copasa deve esclarecer se a ETE est� conseguindo cumprir o seu papel, pois aparentemente n�o est�”, afirma Polignano. O presidente do CBH-Rio das Velhas tamb�m cobra uma a��o mais en�rgica das autoridades ambientais. “Os �rg�os de licenciamento precisam avaliar a situa��o. Tem de haver uma fiscaliza��o para avaliar o que est� ocorrendo, pois isso com certeza afeta o Rio das Velhas e a comunidade da bacia”, disse.

De acordo com a Semad, duas ocorr�ncias j� foram lavradas a respeito de den�ncias de que a ETE n�o vem tratando todo o esgoto que recebe. Na �ltima delas, o denunciante chega a dizer que testemunhou lan�amentos pontuais de esgoto sem tratamento pela tubula��o, em hor�rio noturno, o que n�o foi comprovado. Segundo a secretaria, a demanda j� foi encaminhada para a Superintend�ncia Regional Central Metropolitana (Supram) para provid�ncias.


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